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Ozempic Babies: remédios para perda de peso influenciam na fertilidade?

Relatos de mulheres nas redes sociais sugerem uma relação entre o uso desses medicamentos e gravidez. Especialista discute se isso existe mesmo

Por Alfonso Massaguer, ginecologista*
23 Maio 2024, 10h28
ozempic-babies
A obesidade pode reduzir o risco de concepção. (Foto: Science Library/Veja Saúde)
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Vários trabalhos científicos correlacionam a obesidade com a redução da fertilidade em mulheres e homens. O risco de infertilidade é 78% maior em mulheres em idade reprodutiva com obesidade, em comparação com aquelas com peso normal.

Os efeitos da obesidade na fertilidade feminina são diversos. Por exemplo: ela pode resultar em disfunção menstrual e anovulação (falta de ovulação). 

Isso porque o tecido adiposo (a gordura corporal) libera moléculas que promovem resistência à insulina e inflamação, afetando a evolução dos óvulos. Aí cai a chance de serem fertilizados por um espermatozoide e gerarem um bebê.

Além disso, a obesidade afeta a implantação do embrião e outras funções reprodutivas, levando a concepções atrasadas e taxas de aborto aumentadas.

Em homens, a obesidade reduz a quantidade e a qualidade dos espermatozoides – e pode até gerar ausência deles.

Além das dificuldades biológicas, a obesidade traz barreiras psicológicas e sociais. E o estresse também é associado à infertilidade.

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Uma abordagem global, incluindo perda de peso e controle de doenças associadas (como diabetes, colesterol e ansiedade) pode melhorar significativamente as taxas de gravidez em pessoas com obesidade.

+Leia também: Por que o planejamento familiar deve envolver a preservação da fertilidade

Mas… os tratamentos para obesidade ajudam na fertilidade?

De maneira geral, intervenções focadas na perda de peso melhoram as chances de concepção. Assim, medicamentos como o Ozempic (agonista de GLP-1) poderiam aumentar a fertilidade, pois são poderosas armas no auxílio à perda de peso.

Em homens com obesidade, os agonistas de GLP-1 podem aumentar a fertilidade ao promover a perda de peso e a melhora do metabolismo do corpo como um todo. 

Estudos mostraram melhorias na contagem e motilidade dos espermatozoides, embora o impacto direto desses medicamentos nos hormônios reprodutivos masculinos ainda não esteja totalmente claro.

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Nas mulheres, é importante destacar que a síndrome dos ovários policísticos é a principal causa de disfunções na ovulação, o que gera infertilidade. A genética é protagonista aqui, mas o quadro pode piorar com a obesidade. 

Assim, a primeira linha para tratamento dessas mulheres é a perda de peso, com ajustes na alimentação e prática de atividades físicas. Mas o surgimento dessa nova classe de medicamentos para perda de peso vem ajudando bastante.

Mulheres com síndrome dos ovários policísticos e infertilidade tiveram melhora do ciclo menstrual (com aumento e melhora da ovulação) e aumento da taxa de gravidez com a perda de peso e uso de agonistas de GLP-1, como o Ozempic.

Ou seja, essa medicação, ao promover o emagrecimento, pode ser uma aliada da fertilidade. Mas não dá para dizer ainda que, por si só, ela aumenta as chances de gravidez.

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O uso desse remédio exige uma avaliação criteriosa, e não pode ser pautado por pressões sociais. Até porque ele não é isento de riscos…

Cuidados com o uso

Com base nas informações disponíveis, os agonistas de GLP-1 devem ser evitados durante a gravidez e a lactação devido aos possíveis riscos para o feto e o lactente. 

No entanto, o uso desses medicamentos em torno do período de concepção não parece aumentar o risco de malformações maiores no bebê. É crucial que os médicos avaliem cada caso individualmente e discutam os riscos e benefícios com pacientes que estão planejando engravidar.

Um estudo com dados de mais de 50 mil mulheres grávidas com diabetes tipo 2 não encontrou associação entre o uso de agonistas de GLP-1 no início da gestação e um aumento no risco de malformações graves nos bebês. 

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Isso sugere uma segurança inicial desses medicamentos quando usados em torno do período de concepção, mas são necessários mais estudos para confirmar esses achados. O ideal é parar o uso assim que desconfiar de uma gravidez.

Foi para resolver dúvidas como essa e acalmar as pessoas que escrevi o livro A Espera (clique para comprar).  Ele explica os temas-chave da fertilidade, aconselha e conforta.

*Alfonso Massaguer é ginecologista e especialista em reprodução humana. É autor do livro A Espera

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