De acordo com os dados divulgados pelo DATASUS, por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), na última década (2013 a 2022) foram diagnosticados 145 851 casos de meningite, sendo que 57%, ou seja, cerca de 82 mil, acometeram crianças e adolescentes entre 0 e 19 anos.
Aproximadamente 23 mil casos ocorreram entre crianças menos de 1 ano, período da vida em que se aplicam as vacinas que conferem imunidade às principais bactérias causadoras da doença.
Isso significa que a outra parte, grande maioria dos que adquirem meningite (72% ou mais), tem a chance de estar ao menos parcialmente protegida ao contato com esses micro-organismos.
É importante ressaltar que a meningite é uma doença potencialmente fatal, e que tem maior gravidade na forma bacteriana.
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O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece vacinas contra muitas bactérias que causam a doença: meningococos A, C, W e Y; pneumococos, Haemophilus influenzae tipo B e o bacilo da tuberculose.
A imunização infantil é a principal forma de prevenção dos 10% de mortes e 20% de sequelas relatados.
Vacinação está em baixa
Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde em 2022, infelizmente a cobertura vacinal está abaixo de 60%, número muito inferior à meta de 95% do público-alvo recomendada pelo Programa Nacional de Imunizações.
Com isso, nossas crianças ficam muito mais suscetíveis aos malefícios da doença. Fora que arriscamos os 30% de vidas salvas historicamente com a introdução da vacinação em nosso meio.
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O que é a meningite
A doença é uma inflamação que ocorre nas membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal.
A partir dos primeiros meses de vida, a forma mais comum de contaminação é através de micro-organismos que se instalam no sistema respiratório.
Portanto, a transmissão da doença pode ocorrer por tosse, espirros, beijos e objetos contaminados.
Como desconfiar da doença
Para saber se uma infecção respiratória pode estar cursando como meningite, é preciso prestar atenção a alguns sinais.
A criança pode apresentar febre, vômitos, mal-estar generalizado, dor de cabeça (se ela for muito pequena, esse sintoma passa despercebido) e rigidez do pescoço (essa manifestação é mais facilmente percebida a partir de 1 ano e meio de vida).
Nos bebês, é importante que os pais fiquem atentos a alguma alteração na moleira, como inchaço, além de sonolência excessiva, irritabilidade e perda de apetite.
Como é o diagnóstico da meningite
Ele pode ser confirmado pela coleta do líquor (um líquido da espinha) através de punção na região lombar da criança.
Apesar do receio legítimo dos pais em relação a esse procedimento, alguns fatores garantem a ocorrência de dor em apenas 25% dos casos e baixíssimo risco de complicações.
Por exemplo: uma boa avaliação médica prévia, a escolha do melhor local para punção e a realização do procedimento por um profissional especializado.
Esse cuidado se torna mais importante em pacientes com doenças crônicas, que podem ter anatomia diferente do habitual, ou em situação de maior gravidade, que exija a repetição do exame.
Hoje, 24 de abril, é o Dia Mundial de Combate à Meningite, e o objetivo é ajudar a prevenir, diagnosticar e dar suporte para quem sofre com esse quadro.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou, em novembro de 2021, uma ação global de combate à doença com a meta de acabar com os surtos de meningite bacteriana – a forma mais fatal da doença – até o ano de 2030, e reduzir 70% das mortes por esse motivo no mesmo período.
O Global Roadmap to Defeat Meningitis by 2030 (ou “Roteiro Global para Derrotar a Meningite até 2030”) reuniu parceiros na prevenção e no controle da meningite em um evento virtual, organizado pela OMS em Genebra, na Suíça.
É importante criarmos ambientes de conscientização sobre essa doença, uma vez que seus impactos sociais e econômicos podem ser controlados em prol de uma infância saudável para uma sociedade melhor.