O combate ao câncer precisa de você
A presidente de uma associação de pacientes mostra como as pessoas diagnosticadas com câncer precisam participar ativamente do tratamento
Respiração ofegante, olhar distante, coração angustiado e um calhamaço de exames nas mãos. Isso tudo somado às milhares de dúvidas, lembranças e expectativas que insistem em não sair da cabeça de uma pessoa recém-diagnosticada com um câncer. Parece muito? Sim! E isso é só o começo.
A verdade é que essa doença está perto de todos nós. Sabia que, a cada minuto, um brasileiro recebe o diagnóstico de câncer?
Tenho certeza que o começo deste artigo já fez você pensar em alguém impactado pela doença e que, também por isso, teve esse mesmo impacto na vida de seus amigos e familiares. Enfrentar um câncer não é nada fácil e requer preparação e suporte.
Um pilar mais que necessário do tratamento é o acesso à informação qualificada e personalizada. Informação que proporcione reflexão, planejamento, perguntas e, sem dúvida, que evite ou ao menos alivie as surpresas.
Exemplo: faz diferença você conhecer detalhes de como será sua cirurgia. Tudo bem não querer saber muito a respeito do tamanho do corte cirúrgico, mas entender como você vai se sentir quando acordar, que tipos de dores poderá ter e quando vai voltar à ativa ajuda demais no cotidiano.
Essa informação está por aí, totalmente disponível. Mas fique atento e tenha cuidado especial com relação às fontes. Elas devem ser sempre atuais, autorais e possuírem respaldo científico.
Cuidado com dicas milagrosas que prometem a cura. Seja rigoroso e sempre exija o melhor – afinal, é de você que estamos falando.
Os avanços e os desafios no combate ao câncer
O mundo do câncer está mudando. Hoje falamos em medicina personalizada, que significa dar o tratamento certo para o paciente certo – e no tempo certo.
Temos medicamentos inteligentes que atuam diretamente no tumor, enquanto outros estimulam nosso sistema imune a enfrentá-lo. Com tudo isso, há cada vez mais pacientes tendo a oportunidade de cura. Outros muitos conviverão com o câncer como uma doença crônica.
A boa e velha notícia é que a detecção precoce aumenta, e muito, as chances de cura. Além disso, alguns cânceres podem ser preveníveis por meio da adoção de hábitos saudáveis.
Relembrando: estou falando basicamente de não fumar, evitar a obesidade e fazer atividade física. Sei das dificuldades para atingir cada um desses pontos, mas acredite: a conquista proporciona um “vale-Vida”. E vida com “V” maiúsculo!
Apesar das inúmeras novidades, temos também problemas estruturais sérios. Na prática, inúmeras pessoas sofrem nas filas esperando por um médico, por um exame e por um tratamento. Ou por falta de acesso a um tratamento mais humanizado, que também cuide da sua dor e do seu medo de morrer. Triste, muito triste.
Para encerrar, tenho dois recados:
- Enfrentar o câncer sozinho é quase impossível. Não se afaste quando tiver alguém por perto passando por isso. Dentro do seu limite, preste assistência.
- Batalhar diariamente para mudar a realidade das políticas públicas, buscando garantir acesso rápido aos exames, aos especialistas e ao tratamento, requer uma enorme força-tarefa. Por isso, também não se afaste. O câncer é um problema de todos nós – e seu combate precisa de você!
* Luciana Holtz é psicóloga, fundadora e presidente do Instituto Oncoguia