Um remédio vital para pessoas com diabetes, mas que não mexe na glicemia
Nosso colunista aborda as estatinas, um grupo de medicamentos que reduz o colesterol e que a maioria dos pacientes com diabetes tipo 2 deve tomar
Você deve estar imaginando que vou falar de mais um lançamento para controlar a glicemia das pessoas com diabetes tipo 2. Mas, na verdade, pretendo abordar uma classe de medicamentos muito antiga e que não reduz as taxas de glicose no sangue. Ainda assim, ela é fundamental para a sobrevivência desses pacientes: são as estatinas.
As estatinas reduzem, e muito, o colesterol ruim (LDL), que se acumula na parede de artérias já inflamadas, promovendo entupimentos que podem culminar em amputação nas pernas, infarto do coração e derrame cerebral. Esses dois últimos problemas, aliás, são as principais causas de morte em indivíduos com diabetes.
Há mais de 20 anos, diversos estudos mostram que, quanto mais baixo o colesterol ruim de pessoas com diabetes, menor o risco de desenvolver doenças cardiovasculares. As diretrizes da Associação Americana de Diabetes indicam o uso de estatinas para quase a totalidade de pacientes acima de 40 anos de idade.
As estatinas mais receitadas no Brasil são a sinvastatina, rosuvastatina, atorvastartina e pitavastatina. Elas devem ser utilizadas uma única vez ao dia e possuem também formulações genéricas e similares, o que reduz o custo do tratamento, que é para a vida toda.
Grandes e importantes pesquisas (mesmo não patrocinadas pela indústria farmacêutica) apontaram que o controle de colesterol, pressão, glicose, tabagismo e sedentarismo é tão eficaz quanto uma cirurgia do coração ou colocação de “stent” em quem já possui placas e obstrução nas artérias coronárias.
As reações adversas das estatinas são raríssimas e, sem dúvida, seus benefícios suplantam os poucos riscos. Ainda assim, se houver alguma contraindicação — ou se as estatinas não estiverem surtindo o efeito desejado —, há outros bons remédios. Mais recentemente, surgiram os inibidores de PCSK9, que são medicações injetáveis com enorme potencial para controlar o colesterol.
Mas e a dieta? Na verdade, o colesterol ruim é produzido em grande parte pelo próprio organismo. E possui um cunho genético muito importante. Embora a dietoterapia seja relevante, é pouco efetiva para promover grandes reduções do LDL.
No consultório, eu vejo muitos pacientes magros, com alimentação saudável e fisicamente ativos que apresentam níveis elevadíssimos desse tipo de colesterol. Se você foi diagnosticado com diabetes tipo 2, não deixe de conversar com seu médico sobre esse assunto e as estatinas.