Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Com a Palavra

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde
Continua após publicidade

O ouro é da mulher negra, mas a realidade no Brasil é outra

Diante do abismo social existente no país, as vitórias de Ana Patrícia, Beatriz Souza e Rebeca Andrade representam muito mais do que uma medalha olímpica

Por Daniela Tafner, enfermeira*
Atualizado em 11 ago 2024, 10h24 - Publicado em 11 ago 2024, 06h00
beatriz-souza-judo
A judoca e medalhista (ouro e bronze) Beatriz Souza posa com a medalha em estúdio montado na Casa Brasil, em Paris (Rafael Bello/COB/Reprodução)
Continua após publicidade

O Brasil se emocionou com as medalhas de ouro de Ana Patrícia, no vôlei de praia, Rebeca Andrade, na ginástica, e Beatriz Souza, no judô, em Paris. Duas mulheres negras campeãs olímpicas é algo que vai além de conquistas no esporte. Diante do abismo racial existente no país, são vitórias de vida.

As diferenças no acesso à saúde entre a população branca e a população negra são gritantes. É o que defino como iniquidade, um modelo injusto que se perpetua porque está profundamente arraigado na nossa sociedade e cultura.

Cerca de 56% dos brasileiros se declaram negros ou pardos. Porém, em nosso país, ser maioria não garante o direito à saúde.

Entre as brasileiras que têm acesso à mamografia, o exame que rastreia o câncer de mama, só 24% são mulheres pretas. E 47% das pacientes que recebem o diagnóstico de câncer em estágio avançado são negras. O dado é do Ministério da Saúde, de 2023.

+ Leia também: Desigualdade racial atrapalha o diagnóstico e o tratamento do câncer

Continua após a publicidade

A proporção de bebês pretos e pardos que nascem de mães que não tiveram a oferta mínima de consultas pré-natal é de 30%; para bebês brancos, 18%.

É preciso falar ainda de algo pouco estudado, mas observável pela experiência no dia a dia dos espaços de saúde. Ao chegarem a um centro de saúde sozinhas ou com seus bebês, pacientes negras nem sempre são bem atendidas ou orientadas. Muitas vezes são tratadas com negligência ou não são examinadas como deveriam.

Uma pesquisa da Fiocruz mostra que a dor tem cor no Brasil: gestantes negras recebem menos anestesia durante o parto, em parte porque há o mito de que mulheres negras são mais resistentes. O preconceito se propaga através de expressões como: “mulheres pretas têm quadris mais largos e, por isso, são parideiras.”

Continua após a publicidade

É nesse cenário de iniquidade que brilham ainda mais as estrelas de Rebeca e Bia. E não só delas, mas de todas as atletas negras brasileiras, porque o caminho que percorrem é quase sempre mais tortuoso. Precisamos reconhecer essas gigantes que nos orgulham e mostram o quanto precisamos avançar para construir uma sociedade minimamente justa.

*Daniela Tafner é doutora em Enfermagem e professora convidada no Instituto de Pesquisa Afro-Latino-Americana (Alari) da Universidade de Harvard

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.