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Médicos, nutricionistas e outros profissionais da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) explicam as novas (e clássicas) medidas para resguardar o peito
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Diabetes: uma em cada dez pessoas entre 20 e 79 anos tem a doença

Brasil é o sexto país com maior incidência do problema no mundo, e muitas pessoas sequer sabem que convivem com ele

Por Maria Cristina Izar, cardiologista, e Valéria Machado, nutricionista*
14 nov 2024, 11h02
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Diabetes descompensado é responsável por milhares de mortes ao ano no Brasil (Freepik/Reprodução)
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Sede e fome excessivas, ferimentos de difícil cicatrização, vontade constante de urinar, perda de peso e visão turva ou sem foco. Por não serem específicos e variarem de pessoa para pessoa, muitas vezes quem tem diabetes demora a relacionar estes sintomas com a doença.

Ou, quando o fazem, já se encontram em estágio avançado, o que aumenta as chances de o paciente sofrer consequências severas do problema, como a ocorrência de cardiopatias, acidente vascular cerebral (AVC), doença renal, lesões na retina e até amputações.

Segundo o Atlas da Federação Mundial do Diabetes, 537 milhões convivem com o mal, ou um em cada 10 adultos entre 20 e 79 anos. Mais de 6,5 milhões de mortes por ano são atribuídas à enfermidade. Se a tendência se consolidar, até 2045, teremos 784 milhões portadores da doença.

No Brasil, estima-se que 12 milhões tenham diabetes tipo 2, que corresponde a 90% dos casos, quando o corpo não produz insulina suficiente. Somos o sexto país com a maior incidência, atrás da China, Índia, Paquistão, Estados Unidos e Indonésia.

De acordo com projeção do Atlas, a tendência é que o número de brasileiros acometidos seja de 18 milhões até 2045, um aumento de 50% previsto para as Américas do Sul e Central. Dados do estudo também apontam que o aporte em tratamentos mais os gastos com as consequências da doença somam US$ 966 bilhões por ano no mundo, 9% do investimento global em saúde.

A estimativa nada promissora, porém, pode ser revertida se a sociedade se conscientizar sobre a gravidade e tomar atitudes simples, que incluem mudança no estilo de vida e a realização de exame de sangue periódico.

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Quando o diabetes já está instalado, o acompanhamento médico e o controle da glicemia, muitas vezes com o uso de remédios ou aplicação de insulina, deve ser seguido para não agravar o quadro.

Mas um dos grandes gargalos é justamente o não diagnóstico. Ainda segundo o Atlas do Diabetes, em média, no mundo, 50% daqueles que têm a doença não são diagnosticados. No Brasil, entre 35 e 44% ignoram o próprio estado de saúde. O perigo que representa este desconhecimento é incalculável: esses indivíduos não tomarão os cuidados que o diabetes requer.

+Leia tambémNúmero de pessoas com diabetes triplica em 30 anos na América

Em pesquisa feita pela Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), com 2.764 entrevistados em cidades do interior e na capital paulista, 45% não sabiam identificar os sintomas; 46% disseram saber por terem familiares e amigos com o distúrbio e 9% tinham a doença constatada. Somente 8% estavam cientes do risco de desenvolvimento de cardiopatias por conta do diabetes.

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Diabetes em países de baixa e média rendas

Três em cada quatro pessoas com diabetes vivem em países de média e baixa rendas. Entre outros fatores, esta correlação pode ser atribuída à alimentação barata e de baixa qualidade à qual a população de menor poder aquisitivo tem mais acesso.

Muitas vezes, a falta de informação sobre o baixo valor nutricional, o excesso de oferta e até o apelo de mídia induzem ao erro. Os ultraprocessados – bebidas adoçadas, guloseimas, biscoitos recheados, sorvete, congelados (pizzas e hambúrgueres), embutidos, nuggets etc. – são exemplos. A Socesp publicou e-book gratuito sobre o diabetes e a alimentação.

O Guia Alimentar para a População Brasileira, criado há dez anos pelo Ministério da Saúde, traz essa reflexão, alertando a respeito dos produtos ultraprocessados serem pobres em fibras, vitaminas, minerais e outras substâncias com atividade biológica presentes em alimentos in natura ou minimamente processados.

A ausência deles aumenta a probabilidade de diabetes, doenças do coração e vários tipos de câncer.

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Em contrapartida, o Guia salienta que legumes e verduras são saudáveis e excelentes fontes de fibras, vitaminas e minerais, importantes para prevenir as deficiências de micronutrientes e são hipocalóricos. Portanto, ideais para combater a obesidade e as doenças crônicas associadas a esta condição, como o próprio diabetes e problemas do coração.

O Dia Mundial do Diabetes, 14 de novembro, foi a data escolhida para alertar o mundo sobre os perigos deste distúrbio. Trata-se do aniversário do médico canadense Frederick Banting, que descobriu a insulina juntamente com seu conterrâneo, o fisiologista Charles Best.

Ciente de seu papel como entidade médica, a Socesp promoverá campanha de conscientização durante este mês, mostrando que, além de ser um mal por si só, o diabetes é um atalho para uma série de problemas cardíacos.

Estarão disponíveis postagens informativas, entrevistas e podcasts nas mídias sociais e no site, sempre em linguagem acessível, esclarecendo sobre cuidados e, principalmente, prevenção, que inclui hábitos saudáveis, como manter o peso ideal, não fumar, controlar a pressão arterial e fazer atividade física constantemente.

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* Maria Cristina Izar é cardiologista, presidente da Socesp (biênio 2024/2025) e professora adjunta livre docente da Disciplina de Cardiologia da Universidade Federal de São Paulo. Valéria Machado é coordenadora geral do Departamento de Nutrição da SOCESP e mestre e doutora em Ciências Aplicadas à Cardiologia.

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