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Pesquisa comprova: vape vicia mais do que cigarro convencional

Em cinco anos, número de usuários de cigarro eletrônico cresceu 600% no país. Pesquisa revela quem são eles e qual o nível de dependência

Por Jaqueline Scholz, cardiologista*
Atualizado em 28 ago 2025, 20h27 - Publicado em 28 ago 2025, 16h00
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Branco, de alto poder aquisitivo e bem escolarizado: eis o perfil do usuário de vape  (Martina Paraninfi/Getty Images)
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Mais dependência de nicotina na comparação com quem faz uso do cigarro convencional. Esta é uma das conclusões da pesquisa Dependência de Nicotina em um Mercado Proibido: Evidências de Biomarcadores de Usuários de Cigarros Eletrônicos em São Paulo, Brasil.

Apesar de a comercialização dos vapes ser proibida no país desde 2009, o número de adeptos está notoriamente aumentando, principalmente entre os jovens. De acordo com pesquisa Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica), o número de fumantes de cigarros eletrônicos cresceu 600% entre 2018 e 2023 no país.

Daí a necessidade de um estudo para traçar o perfil deste público.

Metodologia e perfil dos usuários de vapes no estudo

O trabalho foi realizado pela equipe do Instituto do Coração (Incor) em parceria com a Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo, entre abril e setembro de 2024 em seis municípios paulistas.

Todos os 417 participantes eram usuários exclusivos de cigarros eletrônicos, com maioria jovem, predominantemente branca, altamente escolarizada e alto poder aquisitivo.

Dependência de nicotina comprovada

A pesquisa se baseou na aplicação de questionário e na coleta de saliva para os testes de biomarcadores. Os resultados revelaram uma correlação entre a dependência de nicotina, relatada pelos próprios consumidores, e concentrações salivares de nicotina e cotinina.

A cotinina é uma substância química produzida pelo corpo após a exposição à nicotina. O estudo apurou também que, no grupo, os ex-fumantes de cigarros convencionais apresentaram mais nicotina e cotinina do que os demais participantes que nunca haviam feito uso de tabaco até se tornarem usuários de vapes.

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A média de nicotina foi de 127,68 ng/mL entre os que não perceberam dependência, comparado a 324,48 ng/mL entre os que admitiram dependência severa. Já 71,3% dos que afirmaram não notar dependência não eram tabagistas antes de provarem o eletrônico.

Além disso, comprovou-se uma “não relação” entre os níveis elevados de nicotina e o período de utilização de eletrônicos, evidenciando riscos de intoxicação mesmo em iniciantes.

+Leia também: 7 dicas para largar o vape

Por que fumam?

Quando questionados sobre o que os levou ao uso, 40,5% responderam “curiosidade” e 54,3% argumentaram ser um caminho para deixar o cigarro convencional. Apesar disso, 25% confirmaram sentir que a saúde piorou.

Mais danos que cigarros convencionais

Diferentemente do que acreditam alguns, os vapes passam longe de ser uma solução para deixar o tabagismo. Estudo anterior do InCor provou que os níveis de nicotina de quem faz uso dos dispositivos podem ser extremamente altos: quem utiliza com regularidade tem até seis vezes mais do que o valor médio de fumantes de 20 cigarros/dia.

A maneira de consumo é uma das explicações para essa diferença. Em um dia, enquanto um tabagista de convencionais traga cerca de 200 vezes, adeptos do vape tragam mais de 1.500.

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Exemplo positivo do Brasil

Após muitas discussões e recomendações que envolveram inclusive cardiologistas, em 2024, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 855/2024, atualizando e mantendo a proibição dos vapes no país.

A assertividade da resolução garantiu à agência brasileira o reconhecimento da Organização Mundial da Saúde (OMS), que lhe conferiu o prêmio do Dia Mundial sem Tabaco 2025.

O alto custo do tabagismo para a saúde e para o Estado

Mesmo com as fartas evidências dos males que qualquer modalidade de tabagismo fazem à saúde, a pesquisa com os usuários de eletrônicos apurou que a maioria do grupo de ex-fumantes de cigarros convencionais discorda da lei. Mas estão errados.

Além do custo pessoal para a qualidade de vida e longevidade (o tabaco é responsável por 90% das mortes por câncer de pulmão; 25% dos casos de infarto e 50% dos acidentes vasculares cerebrais), o tabagismo tem um ônus alto para o Estado.

Um levantamento do Instituto Nacional do Câncer (Inca) prova que a cada R$ 1,00 de lucro obtido pela indústria do tabaco, o Brasil gasta 2,3 vezes esse valor com o tratamento de doenças relacionadas ao tabaco e 5,1 vezes com o custo total (direto e indireto) dessas doenças.

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Os resultados de todos esses estudos levam em uma única direção: a necessidade de iniciativas da saúde pública e por parte de entidades médicas para expor as verdades sobre o tabaco, provando que a roupagem dele pode até mudar para parecer moderno e inofensivo. Mas são apenas estratégias de marketing para angariar cada vez mais dependentes.

+Leia também: Crianças e adolescentes são os principais alvos da indústria do tabaco

Dia Nacional de Combate ao Fumo

Em 29 de agosto temos o Dia Nacional de Combate ao Fumo e a Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), mais uma vez, se mobiliza para alertar a população por meio de publicações informativas voltadas ao público.

Durante o mês de agosto, em seus canais – site e mídias sociais – os interessados terão acesso gratuito a entrevistas com especialistas, orientações e podcasts. São conteúdos fundamentais para sanar dúvidas sobre vapes e qualquer outra forma de tabagismo.

*Jaqueline Scholz é especialista em tratamento do tabagismo e assessora científica da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp)

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