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Psicofobia: ter medo de especialistas em saúde mental prolonga sofrimentos

O temor em relação a psicólogos e psiquiatras faz com que as pessoas levem anos e até décadas para cuidar da saúde mental

Por Primo Paganini, psiquiatra*
19 out 2022, 10h25

Exaustão, improdutividade, tristeza, insatisfação, problemas de relacionamento, ansiedade, insônia e falta de concentração. Quem é que nunca esteve com esses sintomas ou conhece alguém assim? Muitas vezes são questões que já duram anos.

Agora some tudo isso a crises política e econômica, pandemia, isolamento social, perdas financeiras e pessoais – tudo em um curto espaço de tempo. É muita coisa.

No Brasil, cerca de 50 milhões de pessoas sofrem algum tipo de doença mental, segundo dados da Associação Brasileira de Psiquiatria. Os diagnósticos são variados: depressão, transtornos de humor, déficit de atenção, ansiedade, entre outros.

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A boa notícia é que todas essas doenças são tratáveis a partir de combinações, muitas vezes, de medicamentos e/ou terapia.

Mas, mesmo sabendo que “sair do buraco” é uma possibilidade, falar sobre o tema é ainda um tabu. Para a sociedade médica, quebrar a barreira de que a cabeça necessita de cuidados tanto quanto o corpo é um desafio constante.

Isso porque as pessoas vinculam a doença mental às antigas imagens da loucura, das esquizofrenias e dos hospitais psiquiátricos, colocando tudo no mesmo pacote. Porém, há muita diferença entre cada quadro mental.

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Todo esse receio pode gerar outro problema: a psicofobia. O termo foi escolhido para nomear o medo, quase irracional, que as pessoas têm de psiquiatra, psicólogo e profissionais da área de saúde mental em geral. Isso faz com que pacientes levem anos ou até décadas para buscar ajuda contra o seu sofrimento.

Por trás do medo

Existem diversas razões para explicar esse temor. Uma delas é achar que o psiquiatra cuida de quem já não responde por si. Esse é um triste engano. Com isso, a pessoa se acha fraca caso se “renda” a uma consulta. Fora o risco de ser vista como desequilibrada pela família e por amigos.

Os julgadores estão por toda a parte (pode ser o vizinho, o irmão, o pai, o amigo…). E até mesmo o doente começa a condenar a sua condição. Assim, os pensamentos ficam cada vez mais acelerados, sentindo culpa por estar assim, e com mais medo de “enlouquecer” e de procurar ajuda.

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Para evitar os julgamentos, o indivíduo se isola cada vez mais. Só que aí fica mais doente, e começa a procurar um tratamento em outros meios. Para a insônia, por exemplo, muitos vão a um clínico geral e pedem algum remédio; para o aperto no peito, marcam consulta com o cardiologista; e por aí vai. A questão é que o tratamento adequado vai ficando cada vez mais distante.

Outro ponto que atravanca a busca por cuidados é o receio de tomar medicamentos focados na saúde mental. Há quem acredite que eles mudam a personalidade, geram incapacidade ou até mesmo causam dependência.

+ Leia também: Brasileiro sente piora na saúde mental, mas não faz terapia

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Sempre é bom lembrar que, hoje, existem fármacos seguros, que trazem benefícios, além de melhorar as funções cognitivas e até evitar o declínio cognitivo que as próprias patologias psiquiátricas podem causar na sua evolução.

A psicofobia, no fim das contas, pode causar sofrimento, perda de qualidade de vida, risco de doenças cardiometabólicas e até redução de expectativa de vida, sem contar a incapacitação laboral e social.

É preciso quebrar o tabu

O mundo todo tem falado com muito mais ênfase sobre as doenças mentais e a importância de cuidar da mente, estimulando e facilitando o acesso ao tratamento.

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Mas ainda precisamos bater muito nessa tecla no ambiente familiar, escolar, corporativo e em todas as esferas da sociedade.

É necessário aceitar que vamos encontrar uma, duas, três ou mais pessoas do nosso convívio com alguma doença mental. À medida que esses números crescem, precisamos que a psicofobia diminua. Só assim poderemos encontrar um equilíbrio para tratar a mente de maneira eficaz.

*Primo Paganini é psiquiatra e diretor médico da eCare

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