A nutrição é um dos fatores determinantes para garantir o crescimento e o desenvolvimento adequados das crianças, de forma que elas atinjam todo seu potencial genético.
Especialmente nos dois primeiros anos, a nutrição traz impactos que serão sentidos ao longo de toda a vida, já que interfere no risco de doenças crônicas que podem aparecer no futuro.
E, segundo pesquisas mais recentes, as repercussões podem aparecer até na saúde das próximas gerações.
É também na primeira infância que se determina a composição da microbiota intestinal, que são as bactérias que moram no intestino e atuam na digestão e na defesa do organismo.
Por essas e outras, os primeiros anos de vida são considerados, em muitos aspectos, como uma janela de oportunidades para a proteção da saúde e a prevenção de doenças.
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Nessa fase, ainda formamos a base do comportamento alimentar e toda a orientação para essa faixa etária é pautada em diretrizes nacionais e internacionais que nos dão subsídios para as melhores práticas.
A construção do hábito alimentar é complexa e depende de fatores individuais e do ambiente, incluindo questões socioeconômicas e culturais.
Entretanto, há evidências de que algumas medidas relativamente simples podem ser bastante eficazes para a promoção da saúde desde as primeiras experiências alimentares.
Aqui vamos elencar oito delas. Acompanhe:
1. Apostar no aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de vida e manter a amamentação até os 2 anos (ou mais)
O leite materno é único e inigualável. É o alimento ideal por ser totalmente adaptado às necessidades dos bebês nos primeiros anos de vida.
Durante os seis primeiros meses, a amamentação irá garantir que o crescimento e desenvolvimento da criança sejam adequados.
Além disso, vai proporcionar proteção contra infecções e alergias e estimular a maturação dos sistemas imunológico, digestório e neurológico.
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2. Iniciar a alimentação complementar aos 6 meses
O processo de introdução de sólidos deve ocorrer quando o bebê estiver apto para desenvolver todas as habilidades necessárias ao ato de comer e para tolerar e aproveitar o alimento e seus nutrientes.
Essa prontidão física, neurológica e imunológica ocorre por volta dos 6 meses, marco delimitado pela Organização Mundial da Saúde.
Os principais sinais dessa prontidão são: sentar, sustentar a cabeça e levar objetos à boca.
3. Evitar açúcar nos primeiros dois anos de vida
Criança não precisa de açúcar, já que ele não entrega nenhum nutriente relevante para a saúde.
Fora que os produtos com alto teor de a açúcar estão associados a um padrão alimentar de baixa qualidade nutricional, que pode levar ao ganho de peso excessivo e ao aparecimento de cáries.
O sabor mais intenso dos doces pode atrapalhar o desenvolvimento do paladar e, aí, alimentos com nuances mais delicadas, como frutas e vegetais, acabam parecendo mais desinteressantes.
Os doces têm uma representação cultural de afeto. Por isso, oferecê-lo a criança pode ser mais uma necessidade do adulto do que uma demanda real dos pequenos.
4. Priorizar a água em vez de suco
Mais da metade do nosso corpo é feito de água. A criança precisa aprender, desde cedo, que beber água é um hábito importante – isso contribui para o funcionamento do intestino e do metabolismo como um todo.
Ao consumir suco, mesmo que natural, condicionamos a criança ao líquido com sabor (e com açúcar).
Além disso, as fibras são perdidas no suco, e não há estímulo para a mastigação, que é importante para o desenvolvimento da musculatura da face.
5. Ofertar cinco vegetais e frutas por dia
Se a dieta da criança for rica em frutas e vegetais, conseguimos aportar a quantidade ideal de fibras e uma boa variedade de compostos bioativos importantes para a promoção da saúde.
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6. Evitar a monotonia
Cuidado para não pautar a oferta de acordo com o “gosto” ou “não gosto” da criançada.
O paladar se forma com o tempo e é preciso familiaridade com os diversos aromas, sabores e texturas.
Por isso, sempre recomendo a oferta sistemática dos alimentos consumidos pela família.
E se a dieta da família estiver monótona, a chegada de uma criança é uma boa oportunidade para rever e ampliar o repertório alimentar.
7. Priorizar alimentos in natura e minimamente processados
A base da alimentação da criança deve ser composta por cereais, grãos, frutas, vegetais, carnes, ovo e lácteos.
Os alimentos industrializados hiperpalatáveis, ricos em açúcar, sódio e gordura, estão associados ao aumento do risco de várias doenças crônicas e podem interferir negativamente na formação do paladar.
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8. Não forçar, não distrair e não negociar
O hábito alimentar, estabelecido nos primeiros anos, repercute nas práticas alimentares ao longo da vida.
A disponibilidade de alimentos saudáveis, a limitação das telas, a companhia durante as refeições, além do local e do número de refeições diárias interferem nas escolhas alimentares da criança.
A nossa relação com a comida molda-se com o tempo e, desde as primeiras experiências, a família tem um papel central nessa construção.
Afinal, são os adultos que decidem o que adquirir, como preparar, como ofertar e, não menos importante, definem o tom das emoções durante as refeições.