“A vida não está piorando na menopausa. Acredite: está ficando melhor”
Em novo livro, ginecologista norte-americana ensina mulheres a fazerem as pazes com o climatério

Há uma década, a ginecologista americana Sheila de Liz trabalha em seu consultório e dá palestras ao redor do mundo com uma missão: ela quer que mulheres façam as pazes com a menopausa.
“Ao contrário do que muitas pensam, a vida não está piorando nessa fase. Acredite: ela está ficando muito melhor, e as mulheres precisam saber disso”, afirma a especialista em entrevista à VEJA SAÚDE.
Liz defende que o fim do período reprodutivo da mulher não precisa ser um martírio de calorões, mudanças de humor, esquecimentos, dores nas juntas e mais uma centena de sintomas que podem aparecer nessa fase.
Com acesso à informação de qualidade e baseada em evidências científicas, mulheres podem tomar decisões assertivas para enfrentar o climatério da melhor maneira possível.
Para espalhar conhecimento, a autora lança no Brasil o livro Fazendo as pazes com a menopausa (clique aqui para comprar), pela editora Sextante.
Abaixo, confira o papo com a ginecologista, que atualmente está baseada na Alemanha.
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Por que falar sobre menopausa se tornou a sua missão?
Um dos principais problemas que eu notei há alguns anos na minha clínica foi a atrofia vaginal, que surge com a queda dos hormônios femininos. E fiquei espantada ao perceber que as mulheres não tinham ideia de que isso estava acontecendo e que pode ser facilmente tratado.
É enorme a falta de conhecimento que temos sobre a nossa saúde. Não há informações suficientes circulando sobre a menopausa.
E é muito importante que as mulheres saibam que os sintomas da menopausa começam quando você ainda está menstruando. Muitas vezes as mulheres passam a ter problemas para dormir, apresentam quadros depressivos ou sentem o coração acelerar e não sabem que isso tudo pode ter a ver com as mudanças hormonais desse período.
Quando eu mesma entrei na menopausa, vi que tudo é muito, muito individual. E, ao contrário do que muitas pensam, sua vida não está piorando. Acredite: ela está ficando muito melhor, e as mulheres precisam saber disso. Essa é a minha motivação.
E é importante que as mulheres tenham acesso a médicos que saibam do que estão falando quando o assunto é menopausa.
Além de calorões e mudanças de humor, quais outros sintomas você gostaria que as mulheres estivessem atentas para perceber o início dessa fase?
Dores articulares nos dedos, joelhos, ombros… esses são sintomas muito comuns da menopausa. Também é muito importante que as mulheres cuidem da saúde dos seus ossos e da mente. É comum que ocorram falhas na memória também.
Estima-se que hajam 120 sintomas ligados a esse período — e cada mulher irá ter o seu próprio pacote individual de queixas. Elas podem incluir queda de cabeça, perda auditiva e até sensações estranhas ao engolir. É uma experiência muito individual e temos que dar atenção a ela.
+ Leia também: 7 sintomas da menopausa que podem indicar doenças, segundo médicos
O conhecimento sobre a nossa saúde está principalmente nas mãos dos médicos. Quais são as estratégias para democratizá-lo?
Isso é parte da razão pela qual eu decidi escrever o livro e também por ter escolhido encarar o assunto com uma dose de humor. Isso é muito importante para tornar a informação mais acessível.
Além de que, se nós fomos capazes de acompanhar por anos e entender uma narrativa complexa como Game of Thrones, nós conseguimos compreender também como o corpo feminino funciona — é só explicar de forma cativante!
É preciso se informar para advogar por si mesma! Isso ajuda a saber, por exemplo, quais perguntas fazer em uma consulta. Isso te prepara para ter mais participação sobre as decisões que dizem respeito a qualquer tratamento que você venha precisar fazer.
Pode ser uma boa ideia também ir à consulta com uma amiga. Serão duas pessoas defendendo o seu caso.
As mulheres são perfeitamente capazes de tomar decisões sobre seus corpos. Perfeitamente capazes. Elas só precisam ter acesso a informação.
Hoje, quais tratamentos podem ser procurados por mulheres na menopausa?
A terapia de reposição hormonal é um dos pilares do tratamento, e ela pode ser feita de várias formas, com uso de pílulas, cremes ou adesivos. O seu médico irá te ajudar a orientar o melhor regime.
Além de manter consultas regulares com o seu ginecologista, é importante que você tenha um bom plano de exercícios para fortalecer o corpo e ganhar massa muscular.
+ Leia também: Menopausa precoce: novidades sobre diagnóstico e tratamento
Cuide também da sua alimentação: coma mais proteína e evite o álcool (ele vai parar de gostar de você). Dê atenção ao seu sono também.
Algumas mulheres podem sentir alívio dos sintomas com fitoterápicos, mas é importante que elas saibam que essas opções não resolvem a causa das queixas, que é a queda hormonal. Eles também não tem um efeito tão protetor conta a perda óssea e muscular nem tantos benefícios à saúde cardiovascular.
Aquelas que não podem fazer a reposição devido a condições médicas (como cânceres dependentes de hormônios), podem procurar essas opções, bem como cremes vaginais, e apostar na melhora do estilo de vida. Consulte seu médico para entender quais alternativas estão disponíveis no seu país.
Qual é a sua mensagem para mulheres que estão passando por essa fase?
Quando atingimos a perimenopausa [período de transição para menopausa], nós vivemos mais ou menos metade da nossa vida. E eu acho que, se nós jogarmos as cartas certas, podemos ter mais uma metade da nossa vida.
Então, é também a hora de rever nossas prioridades, nossas companhias, se afastar do que e de quem a energia não nos serve mais, mudar de carreira, começar a fazer o que realmente gosta, terminar ou redefinir relacionamentos. Muitas mulheres passam a fazer isso instintivamente nessa fase.
Fazendo as pazes com a menopausa: Um guia descomplicado para entender as mudanças hormonais da maturidade e lidar com elas sem sofrimento

Fazendo as pazes com a menopausa