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Carlos Eduardo Barra Couri é endocrinologista, pesquisador da USP de Ribeirão Preto e criador do Endodebate e do Diacordis. Aqui ele mapeia os cuidados e os avanços para o controle do diabetes
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Probióticos no tratamento do diabetes. Isso funciona?

Nosso colunista analisa o primeiro estudo a demonstrar que probióticos e prebióticos podem ajudar a controlar o diabetes tipo 2

Por Dr. Carlos Eduardo Barra Couri
Atualizado em 21 ago 2020, 17h51 - Publicado em 21 ago 2020, 12h40

Em plena pandemia de Covid-19, erra feio quem pensa que os micro-organismos causam apenas problemas. Muitos deles são sócios do nosso corpo e nos ajudam a ganhar ou manter a saúde. Estou falando do microbioma.

Microbioma é uma comunidade de seres microscópicos que moram dentro da gente. Acredite se quiser, mas cerca de metade das células abrigadas pelo corpo humano não são de origem humana. Isso mesmo! Elas são células de micro-organismos vivos como bactérias, fungos e companhia.

E eles não são hóspedes ingratos. Podem exercer diversas funções vitais que nosso organismo em si não é capaz de desempenhar — isso passa pela digestão, pelo combate a patógenos etc. Temos micro-organismos do bem na boca, no nariz, no intestino, na região genital, na pele… e eles vivem em harmonia com o nosso corpo.

A ciência vem descobrindo que o número e os tipos dessas criaturas invisíveis a olho nu interferem bastante em nossa saúde. O ideal é ter a quantidade certa e a mistura certa de micro-organismos nos lugares certos, um tema que tem rendido centenas de pesquisas.

O local mais estudado para avaliar a interação entre o microbioma e a saúde é o intestino. E desbalanços nessa relação são observados há anos em doenças como obesidade e diabetes. Muitos se questionam se isso seria causa ou apenas consequência desses problemas.

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Mais recentemente, cientistas da farmacêutica Pendulum, na Califórnia (EUA), avaliaram o efeito de probióticos associados a uma fibra, a inulina, no contexto do diabetes tipo 2. Eles misturaram em cápsulas cinco micro-organismos (Akkermansia muciniphila, Clostridium beijerinckii, Clostridium butyricum, Bifidobacterium infantis e Anaerobutyricum hallii) e a fibra que atua como prebiótico, ou seja, como se fosse alimento para essas bactérias.

A escolha das cinco espécies tem a ver com o seguinte: elas induziriam maior produção, no intestino, de butirato, molécula que está em falta em pessoas com diabetes tipo 2 e que ajuda a reduzir a inflamação em geral, os níveis de glicose no sangue e o apetite.

Em artigo preliminar publicado na renomada revista The British Medical Journal, os pesquisadores descrevem que testaram esse combo de probióticos (e prebiótico) e o compararam com o efeito de um placebo (cápsulas sem princípio ativo) em 58 pacientes com diabetes tipo 2. Após 12 semanas, observaram uma diferença de 0,6 ponto percentual na hemoglobina glicada, exame que dá uma média trimestral do controle da glicose no sangue, e melhora da glicemia após as refeições na turma que usou o mix de probióticos e inulina.

Dá pra dizer que houve uma boa redução na hemoglobina glicada. Porém, não houve diferença na glicemia de jejum e em marcadores da resistência à insulina, a situação que impede o bom aproveitamento do açúcar no sangue.

Segundo os autores, esse é o primeiro estudo a demonstrar benefícios de probióticos (com prebióticos) em pessoas com diabetes tipo 2.

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Bem, e que lições práticas esse achado nos traz? Em primeiro lugar, quando falamos em probióticos, falamos em nomes genéricos. Devemos sempre saber quais são os micro-organismos em questão, as quantidades, a forma de armazenamento e os estudos conduzidos a respeito. Não adianta tomar qualquer bebida láctea ou cápsula achando que seu problema estará resolvido.

Para cada tipo de benefício esperado, precisamos de tipos diferentes de bactérias. Ou seja, existem probióticos diferentes para objetivos diferentes. Por serem organismos vivos, eles ainda dependem de condições ideais de fabricação e armazenamento (como refrigeração, no caso de iogurtes e bebidas lácteas).

Deixo aqui minha impressão pessoal. O estudo americano é promissor e mostra que aquela combinação específica pode ser um coadjuvante no tratamento do diabetes. Seria um complemento sem riscos à saúde, mas que não substituiria medicamentos prescritos.

Ponderações vêm à tona: trata-se de uma primeira evidência, vinda de um estudo com um número pequeno de pacientes e um seguimento de apenas quatro meses. Experimentos mais amplos, com maior tempo de acompanhamento e maior número de voluntários, vão nos dizer o real benefício dessa estratégia como coadjuvante no tratamento do diabetes.

Isso posto, não posso esquecer de deixar um recado: nunca use um suplemento ou medicamento, nem modifique seu tratamento, sem conversar com seu médico antes.

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