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Viver em ritmo acelerado: por que isso precisa mudar?

Em tempos de áudios acelerados no WhatsApp, psicóloga reflete sobre a necessidade de não correr com as experiências da vida

Por Ana Gabriela Andriani, psicóloga*
Atualizado em 1 out 2021, 10h31 - Publicado em 30 set 2021, 10h31
viver na correria
Recursos que permitem ouvir áudios em ritmo rápido e abundância de informações nas redes podem gerar ansiedade.  (Ilustração: Otávio Silveira/SAÚDE é Vital)
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Dormir pouco, comer depressa, ler apenas os títulos das matérias para saber as notícias do dia e ouvir os áudios de forma acelerada. As pessoas estão, cada vez mais, vivendo em um ritmo frenético. E o exagero traz sempre consequências preocupantes: 24 horas parecem ser insuficientes para cumprir todos os compromissos. Por causa disso, dispor de tempo para realizar atividades que não foram programadas torna-se uma missão praticamente impossível.

A correria desenfreada a qual estamos submetidos relaciona-se com a necessidade de sermos eficientes, termos um desempenho de excelência e um alto nível de produtividade. Vivemos quase como numa obsessão pela informação, pela performance, pela necessidade de reconhecimento.

É fato que, a cada dia, estão aparecendo inovações tecnológicas tidas como melhorias, e é importante considerar que toda evolução tem a sua função e por isso atrai usuários e se multiplica.

No entanto, dependendo da maneira como as novas ferramentas são utilizadas, podem se tornar mais um fator de piora para a saúde mental. Um exemplo recente envolve o aplicativo de mensagens WhatsApp, que liberou um recurso que permite aos usuários ouvir as mensagens de voz de forma acelerada. Assim como no caso de outras funcionalidades em apps e redes sociais, o problema surge quando o recurso deixa de ter um objetivo pontual e se transforma em hábito (às vezes até em vício).

+ LEIA TAMBÉM: Desvalorizar o tempo de lazer pode fazer mal para a saúde mental

Os áudios acelerados descaracterizam a voz de quem fala, o que termina afetando o modo como o outro percebe a mensagem e, consequentemente, a experiência tida com a pessoa. A fala acelerada é mecânica, não transmite emoções.

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Isso pode não ter implicações significativas quando se utiliza o recurso numa necessidade de trabalho, mas, no momento em que desejamos ouvir todas as conversas nesse ritmo, passamos a ter repercussões em nossas vidas.

As mensagens de voz em alta velocidade tornam-se, assim, mais um mecanismo a contribuir com esse jeito de ser que busca realizar tudo o mais brevemente possível, e acaba nos deixando cada vez mais ansiosos. A necessidade de entrega e produção rápida, que nos deixa tão acelerados em tantas circunstâncias, vira uma constante e afeta completamente as experiências da vida.

Viver a experiência significa nos aprofundarmos em algo e, para que isso aconteça, precisamos nos alongar, deixar decantar, deixar tocar. Na medida em que nos deixamos tocar, podemos nos expandir e nos transformar, o que requer certo tempo. Definitivamente, não dá para fazer isso com urgência.

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* Ana Gabriela Andriani é psicóloga, mestra e doutora pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e membro afiliado da Sociedade Brasileira de Psicanálise

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