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Garantir saúde, carinho e bem-estar na infância. Esse é o objetivo de cada linha escrita por Kelly Oliveira, pediatra e consultora internacional de amamentação.

Depressão perinatal: o elefante na sala das famílias

Nem todas as mulheres vivenciam a maternidade com a plenitude que se espera socialmente. E elas precisam ser acolhidas, não julgadas

Por Kelly Oliveira
17 nov 2024, 08h00
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A depressão pode aparecer no primeiro mês de vida da criança e até um ano depois. (Ilustração: Helena Sbeghen/SAÚDE é Vital)
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A maternidade é uma experiência transformadora, envolta em momentos de grande felicidade, mas também de desafios inesperados. Entre o cansaço físico, as mudanças hormonais e a adaptação a um novo papel, muitas mães passam por dificuldades emocionais que  podem ser invisíveis para os outros, mas extremamente presentes para elas.

Hoje, quero trazer à tona um tema de extrema importância: a depressão perinatal, e por que é fundamental falarmos sobre ela.

O que é depressão perinatal?

A depressão perinatal envolve distúrbios emocionais que podem ocorrer durante a gestação (depressão pré-natal) ou no primeiro ano após o parto (depressão pós-parto). É importante diferenciar essa condição de outros transtornos emocionais que também podem ocorrer nesse período, como o blues puerperal e a psicose puerperal.

Também conhecido como baby blues, é uma condição comum, afetando entre 60% a 80% das mulheres nos primeiros dias após o parto. Ele se caracteriza por uma sensação de tristeza, choro fácil, irritabilidade e ansiedade.

O blues puerperal é geralmente de curta duração, com os sintomas desaparecendo em até duas semanas. Apesar de desconfortável, essa condição é considerada uma resposta fisiológica normal às rápidas mudanças hormonais e ao estresse físico do pós-parto. As mães que passam por isso podem se sentir vulneráveis, mas não precisam de tratamento clínico para se recuperar.

+Leia também: Precisamos falar sobre depressão pós-parto

Já a depressão perinatal é uma condição mais grave, afetando cerca de 10% a 20% das mulheres. Ao contrário da situação anterior, que é temporária e autolimitada, que pode durar meses e requer tratamento especializado.

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Estudos, como os conduzidos pela American Psychological Association, indicam que a depressão perinatal pode afetar o vínculo mãe-bebê e ter consequências a longo prazo no desenvolvimento emocional e cognitivo da criança.

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Psicose puerperal: uma emergência médica

A psicose puerperal, por outro lado, é uma condição rara, afetando 0,1% a 0,2% das mulheres após o parto, mas extremamente grave. Essa condição é uma emergência médica e inclui sintomas como alucinações, delírios, agitação severa, comportamentos erráticos e, em alguns casos, pensamentos suicidas ou homicidas.

Diferentemente do blues puerperal e da depressão, que podem ser manejados com apoio e tratamento especializado, a psicose puerperal requer intervenção imediata e, muitas vezes, hospitalização.

Comparando as condições

Aprenda as principais diferenças entre elas.

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Prevalência 
Blues puerperal: 60% a 80%
Depressão perinatal: 10% a 20%
Psicose puerperal: 0,1% a 0,2%

Início  
Blues puerperal: 3 a 10 dias após o parto
Depressão perinatal: Durante a gestação ou até um ano após o parto
Psicose puerperal: Primeiras semanas após o parto

Duração
Blues puerperal: Dias a poucas semanas
Depressão perinatal: Meses, e não melhora sem tratamento
Psicose puerperal: Emergência médica, pode durar semanas

Sintomas principais
Blues puerperal:

– Tristeza
– Choro fácil
Ansiedade
– Irritabilidade
– Alterações de humor
– Cansaço extremo
– Dificuldade de concentração

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Depressão perinatal:

– Tristeza profunda
Perda de interesse em atividades
– Irritabilidade constante
– Dificuldade de se conectar com o bebê
Insônia ou sono excessivo
– Culpa e sentimentos de fracasso
– Pensamentos de autolesão

Psicose puerperal:

– Alucinações e delírios
– Confusão e agitação
– Pensamentos suicidas ou violentos
– Comportamentos perigosos
– Mudanças rápidas de humor
– Desorientação
– Necessidade de intervenção médica imediata

Como suspeitar? Quando procurar ajuda?

A linha entre o que é considerado normal e o que exige intervenção pode ser difícil de discernir. É por isso que é essencial que os sinais de depressão e psicose sejam amplamente divulgados e compreendidos, não apenas pelas mães, mas também por seus parceiros, familiares e profissionais de saúde.

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Se os sentimentos de tristeza, desesperança ou cansaço excessivo persistirem por mais de duas semanas e interferirem nas atividades diárias, nos cuidados com o bebê ou na saúde mental da mãe, é hora de buscar ajuda. A depressão perinatal não é uma fraqueza ou uma falha, e sim uma condição médica, que pode e deve ser tratada.

Procure profissionais especializados, como psicólogos, psiquiatras, obstetras e pediatras, que possam oferecer o suporte necessário.

A maternidade é um período de grande transformação, e a pressão para ser a “mãe perfeita” traz uma carga emocional enorme. Muitas mães sentem vergonha ou culpa por não estarem à altura das expectativas e acabam sofrendo em silêncio. No entanto, quando falamos abertamente sobre o tema, criamos um espaço de acolhimento e compreensão.

Além disso, estudos mostram que uma mãe mentalmente saudável é um pilar essencial para o desenvolvimento saudável do bebê. O apoio adequado durante esse período pode evitar complicações futuras, tanto para a mãe quanto para a criança.

+Leia tambémCuidar da saúde mental das gestantes é investir no futuro

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Importância do diagnóstico precoce e tratamento

Detectar o problema cedo faz toda a diferença. O tratamento adequado pode incluir terapia cognitivo-comportamental, medicação, suporte familiar e grupos de apoio. A combinação desses métodos tem se mostrado eficaz em aliviar os sintomas e ajudar as mães a retomarem suas vidas com mais tranquilidade.

Se você está passando por um momento difícil ou conhece alguém que está, saiba que não está sozinha. A maternidade é um caminho lindo, mas também cheio de desafios, e pedir ajuda é um ato de coragem e amor por você e pelo seu bebê. Seja gentil consigo mesma. E lembre-se, cuidar de você é cuidar do seu filho.

Acolha seus sentimentos, busque ajuda quando precisar e saiba que você está fazendo o seu melhor.

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