Ombro ‘congelado’ causa dor e dificuldade de movimentação
Especialista conta o que está por trás do problema e como resolvê-lo
Você sente dor ao movimentar os ombros e já notou algum tipo limitação dos movimentos? A causa pode ser a capsulite adesiva. A inflamação da estrutura capsular da articulação é tão intensa que as pessoas acometidas pela doença sentem como se o ombro estivesse congelado, já que há diminuição da capacidade de mobilidade e rigidez.
O problema é multifatorial e as principais causas estão relacionadas a lesões, diabetes, depressão, doenças da coluna cervical, traumatismos e/ou pós-cirúrgico.
Mas a condição pode aparecer também devido à menopausa. É que a queda da produção de estrógeno, hormônio que funciona como uma proteção natural aos ossos, aumenta a ocorrência de osteoporose nessa fase da vida, e também é um dos agravantes dos problemas nas articulações.
Tanto que, de acordo com o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, do Ministério da Saúde, entre os principais acometidos pela capsulite adesiva estão as mulheres, sobretudo aquelas entre os 40 e 70 anos de idade.
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A demora no diagnóstico facilita a progressão da patologia, que já é caracterizada por se desenvolver aos poucos, em um ciclo dividido em três fases.
No início, durante a fase inflamatória, o paciente pode se queixar de dor aguda quando tenta movimentar o ombro. Em seguida, é comum a dor regredir – no entanto, é nesse momento que surgem os primeiros sinais de limitação de movimento, principalmente as rotações. Já na última fase o ombro vai retornando aos poucos ao seu normal. Isso pode demorar até dois anos.
O tratamento
Ele vai depender do estado do paciente, isto é, a fase em que a doença se encontra, a intensidade de dor e o nível de limitação de movimentos.
Para lidar com os efeitos da capsulite adesiva geralmente são indicados o uso de analgésicos e anti-inflamatórios, e até mesmo alguns procedimentos de anestesia.
No entanto, ao contrário do que muita gente pensa, a fisioterapia pode piorar o quadro.
Vale ressaltar que, se não tratada, a capsulite adesiva pode afetar a qualidade de vida, dificultando a execução de tarefas (das mais simples às mais complexas), tirando a autonomia dos indivíduos – especialmente aqueles com idades mais avançadas. Não à toa, a condição pode ocasionar outros efeitos negativos, como o desenvolvimento da depressão.
Ombro travado, saúde mental em risco
Segundo uma pesquisa alemã, publicada pelo Jornal de Pesquisa Psiquiátrica, em 2022, pacientes com essa condição têm maior risco de sofrer com problemas relacionados à saúde mental.
O estudo incluiu 29 258 pessoas com capsulite adesiva e 29 258 sem o problema, e a incidência de depressão foi de 17,5% no primeiro grupo e de 8,7% no segundo.
Por isso, a dor no ombro não deve ser ignorada nem abordada com automedicação. É fundamental procurar um especialista que indique um protocolo de tratamento. Assim, em pouco tempo, é possível minimizar a dor, recuperar os movimentos e se restabelecer completamente.
*Nemi Sabeh Jr. (CRM 104568), ortopedista, especialista em medicina do esporte, cirurgião, integrante do núcleo de especialidades do Hospital Sírio-Libanês e da On, centro integrado de evolução corporal, em São Paulo.