Nas férias, notamos um aumento nos acidentes com crianças. Afinal, a pausa nas atividades escolares é sinônimo de tempo livre e aventuras. Por isso, ao planejar os passeios, as famílias devem ter atenção para que as brincadeiras sejam seguras para todos.
De acordo com um levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), estima-se que, no Brasil, ocorram anualmente cerca de 200 mil acidentes domésticos com crianças, como quedas, queimaduras e afogamentos. Entretanto, nas férias escolares esse índice aumenta em 25%.
A agitação e o corre-corre são fatores que, muitas vezes, contribuem para provocar incidentes que levam a traumas na boca ou mesmo nos dentes.
É claro que ninguém deseja passar pelo inconveniente de lidar com um dente quebrado – daí a importância de ficar de olho nas atividades escolhidas pelos pequenos. Mas, se acontecer, é essencial saber como lidar com essa desventura.
As quedas acompanhadas de trauma dental são muito frequentes porque nem os pais ou responsáveis percebem as “armadilhas” dentro de casa. E, independentemente da idade da criança, não se deve confiar em sua capacidade de analisar os riscos ou subestimar a sua agilidade.
No caso de um trauma dental, adotar a conduta correta e buscar atendimento com rapidez são determinantes para um bom prognóstico da lesão e até o aproveitamento do dentinho quebrado. Cabe ressaltar que o recado também vale para adultos.
Mas qual seria essa conduta? Em primeiro lugar, é preciso ter calma, principalmente para tentar tranquilizar a pessoa que sofreu o acidente.
Se ela bateu a cabeça ou apresenta alguma fratura ou um corte muito profundo na face, será necessário recorrer ao atendimento no pronto-socorro.
Em outras situações, nas quais o trauma em um ou mais dentes é a única consequência da queda, quem deve prestar o primeiro atendimento com urgência é o cirurgião-dentista.
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Caso o dente tenha sido avulsionado (quando ele cai inteiro) ou fraturado (quebra uma parte), é necessário armazená-lo. Nessa hora, tem um ensinamento popular que faz sentido mesmo: colocá-lo no leite.
Isso vai de fato preservar suas características e o cirurgião dentista terá mais chances de fazer a recuperação.
Para ter ideia, em casos de reimplante, o dente sem proteção poderia ser aproveitado até dez minutos depois da queda, mas, com o acondicionamento adequado, esse prazo aumenta para seis horas, segundo uma pesquisa da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
O soro fisiológico e a própria saliva também são opções para armazenar o dente.
Entretanto, existe uma regra: somente dentes permanentes podem ser reimplantados nos casos de avulsão. Ou seja, não é o caso dos dentinhos de leite das crianças.
Não quebrou, mas escureceu
Outra situação comum e que preocupa muitos pais é quando uma batida forte causa o escurecimento do dente. Isso acontece devido ao extravasamento de sangue na polpa do dente.
Geralmente esse efeito é transitório e tende a desaparecer espontaneamente em dentes decíduos – os conhecidos dentes de leite.
De qualquer maneira, é importante avaliar com um profissional da odontologia se faz sentido realizar uma radiografia. Isso ajudará a definir a necessidade (ou não) de um tratamento endodôntico (ou de canal) para diminuir os efeitos da batida.
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Vale ressalta que todo tipo de intercorrência nos dentes frontais pode impactar no convívio social de crianças e adolescentes. Com vergonha, eles podem deixar até de sorrir.
Por isso, tomar medidas preventivas é importante para manter a saúde e as condições sociais e psicológicas desses jovens.
Higiene adequada segue crucial
A temporada de férias escolares também costuma ser marcada pelo alto consumo de guloseimas. Então, os pais precisam ter atenção redobrada em relação à higiene bucal de crianças e adolescentes.
Inclusive, além dessa vigilância em relação à escovação, é importante aproveitar as férias para marcar uma visita ao odontopediatra.
Uma recomendação válida em qualquer circunstância é seguir corretamente as instruções do cirurgião-dentista e sempre comparecer às consultas de acompanhamento, mesmo que não haja dor ou alterações.
Os primeiros anos de vida são fundamentais para o desenvolvimento pleno da criança, o que inclui a sua estrutura dentária.
*Sandra Kalil é doutora em Odontopediatria