De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o TDAH é um transtorno neurobiológico de causa genética e que é passível de ser tratado com o uso de medicamentos. Entretanto, alguns estudiosos do assunto negam a existência do distúrbio, alegando que até o presente momento não se conseguiu determinar a área do cérebro comprometida pelo problema nem os genes diretamente envolvidos com o seu surgimento. Creem esses estudiosos que crianças e adolescentes saudáveis que apresentam dificuldades no processo de escolarização estão sendo rotuladas indevidamente como portadoras de supostas doenças neurológicas, sobretudo o TDAH, numa clara medicalização dos processos de aprendizagem e desenvolvimento.
Dentro do conceito da OMS, há de se pensar no TDAH em crianças impulsivas, exageradamente ativas e que apresentem déficit de concentração, além de serem incapazes de planejar e organizar tarefas e atividades rotineiras.
As crianças hiperativas na faixa de 3 e 4 anos seriam como o “rabo de lagartixa”: em contínuo movimento, incapazes de permanecer quietas por um só instante. Elas pulam, saltam, correm, se machucam e, quando sentadas, balançam as pernas ou batucam com os dedos na mesa. Também são desorganizadas, não terminam o que começaram, são loquazes, barulhentas, falam rápido e em voz alta e seus pais vivem ralhando com elas.
Já as impulsivas ou com déficit de inibição (entre 5 e 7 anos) agem e falam de supetão, ofendem e agridem as pessoas ao seu redor — se arrependendo em seguida —, cometem erros frequentes nas lições, já que não leem todo o enunciado dos exercícios, e se machucam com facilidade por serem descuidadas e ignorarem perigos como atravessar a rua sem olhar os carros.
O tratamento preconizado quando existe o diagnóstico de TDAH envolve uma abordagem múltipla, englobando tanto intervenções psicossociais como farmacológicas. A medicação recomendada costuma ser o metilfenidato, que só deve ser prescrito por médicos experientes.
Ora, falamos de um remédio de difícil controle na dosagem e com muitas contraindicações e efeitos colaterais. As intervenções psicossociais devem envolver não só as crianças, mas também as famílias, as escolas e o entorno. Como método psicoterápico, a maioria dos estudiosos recomenda a terapia cognitiva comportamental, acompanhada de intervenções no âmbito familiar e escolar.
* Dr. Eduardo Goldenstein é pediatra, doutor em Psicologia Clínica e membro do Departamento de Saúde Mental da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).