É hora de fazermos um breve balanço do ano na minha área de atuação, o diabetes. Eis o que considero os três destaques de 2017. São avanços que vão da evolução tecnológica à ampliação do acesso a medicamentos de qualidade.
1. Lançamento do pâncreas artificial quase totalmente automático
Em 2017, a empresa Medtronic trouxe ao mercado americano a bomba de infusão de insulina 670G, que é o mais próximo que a medicina já chegou de um pâncreas artificial. Esse dispositivo possui um sensor que mede a glicose na pele e envia o resultado diretamente para a bomba. Por inteligência artificial, o aparelhinho é capaz de observar o padrão de evolução da glicose e, assim, elevar ou diminuir a infusão de insulina no intervalo entre as refeições.
A bomba não é completamente automática porque o paciente deve contar carboidratos e inserir essa informação na bomba todas as vezes em que se alimenta. Além disso, é necessário que paciente e médico calculem adequadamente como deve ser feito o ajuste de glicose e qual a razão insulina/carboidrato nas refeições.
2. Ampliação da indicação da cirurgia bariátrica a pessoas com diabetes
O Conselho Federal de Medicina aprovou a prescrição desse procedimento como opção terapêutica a pessoas com diabetes tipo 2 e Índice de Massa Corporal (IMC) maior que 30, idade entre 30 e 70 anos, menos de dez anos de diagnóstico da doença e que não atingem um bom controle da glicose com o tratamento convencional à base de remédios.
Ainda em 2017, houve um grande avanço na cirurgia para redução do volume do estômago feita por endoscopia, sem cortes externos. Embora esteja associada a uma menor perda de peso na comparação com a versão tradicional, já se sabe que envolve muito menos riscos.
A cirurgia endoscópica para pessoas com diabetes tipo 2 foi aprovada pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo para pessoas com IMC acima de 30. Ela ainda aguarda parecer do Conselho Federal de Medicina.
3. Aprovação da insulina biossimilar, muito mais barata
Este ano marca também a liberação da primeira insulina biossimilar no mercado brasileiro. Trata-se da insulina glargina, que tem efeito de longa duração (cerca de 24 horas), menor risco de hipoglicemia e cuja versão original já é usada há mais de 15 anos no país.
O maior empecilho para a fórmula pioneira era justamente o custo altíssimo. Isso inviabilizava o acesso a um bom número de pessoas. No final de 2017, foi aprovada a versão biossimilar, com eficácia completamente comparável ao produto original e com preço bem mais acessível. Esperamos que, com ela, possamos oferecer um tratamento de maior qualidade às pessoas com diabetes que necessitam de insulina.