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A repórter Larissa Beani desvenda as principais questões (e chateações) sobre a saúde da mulher

Câncer de mama: uma a cada 5 mulheres recusa ajuda com “medo de incomodar”

Não querer sobrecarregar os outros e achar que deve lidar com tudo sozinha são os principais motivos para negar auxílio

Por Larissa Beani Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 out 2025, 15h12 - Publicado em 27 out 2025, 14h53
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Uma a cada cinco pacientes com câncer de mama já recusou ajuda durante o tratamento. Medo de sobrecarregar os outros é o principal motivo (Freepik/Freepik)
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Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), mais de 73 mil mulheres serão diagnosticadas com câncer de mama em 2025. A estatística tem crescido ano a ano, gerando impactos emocionais, físicos e financeiros nas brasileiras e suas famílias — mas nem todas recebem o devido apoio para enfrentar essa fase ou, ainda, se sentem culpadas por estarem vulneráveis.

Em pesquisa realizada pelo Datafolha, a pedido da farmacêutica AstraZeneca, uma em cada cinco pacientes com câncer de mama (18%) já deixou de pedir ou até recusou ajuda de outras pessoas durante o tratamento.

O principal motivo para isso, citado por 65% das entrevistadas, foi o medo de sobrecarregar aqueles que estavam próximos delas. Quase metade (47%) também acredita que deveria dar conta da situação sozinha. Outras razões comuns para a recusa são a vergonha e o constrangimento de precisar de ajuda (40%), a sensação de se sentir incompreendida (30%) e a percepção de não ter ninguém com quem contar (21%).

Ao todo, 241 pacientes responderam, entre 22 de setembro e 10 de outubro, um formulário online a respeito de como encaravam o tratamento — 52% delas está passando por essa fase e 48% já haviam concluído as terapias.

+ Leia também: Câncer de mama: chega ao SUS medicamento que pode reduzir mortalidade em 50%

As principais dificuldades emocionais do tratamento

Entre as principais dificuldades apontadas pelas pacientes estão as emocionais. De acordo com a pesquisa, faltou apoio psicológico para boa parte delas.

Quatro em cada dez respondentes afirmaram que sentiram falta de um espaço para trocar experiências com outras mulheres que estavam passando pela mesma situação. Além disso, também fez falta ter alguém para conversar sobre medos e preocupações e ter acesso a consultas com psiquiatra ou psicólogo.

Em relação ao atendimento por profissionais da saúde, a maioria se sentiu bem acolhida ainda que hajam pontos a melhorar. As principais queixas foram a falta de clareza sobre os exames e tratamentos a serem realizados (36%) e de atenção às dúvidas e preocupações das pacientes. Um quarto delas também sentiu que suas vontades e decisões não foram ouvidas.

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“Quando uma mulher com câncer diz que quer ser ouvida, ela está pedindo mais do que atenção: está pedindo presença. E está dizendo que tem vontades e prioridades que devem contar nas decisões”, afirma a psicóloga Luciana Holtz, presidente do Oncoguia.

Para a especialista, empatia é uma competência que deve ser cultivada pelas equipes de saúde. “Instituições que investem em espaços de escuta, supervisão emocional e feedback humanizado transformam não só o cuidado, mas também a cultura das relações”, defende.

+ Leia também: Câncer de mama: amamentar protege contra tipo agressivo da doença

Finanças e trabalho em risco

Dificuldades financeiras também permeiam essa fase: 48% tiveram problemas para acessar benefícios previdenciários (como auxílio-doença ou aposentadoria) e para pagar por medicamentos e exames que não foram cobertos pelo plano de saúde.

Arcar com transporte para o tratamento, com a alimentação e com despesas básicas (como moradia) também foi um desafio para quatro em cada 10 pacientes ouvidas.

Em relação ao trabalho, 72% das mulheres estavam empregadas quando receberam o diagnóstico (52% em vaga formal). O emprego, que poderia ter sido um ponto de apoio no tratamento, foi, para muitas, uma fonte de transtornos.

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Dois terços delas afirmam que ter a oportunidade de trabalhar remotamente ou de forma híbrida teria ajudado a conciliar melhor o dia a dia do tratamento. Além disso, cerca de metade gostaria de ter tido maior flexibilidade de horários, metas e cobranças ajustadas durante o tratamento e políticas claras de atestados e faltas médicas.

Três em cada 10 brasileiras com câncer de mama afirmaram que houve sobrecarga de trabalho enquanto cuidavam da doença e que sentiram falta de uma redistribuição de tarefas.

“O acolhimento no trabalho passa por flexibilidade, respeito e diálogo. É permitir que a mulher participe, ainda que em outro ritmo. É não reduzir sua identidade ao diagnóstico”, avalia Holtz. “Políticas de saúde corporativa mais humanas, gestores sensibilizados e colegas empáticos fazem toda a diferença na forma como essa mulher se sente apoiada e valorizada.”

+ Leia também: O preconceito no mercado de trabalho diante de quem tem câncer

Apoio no dia a dia

Atividades que antes pareciam simples podem se tornar grandes desafios enquanto alguém enfrenta o câncer. É o que grande parte das pacientes com tumor relatou na pesquisa.

No dia a dia, quatro em cada 10 tiveram dificuldade em manter a casa limpa e organizada e 35% sentiram falta de apoio para preparar as refeições. Ter tempo e condições parar fazer compras no supermercado, ir na farmácia e cuidar dos filhos foram outros desafios. 

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Para ajudar a lidar com tudo isso, 60% das pacientes contaram com o apoio de seus companheiros e de seus filhos — sendo que 47% consideram os parceiros os principais cuidadores nessa fase, enquanto 18% delas receberam suporte especialmente dos rebentos.

O que pensa a rede de apoio

Outra pesquisa realizada pelo Datafolha em parceria com a AstraZeneca analisou como se sentiam os cuidadores de mulheres que têm ou tiveram câncer de mama. Ao todo, foram ouvidas 600 pessoas, entre familiares, amigos e colegas de trabalho.

O apoio emocional foi praticamente unânime entre quem cumpriu essa função. Outros tipos de ajuda prestada foram as de compreender informações sobre a doença ( 94%), apoio espiritual (87%), dar uma mão nas tarefas domésticas (86%), no transporte (85%), auxílio financeiro (67%) e cuidado com os filhos (55%).

Três quartos dos cuidadores se questionaram, em algum momento, se estavam preparados para lidar com a situação e sentiram falta de ter o apoio de outros membros da família ou amigos.

+ Leia também: Apoio é quesito fundamental na jornada de pacientes com câncer de mama

Quase oito em cada 10 cuidadores julgam que conseguiram conciliar bem as suas necessidades com a rotina de quem estava enfrentando o câncer. Ainda assim, 56% afirmam ter deixado os estudos de lado, 45% deram menos atenção à própria saúde, 39% tiveram menos tempo para o lazer e 28% trabalharam menos enquanto estava nessa função.

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Em relação ao emocional, oito a cada 10 disseram estar mais ansiosos e cansados. No total, 45% se sentiram sobrecarregados.

Para os cuidadores, o que mais falta são orientações e informações sobre como passar por essa fase da melhor forma (67%), apoio emocional (62%), suporte financeiro (57%) e atenção de profissionais de saúde (57%).

“Reconhecer e ter total consciência dos papéis e atividades envolvidas no cuidado e não viver esse momento no automático tem que ser o primeiro passo [para conciliar melhor as prioridades]“, aconselha Holtz. “Buscar apoio psicológico, participar de grupos de suporte e conversar com outras pessoas que vivem experiências semelhantes são caminhos importantes.”

 

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