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Os avanços e os mitos que rondam a medicina nuclear

Aspectos negativos do uso da radiação, tão explorados na ficção, distorcem visão das pessoas sobre os benefícios de exames como tomografia

Por Eleuses Paiva, especialista em medicina nuclear*
25 jul 2022, 12h08

Radiação é um termo que inspira temor nas pessoas. Quase sempre é relacionada a ameaças ou graves acidentes. A associação mais imediata costuma ser com bombas atômicas – devido à destruição de Hiroshima na Segunda Guerra Mundial – ou com os desastres das usinas de Chernobyl (Ucrânia) e Fukuyama (Japão). No Brasil, ainda tivemos o episódio de contaminação pelo césio 137, ocorrido em 1987 em Goiás.

A ficção explorou e explora essa percepção à exaustão. Em filmes, como o clássico 007 contra a Chantagem Atômica; em histórias em quadrinhos, basta lembrar que o Hulk é resultado de um experimento com radiação; e até na música, caso da Sinfonia nº 1 – Chernobyl, do compositor ucraniano Alexander Yakovchuk.

Bem menos evocado é o uso da radiação na medicina. Quando muito, as pessoas se lembram do raio-x. Na realidade, a radiação é uma grande aliada da saúde, seja no diagnóstico por exames de imagem (como a tomografia), seja no tratamento de doenças (um bom exemplo é a radioterapia utilizada contra o câncer).

Esses e outros métodos diagnósticos e terapêuticos compõem a chamada medicina nuclear. Que faz uso de radiação com segurança e possui aplicações cada vez mais eficientes, principalmente na cardiologia, na oncologia e na neurologia.

Nessa área médica, são empregados os radiofármacos, substâncias radioativas usadas em quantidades mínimas, mas suficientes para que o especialista possa identificar a patologia com base no comportamento desses traçadores radioativos.

Ainda que seja indispensável para apurar a presença e a gravidade de inúmeras doenças, a medicina nuclear ainda vive rodeada de mistificações. Em tempos de redes sociais, em que os pacientes fazem muitas buscas e pesquisas por conta própria, é preciso garantir que haja sempre à disposição informação de qualidade e consistência, sob pena de acreditarem em histórias sem fundamento.

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Para um paciente e todos em seu entorno, receber um diagnóstico de uma patologia grave, como uma doença cardíaca severa, um quadro demencial ou mesmo um câncer, pode ser algo difícil. E, muitas vezes, a medicina nuclear dá suporte ao diagnóstico e ao tratamento desses problemas. Só que a desinformação não raro afasta as pessoas das condutas e exames prescritos, o que dificulta o manejo da enfermidade.

Em primeiro lugar, as quantidades usadas de radiofármacos são mínimas, mas todo exame tem de ser utilizado com bom senso e comporta contraindicações. Exemplos: mulheres grávidas não devem se submeter à radiação por risco de problemas no desenvolvimento do feto; a indicação tem de ser ponderada para lactantes porque as substâncias podem ser eliminadas no leite materno. Enfim, essas e outras circunstâncias têm de ser pesadas pelo especialista.

Mas, quando não existem restrições, não há por que deixar de fazer um exame como uma tomografia. Alguns indivíduos têm medo de que, ao se expor à radiação, possam desenvolver doenças como o câncer. Mas, de novo, entra em cena a dosagem baixa, que não oferece riscos ao paciente. É um contrassenso deixar de fazer um exame que, pelo contrário, pode ajudar no diagnóstico precoce de um tumor, com maiores chances de recuperação.

Na oncologia, aliás, a medicina nuclear evoluiu muito e conta hoje com um método extremamente eficaz para investigar a doença, o PET/CT. Essas duas siglas representam a combinação de duas abordagens, a tomografia por emissão de pósitrons e a tomografia computadorizada. É um exame de imagem que, ao acompanhar o metabolismo da pessoa, permite detectar um tumor em seus primeiros estágios.

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A menção feita ao raio-x é apenas ilustrativa e bem-vinda para esclarecer outra questão: a diferença entre medicina nuclear e radiologia. O uso do raio-x tem suas origens no fim do século 19 e houve um longo caminho até se tornar um método seguro. Ele impulsionou a área que chamamos de radiologia.

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A medicina nuclear também tem história antiga, rastreável ao primeiro quarto do século 20. Desde então, os avanços na tecnologia permitiram transformar substâncias que representavam risco em ferramentas estratégicas para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

E muita novidade vem por aí. A tecnologia 5G de conexão à internet, que está chegando ao Brasil, deve revolucionar esse e outros campos da medicina. Exames e tratamentos baseados em imagem devem se tornar mais ágeis e precisos. Quem ganha com isso é o paciente. Daí a importância de desmistificar a medicina nuclear.

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* Eleuses Paiva é médico especialista em medicina nuclear, membro da Academia de Medicina de São Paulo e ex-presidente da Associação Médica Brasileira

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