Este ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem como tema para o Dia Mundial sem Tabaco o mote “Cultive alimentos, não tabaco”. A campanha foca na cadeia produtiva do tabaco.
Mas além desse ponto, é importante falarmos de outra ameaça ao avanço que o país obteve no combate ao fumo: a venda indiscriminada de outras formas de consumo de tabaco, como os dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs).
A comercialização deles é proibida em nosso país. Mesmo assim, o artefato virou moda entre os jovens, a despeito dos recentes casos de problemas pulmonares graves, que levam a internações, cirurgias e até a morte.
Isso sem mencionar as queimaduras e lesões causadas pela explosão do dispositivo, que permite ao usuário adicionar o líquido que preenche o vape livremente.
Esse líquido contém não apenas nicotina, mas também outras substâncias, que podem elevar os riscos de infarto, asma, pneumonia e diversos tipos de câncer.
Opção mais saudável?
A indústria do tabaco ‘embalou’ o produto com sabores e aromas diversos para atrair o consumidor.
Ao antigo discurso de que o cigarro eletrônico seria uma saída para quem quisesse parar de fumar, foi adicionada recentemente até a ilusão de um “vape vitaminado”, com o intuito de parecer saudável.
Uma pesquisa recente do Covitel/Ministério da Saúde revelou que um a cada cinco jovens de 18 a 24 anos usa cigarros eletrônicos.
Isso gera grande preocupação dos órgãos de saúde, porque quem começa a fumar quando jovem tem maior probabilidade de desenvolver dependência à nicotina e problemas para se livrar do tabagismo no futuro.
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Danos do vape ao meio ambiente
Além do prejuízo direto à saúde humana, o cigarro eletrônico também prejudica o meio ambiente, visto que os líquidos usados nos vaporizadores contêm quantidades significativas de substâncias tóxicas.
Os resíduos de cigarro eletrônico não são biodegradáveis e os cartuchos ou dispositivos descartáveis se decompõem em produtos químicos que poluem ainda mais nossas águas.
Perigo para os jovens
Embora o Brasil tenha adotado todas as medidas estabelecidas pela OMS para o Controle do Tabaco, uma pesquisa recente do Inca apontou um preocupante cenário.
Nove em cada dez menores, com idades entre 13 e 17 anos, conseguem comprar cigarros em estabelecimentos comerciais autorizados (padaria, cafeteria, mercados, bancas de jornal), apesar de a venda ser proibida para essa faixa etária.
Vale lembrar que a epidemia de tabaco é a principal causa de morte e doença no mundo.
São mais de 8 milhões de óbitos por ano, sendo que 1,2 milhão deles são de não fumantes. Ou seja, pessoas que, sem optar, ficaram expostas ao fumo de forma passiva.
O Brasil já conseguiu reduzir em mais de 50% o número de fumantes de cigarro tradicional. Por isso, não podemos deixar que essas novas formas de fumar reaqueçam esse mercado.
É preciso rigor contra a explosão do vape entre os adolescentes, ampliando a fiscalização e combatendo o comércio ilegal destes dispositivos, que são facilmente encontrados na internet e em outros pontos de venda.
*Luiz Augusto Maltoni é cirurgião oncológico e diretor executivo da Fundação do Câncer