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O que aprendemos com as nossas emoções na pandemia do coronavírus?

Profissionais de saúde relatam como a Covid-19 impactou a saúde mental de quem trabalha no front e as formas de superar os desafios

Por Giulia Saguini, enfermeira, e Márcia Paoliello, psicóloga*
Atualizado em 3 jul 2020, 15h14 - Publicado em 3 jul 2020, 10h33
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  • A pandemia do novo coronavírus chegou como um turbilhão na vida de todos e com maior intensidade para nós, profissionais de saúde. Foi necessário aprender a lidar rapidamente com a nova doença tanto no âmbito profissional quanto na esfera pessoal.

    Paralelamente a todos os terríveis impactos físicos causados pela Covid-19, essa crise de saúde pública exigiu um mergulho fundo nas emoções nesses últimos meses. No início, havia a ansiedade gerada pela busca de respostas, pelo medo da própria contaminação ou de transmitir o vírus a familiares, além da necessidade de transitar em campo desconhecido.

    À medida que os casos da doença aumentavam, exigindo atendimento mais intenso aos pacientes, passamos a lidar com queixas gerais sobre o cansaço físico e a insegurança frente à assustadora quantidade de enfermos e de novos protocolos a serem aprendidos e adotados para mitigar riscos e contribuir com os tratamentos. É nesse momento que fica claro que não somos super-heroínas, nem super-heróis, e que o apoio emocional é necessário e muito bem-vindo.

    O suporte psicológico foi fundamental para identificarmos as emoções em meio a tanto estresse. O que aparecia genericamente como ansiedade foi se desdobrando em diversos outros sentimentos como incômodo, raiva, tristeza, angústia, frustração, indignação, preocupação e receio.

    O primeiro aprendizado: somente identificando essas emoções é possível gerenciá-las, ou seja, desenvolver resiliência para nos recuperarmos mais rapidamente e reagirmos melhor em cenários adversos.

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    A enorme capacidade de adaptação das pessoas frente às mudanças foi outro aprendizado. Muitos se mostram impressionados com as mudanças drásticas e como estão reagindo a elas, o que trouxe outro conhecimento na carona: há muitas formas diferentes e alternativas de se fazer as coisas. Mudar pode ser muito bom.

    Outra lição foi descobrir que, acima de tudo, temos dentro de nós potenciais e fortalezas como coragem, descontração e capacidade de ouvir e de amar, que nos ajudam de forma significativa a superar os problemas do dia a dia.

    Além disso, lançamos um novo olhar à família e identificamos o que é realmente relevante para estimular o convívio e minimizar a sensação de isolamento afetivo e social, aumentando, assim, a satisfação, a realização, a alegria e o prazer. Cada um à sua maneira, podemos organizar uma agenda de atividades domésticas, incluindo exercícios físicos e banhos de sol com os filhos, preparando um jantar a quatro ou seis mãos…

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    O cuidado com nossos familiares idosos, que fazem parte do grupo de risco, se tornou ainda mais importante e junto com ele veio um olhar amoroso por essas pessoas tão especiais, que representam nossas raízes.

    Aprendemos que vale a pena dançar na sala com a família e contar histórias para as crianças, desde que o isolamento total não seja necessário. Ou montar grupos virtuais de amigos para a happy hour semanal e realizar atividades relacionadas a fé, como assistir a alguma cerimônia religiosa virtual. São maneiras de encontrar energia e saúde neste novo estilo de vida imposto pela Covid-19.

    Enfim, a pandemia nos ensinou a reconhecer as nossas fragilidades, a descobrir que temos forças para enfrentá-las, a encarar de frente as nossas emoções e a pedir ajuda especializada sempre que for necessário.

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    * Giulia Saguini é enfermeira da FIDI (Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem) e Márcia Paoliello é psicóloga e voluntária da RedeFIDI, de apoio médico e psicológico aos profissionais da entidade

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