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O profissional de saúde do futuro

Mais do que prestar assistência, ele é um facilitador do bem-estar e da qualidade de vida, dentro de um contexto onde o paciente é o protagonista

Por Mariana Schamas, cinesiologista*
16 set 2023, 10h07
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Colocar o paciente no centro de cuidado é tendência no atendimento em saúde (VEJA SAÚDE/SAÚDE é Vital)
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Quais critérios você usa quando alguém pede indicação de profissional da saúde?

Depois de uma consulta, como você avalia o médico, o fisioterapeuta, o psicólogo? Como conclui se ele é bom ou não? 

No artigo Paciente do futuro, que publiquei anterioriormente, digo que tanto o profissional quanto o paciente devem ser agentes de mudanças na saúde e nas propostas terapêuticas, cada um com as suas competências.

Somos muito bons em criar expectativas, e, na hora de depositar 100% da nossa confiança nas mãos de alguém, corremos um grande risco de nos decepcionar.

A jornada de bem-estar depende do paciente ser protagonista da própria saúde e o profissional ser facilitador deste processo.

No mesmo artigo, digo que a grande maioria de nós esboça o profissional ideal como gentil, que escuta atentamente, olha nos olhos, nos acolhe e sugere um tratamento que, na nossa cabeça, achamos “perfeito”! Mas… seria isso uma ilusão?

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O estudo Good’ and ‘bad’ doctors — a qualitative study of the Austrian public (Doutores “bons” e “ruins” — um estudo qualitativo da população austríaca) entrevistou mil pessoas em busca de compreender o que define a qualidade de um médico. 

As respostas foram consolidadas em sete categorias principais:

  1. personalidade
  2. habilidades sociais
  3. comunicação
  4. competência profissional
  5. organização da prática
  6. comportamento ético e moral
  7. Não sei ou não tenho ideia

Dentro da categoria personalidade, para o médico ser considerado “bom”, de acordo com a pesquisa, é preciso ser: legal, calmo, paciente, honesto, simpático, educado e apresentar humanidade. 

Para mim, isso é bem óbvio. Por outro lado, para ser um profissional “ruim”, basta ser: estressado, hostil, superficial, inseguro, ter excesso de confiança e falta de autocuidado na aparência. 

Nesse ponto, o estudo começou a ficar interessante.

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Um profissional que demonstra excesso de confiança e falta de cuidado consigo mesmo é considerado ruim, segundo as mil pessoas entrevistadas na Áustria! Imagine aqui no Brasil?  Quantas vezes você já foi atendido por uma pessoa desleixada ou superconfiante?

Quanto às habilidades sociais, o “bom doutor” sabe ouvir, tem tempo, tranquiliza, é prestativo e atencioso, respeitoso, e empático. Ou seja, é interessado, leva o paciente a sério e responde às suas dúvidas.

Nas habilidades sociais de um “doutor ruim”, aparecem questões como não ter tempo, ser arrogante, teórico demais, preconceituoso, desinteressado, sem contato visual, sem empatia e sem cuidado com o paciente.

Algo importante que surgiu no estudo foi a localização do consultório, e se ele é limpo e organizado. Contam também como características de um “bom doutor” se o profissional está atualizado e se tem boa comunicação. 

+ Leia também: Rápido e devagar: os paradoxos do tempo na medicina

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O estudo é longo, bem detalhado e de grande valia, mas não vou me aprofundar demais.

Meu objetivo aqui é fazer um convite à reflexão sobre suas próprias avaliações e, de certa forma, provocar o leitor com as constatações do trabalho.

Quando escrevi sobre o “paciente do futuro” trouxe a reflexão de que um não existe sem o outro. Tanto o paciente quanto o profissional precisam ser do futuro, cada um como protagonista no seu papel.

E você, como está se sentindo ao ler esse artigo?

Parece óbvio? Bem, vamos imaginar um bom doutor. Segundo esse estudo, um profissional educado, gentil e bom ouvinte.

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Porém, esse mesmo bom doutor prescreve um tratamento que não dá certo.

Em qual categoria ele estaria? O que você faria? Você voltaria, conversaria com ele e tentaria outra proposta terapêutica? Ou ele deixa de ser um bom profissional, você se vitimiza ou reage intempestivo?

Ser protagonista da sua saúde envolve ser agente ativo e questionar médico, fisioterapeuta ou psicólogo. Faz parte dar esse feedback para que seu tratamento seja, de fato, personalizado, bom para você.  

E vocês, colegas profissionais? Estão abertos a pensar e entender, ouvir e pedir ajuda para outros colegas? Sem medo, com carinho, com mente aberta a novos olhares?

Esse seria o ideal para que possamos ser mais humanos, humildes e colaborativos uns com os outros, pondo em prática o que fazemos de melhor e promovendo saúde. E promover a saúde nada mais é do que fomentar “um estado completo de bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades”, segundo a OMS.

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Por fim, ser um profissional da saúde do futuro significa ser um agente facilitador do bem-estar do paciente, com as seguintes características:

  • Ser bom ouvinte
  • Oferecer terapias eficientes
  • Fazer perguntas
  • Esclarecer as dúvidas
  • Não ser muito técnico
  • Ser calmo
  • Simpático e empático
  • Oferecer terapias holísticas e alternativas
  • Ter autocuidado
  • Não aparentar excesso de autoconfiança

Sem uma boa parceria com o paciente, contudo, o “bom doutor” pode fazer tudo ir por água abaixo.

* Mariana Schamas é cinesiologista, pós-graduada em dor, criadora do método ECAD e aplicativo DOLORI.

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