Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Com a Palavra

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde
Continua após publicidade

Um novo futuro para os pacientes com anemia aplástica severa

Tratamento medicamentoso inédito tem tudo para melhorar a vida dos portadores dessa doença rara

Por Phillip Scheinberg, hematologista*
Atualizado em 10 abr 2023, 16h34 - Publicado em 15 jan 2022, 11h13
medula óssea
A anemia aplástica é caracterizada por um funcionamento insuficiente da medula óssea – responsável pela produção de todo o sangue circulante em nosso corpo  ( Ilustração: Erika Onodera/SAÚDE é Vital)
Continua após publicidade

Após 30 anos, a anemia aplástica severa acaba de ganhar um novo padrão de tratamento medicamentoso capaz de impactar a vida dos pacientes.

Conduzido pelo principal grupo de hematologia da Europa, um estudo independente publicado no último dia 6 de janeiro no New England Journal of Medicine (NEJM) indica que a associação da droga eltrombopague com a terapia imunossupressora apresenta resultados altamente eficazes contra a doença.

Mas vamos voltar ao início. A anemia aplástica é caracterizada por um funcionamento insuficiente da medula óssea – responsável pela produção de todo o sangue circulante em nosso corpo –, levando a uma queda nas taxas dos glóbulos brancos (leucócitos), glóbulos vermelhos (hemácias) e das plaquetas.

Dependendo do nível dessa queda, analisada no exame de hemograma, a anemia aplástica pode ser considerada de grau moderado ou severo.

Nas formas severas, a doença é fatal se não for tratada. As complicações são decorrentes de infecções (por conta da redução dos leucócitos, nossas células de defesa) e sangramentos (devido à diminuição das plaquetas, que participam da coagulação de nosso sangue).

Já a baixa nas taxas das hemácias resulta em anemia, e sintomas como cansaço, fadiga, e falta de ar se tornam comuns. Nesse cenário, transfusões são frequentes.

Continua após a publicidade
Compartilhe essa matéria via:

Com isso, a medula óssea – assim como outros órgãos, como o coração, rim, fígado, etc. – pode se tornar insuficiente e entrar em falência.

A causa desse colapso é, na maioria dos casos, uma alteração autoimune. Significa que as células do próprio paciente atacam as células “mãe” da medula óssea (também conhecidas como células-tronco), que dão origem a todas as demais células do sangue.

Esses casos não são hereditários e acometem principalmente pacientes jovens, de 15 a 35 anos de idade.

Continua após a publicidade

Só uma minoria dos quadros de anemia aplástica são hereditários –quando há alterações genéticas – e, geralmente, acometem crianças.

O tratamento

Na doença severa imune, e em pacientes de até 40 anos, o tratamento é baseado em um transplante de medula óssea alogênico a partir de um doador compatível.

Nos demais casos, recorre-se à terapia imunossupressora. Seu objetivo é controlar as células que estão atacando a medula, fazendo, assim, com que a sua função retorne.

Cabe ressaltar que a maioria dos pacientes no mundo não realiza o transplante. Isso acontece devido a fatores como falta de um doador compatível, dificuldade de acesso a um centro transplantador, idade mais avançada, comorbidades ou preferência do próprio paciente.

Continua após a publicidade

Portanto, desde os anos 1990 a terapia imunossupressora, realizada com duas drogas, tornou-se o padrão.

Nos anos subsequentes, ocorreram várias tentativas de melhorar esse esquema e os desfechos, só que elas foram desapontadoras.

Reviravolta

Então, há 10 anos, uma medicação não imunossupressora, capaz de estimular a medula óssea, mostrou-se eficaz entre pacientes que não responderam ao tratamento imunossupressor inicial.

Os estudos seguintes incorporaram essa medicação ao tratamento imunossupressor original, chegando a um regime com três drogas.

Continua após a publicidade

E, assim, pela primeira vez em décadas, conseguiu-se um resultado superior àquele obtido com o sistema tradicional, de duas drogas, com melhores índices de resposta e a obtenção de independência de transfusões.

Um estudo piloto americano levou à aprovação desse esquema tríplice em vários países desde 2018 – inclusive no Brasil, em 2020.

No último dia 6, uma pesquisa com quase 200 pacientes que comparou o regime de duas versus três drogas foi publicada no NEJM – inclusive, eu assino o editorial que acompanha o artigo. É o trabalho que citei anteriormente.

+ LEIA TAMBÉM: Doação de medula óssea: os bancos precisam de jovens adultos

Continua após a publicidade

Nesse estudo europeu, ficou demonstrado de forma definitiva que o regime de três drogas foi superior ao de duas, consolidando-se como o novo tratamento imunossupressor na anemia aplástica severa. Trata-se do primeiro progresso em 30 anos.

Tive a oportunidade de desenvolver o regime inicial com três drogas e acompanhar de perto todo esse processo, participando das publicações que culminaram no novo padrão, que já está em uso em grandes centros de referência em hematologia, como a Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Espero, agora, que não demore mais 30 anos para termos novas evoluções para combater a anemia aplástica.

*Phillip Scheinberg é hematologista e coordenador da Hematologia do Centro de Oncologia e Hematologia da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.