Sepse não é um termo tão comum fora dos círculos médicos e dos hospitais, mas é uma questão de saúde pública. É muito mais que uma infecção generalizada. Trata-se de uma resposta inflamatória exacerbada do indivíduo a algum tipo de micro-organismo, o que impede o corpo de funcionar adequadamente. Infelizmente, esse quadro pode ser fatal. E não poupa as crianças.
Dados do Ministério da Saúde recém-apresentados no congresso da World Federation of Pediatric Intensive & Critical Care Societies registram quase 250 mil internações por sepse em crianças até 14 anos entre 2008 e 2021 no Brasil. No período, a taxa de mortalidade foi de 11,5%, representando a perda da vida de aproximadamente seis crianças por dia.
Para entender melhor o problema, temos que levar em conta que o nosso organismo luta, todos os dias, contra a invasão de bactérias, fungos e vírus. Para cada ataque há uma reação e, dependendo do impacto, o corpo precisa atuar de maneira diferente para se proteger.
Em alguns casos, porém, uma infecção mais grave gera uma resposta imunológica intensa demais. Assim, o corpo não se vê refém apenas de uma infecção, mas também de um processo inflamatório tamanho que chega a comprometer a distribuição de sangue e a oxigenação das células. É a sepse. Numa situação extrema, nem a pressão arterial consegue ser mantida e, aí, temos o choque séptico.
Há sinais e sintomas que, associados, indicam o risco de sepse: febre ou temperatura muito baixa, aceleração persistente dos batimentos cardíacos, respiração ofegante, fraqueza, tontura, sonolência e confusão mental.
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Recém-nascidos, principalmente prematuros de muito baixo peso, crianças em tratamento quimioterápico, transplantadas, imunossuprimidas, entre outras, estão mais suscetíveis a uma sepse.
Na maioria das vezes, a sepse provém de focos infecciosos em órgãos maiores, como pulmões, intestino, rins e bexiga, ou mesmo no sistema nervoso central.
Crianças menores são mais vulneráveis à infecção pelas bactérias pneumococo, meningococo e haemophilus, que estão por trás de pneumonia, otite, sinusite e meningite – e também podem levar à sepse. Como existem vacinas contra esses micróbios, a imunização se mostra primordial para o organismo dos mais novos aprender a se defender e não ser vítima de desfechos tão difíceis.
Algumas atitudes ajudam na prevenção da sepse, principalmente em crianças com condições mais complexas de saúde, estejam elas em cuidado hospitalar ou em casa. Entre elas, destaco: lavar as mãos frequentemente com água e sabão; manter a carteira de vacinação atualizada; evitar automedicação e uso indiscriminado de antibióticos; e nunca interromper o tratamento antes do prazo prescrito pelo médico.
Portanto, é fundamental que pais, responsáveis e cuidadores fiquem atentos a essa condição. Conhecer seus sinais e os fatores protetores nos permite agir mais rápido e salvar vidas.