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Controle da pressão pode reduzir o risco de Alzheimer e outras demências

Cuidar dos níveis de pressão arterial não protege apenas o coração. Outros órgãos saem ganhando. É o caso do cérebro

Por Roberto Dischinger Miranda, cardiologista*
Atualizado em 24 jun 2021, 11h17 - Publicado em 24 jun 2021, 10h18

No início de junho, depois de 18 anos, a FDA, agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos, aprovou uma nova droga para tratar pacientes com Alzheimer. O fármaco é o primeiro desenvolvido para combater o declínio cognitivo relacionado à doença. Mas a comercialização do medicamento está condicionada a uma nova fase de testes, uma vez que um grupo de pesquisadores independentes ainda questiona sua real eficácia. Mas, mesmo com essa ressalva, a notícia denota uma luz no fim do túnel para uma patologia que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, acomete 35,6 milhões de pessoas no mundo.

Pesquisas para descobrir quais fatores contribuem para o desenvolvimento do Alzheimer e de outras demências já comprovaram que a hipertensão arterial (HA) tem sua parcela de responsabilidade na história. Além de bem estabelecida como principal causa de AVC (acidente vascular cerebral), a HA é uma patologia crônica multifatorial, que se caracteriza pela elevação persistente da pressão arterial – o que faz dela um atalho para doenças cardiovasculares.

Segundo a última Diretriz de Hipertensão Arterial, publicada em 2020, a HA foi implicada como agente do declínio cognitivo, exercendo papel patogênico tanto nas demências de origem vascular quanto na doença de Alzheimer. E as demências estão entre as principais causas da perda de qualidade de vida entre idosos.

Como a pressão alta afeta a cabeça

Uma das explicações para a correlação entre Alzheimer e hipertensão é que a pressão alta, com o tempo, danifica as artérias, comprometendo a distribuição do sangue pelo corpo.

Já as demências vasculares podem ocorrer devido a AVCs e microinfartos. A somatória de várias pequenas lesões ou de poucas e grandes lesões desse tipo colabora para o aparecimento de demências do tipo vascular.

Nas duas situações, o sangue – que é o condutor de oxigênio e nutrientes necessários para que os órgãos exerçam suas funções – encontra as “estradas” comprometidas e não consegue levar os “alimentos” com a mesma eficácia. Dessa forma, as funções cerebrais ficam prejudicadas, com risco de ocorrer desde falta de concentração e memória até doenças mais graves, como as variadas demências.

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Um estudo recente, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com coparticipação da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), apurou que idosos hipertensos apresentavam uma probabilidade 168% maior de desenvolverem algum tipo de demência. Uma pesquisa chinesa, nos mesmos moldes, trouxe resultados corroborativos: lá, pessoas acima de 80 anos diagnosticadas com hipertensão tiveram 193% mais risco de enfrentarem um transtorno cognitivo leve e evoluírem para demência.

A estimativa é de que cerca de 25% dos brasileiros sejam hipertensos e, após os 60 anos, esse percentual sobe para aproximadamente 65%. Nas faixas etárias mais jovens, a pressão arterial é mais elevada entre homens, mas, após os 60 anos, as mulheres ficam mais sujeitas ao problema.

Não custa frisar: a hipertensão desencadeia doenças cardiovasculares (principais causas de morte, hospitalizações e atendimentos ambulatoriais no mundo), além de doenças renais crônicas e morte prematura.

Linha de combate

Mas, se a hipertensão pode dar sua contribuição negativa para os quadros de demência, na contramão temos os tratamentos anti-hipertensivos, que tendem a ajudar na prevenção de doenças como Alzheimer.

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Vários trabalhos pelo mundo já foram feitos nesse sentido e os resultados são animadores. Eles apontam para uma relevante diminuição nos riscos de evolução de demências senis em pacientes que passam a controlar a hipertensão com o uso de medicamentos na terceira idade. O tema é tão relevante que foi debatido em profundidade durante o 41º Congresso Virtual da Socesp, realizado entre 10 e 12 de junho de 2021.

Além da hipertensão arterial, outras doenças, como depressão e diabetes, estão relacionadas com demências senis. O mesmo vale para a falta de vitamina D: estudos indicam que a deficiência dessa substância é mais prevalente em pacientes com diagnóstico de demência. Precisamos ficar de olho nisso tudo.

O que não dá para perder de vista, em qualquer idade e situação, é a importância de fazer atividade física regular, seguir uma alimentação saudável, não fumar, não abusar de álcool e exercitar o intelecto.

Pode até parecer uma receita simplista para combater ou prevenir tantos estragos que algumas doenças provocam em nosso corpo. Mas aí está a melhor notícia: evitar a chegada de males ainda obscuros para a ciência, como o Alzheimer ou patologias cardiovasculares, está ao alcance de uma grande parcela da população, com custo acessível ou até mesmo zero.

*Roberto Dischinger Miranda é cardiologista e geriatra da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), assessor científico da Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo) e um dos autores das Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2020)

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