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O neurologista e pesquisador Wyllians Borelli, coordenador do Centro de Memória do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, compartilha os progressos e os desafios para preservar a saúde cerebral e se proteger de Alzheimer e outras doenças

O Alzheimer pode estar começando agora, sem você perceber

Sim, você não leu errado. Depois dos 40, começam as alterações neurológicas que culminam na demência, mas dá para interferir no processo

Por Wyllians Borelli
14 ago 2025, 08h33
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Alzheimer e demência não são a mesma coisa  (Freepik/Reprodução)
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Já conversamos sobre o fato de que o esquecimento sempre deve ser um sinal de algo precisa ser investigado, pois pode indicar de depressão a doença de Alzheimer.

E nesse ponto é muito importante diferenciar o que é Alzheimer de demência. Esta é uma pergunta recorrente no consultório. De novo esse assunto? Pois é, e isso é algo que começa na sua idade. Isso mesmo: considerando que a idade média de quem nos lê é em torno de 40-60 anos, você é o principal afetado por essa informação. Calma, já explico.

A demência é uma via final, comum, de várias patologias que acontecem no cérebro ao longo de muitas décadas e que vão, lentamente, destruindo os neurônios.

O “burnout” do sistema de limpeza cerebral

Todo seu sistema nervoso está firme e forte tentando segurar a enxurrada de inflamação decorrente do sedentarismo, do uso de cigarro, do álcool (mesmo aquele do final de semana), da pressão alta que você nem sabe que tem, daquele colesterol alto que nunca foi devidamente tratado.

+Leia também: 10 fatores que pesam na prevenção da demência

Pois é, isso tudo vai progressivamente forçando nosso sistema de limpeza cerebral a fazer o seu serviço às vezes, ele tem que trabalhar por dois. Mas uma hora ele cansa, e não consegue limpar suficientemente a ponto de deixar brilhando começa a sobrar uma sujeirinha no canto da sala. Ele cansa tanto que ele não consegue mais passar pano na sala. Ele fica exausto a ponto de deixar o lixo da cozinha dias e dias. E sabemos que isso vai deixando a nossa “casa” cada vez mais suja, a ponto que uma limpeza já não é suficiente ninguém quer mais morar alí.

Isso tudo que estamos falando é o processo neurodegenerativo que culmina na doença de Alzheimer.

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Esse processo ocorre entre 20 a 30 anos antes da doença começa a aparecer por meio do esquecimento, que geralmente ocorre depois dos 65 anos. Ou seja, quando os sinais surgem, é porque a doença já está há, pelo menos, 20 anos fazendo um estrago na nossa casinha.

Mais especificamente, o processo neuroinflamatório começa na meia idade, ainda sem uma indicação clara por quê e como. Essa inflamação, hoje, já é detectável no sangue mas isso é papo para outro dia.

+Leia também: Discutindo Alzheimer com quem entende do assunto

Quando a casa cai

As alterações causadas pela neuroinflamação afetam principalmente aquelas células de suporte do cérebro, chamadas de glia. Essas células são principalmente duas: astrócito e micróglia.

Elas eram chamadas de secundárias; mas, cada vez mais, percebemos o papel fundamental delas na limpeza do nosso cérebro. Os astrócitos, por exemplo, são parte constituinte da sinapse, a forma de comunicação dos neurônios. Sem astrócito, a sinapse pode simplesmente ser destruída.

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Por outro lado, a micróglia é o policial do sistema nervoso central — à espreita, esperando qualquer coisa que possa ser uma ameaça ao cérebro.

Tanto o astrócito como a micróglia estão alí, ajeitando tudo e deixando a casa dos neurônios muito limpa. Como conversamos antes, chega um momento que elas não conseguem mais limpar da mesma forma. Então uma sujeirinha bem pegajosa chamada de beta-amiloide começa a se aglomerar. Como aquelas fitas que são difíceis de tirar, sabe?

Elas começam a se unir e formar placas que, de tão grandes, se metem no meio das sinapses e as destroem. O neurônio, que tem uma dificuldade de se comunicar com o outro neurônio, também pifa por um processo dentro dele de alguma forma, as placas amiloides começam a destruir os “ossos” desses neurônios.

Esses “ossos” dos neurônios são chamados de microtúbulos, compostos de proteína tau, que sofrem alterações estruturais e quebram, em última instância levando à implosão do neurônio. Eis então que começam os sintomas o esquecimento tem muita relação ao acúmulo desse “emaranhados neurofibrilares” que fazem o neurônio implodir.

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E o pior a proteína tau alterada passa de neurônio para neurônio, num mecanismo ainda pouco descrito. A consequência é a pior possível: o neurônio morre, o cérebro atrofia, a glia (já cansada) funciona menos. Em outras palavras: a casa cai.

É nesse momento que falamos em demência. Já imaginou quanto tempo isso fica acontecendo até que acarrete em demência? Não quero assustar, mas vamos pensar juntos… Será que isso já não está acontecendo no seu cérebro?

Mas calma, a provocação é por uma boa causa. Mais de 50% dos casos de demência podem ser evitados. Eu convido vocês a lerem os textos anteriores. Para os mais curiosos ainda, sugiro este artigo. Vamos juntos fazer esse processo parar?

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