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Na pandemia, mexa-se para evitar quedas e fraturas

Falta de atividade física imposta pelo isolamento social leva a enfraquecimento e aumenta risco de quedas e fraturas, alerta especialista

Por Marco Aurélio Silvério Neves, ortopedista*
4 nov 2020, 10h07

Nossos idosos já conhecem muito bem quanto uma caminhada matinal contribui com a saúde. Todos os médicos prescrevem: fiquem ativos! E é comum ver, logo cedo, dezenas de senhores e senhoras caminhando nas praças e parques ou se exercitando em equipamentos públicos de ginástica. A situação mudou com os riscos aterrorizantes da pandemia.

Nesses sete meses, nos recolhemos ao máximo às nossas casas. Os idosos, então, nem se fale. Quanto mais abrigados, mais protegidos contra o coronavírus que, sem dúvida, é uma ameaça grave. Mas como manter a tal rotina de exercícios? A grande maioria parou totalmente suas atividades, o que leva à perda de massa muscular e consequentemente, ao enfraquecimento.

Esse enfraquecimento, aliado a problemas já comuns ao idoso como a visão menos acurada e a perda de reflexos, acaba por provocar as temidas quedas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a prevalência de quedas após os 65 anos gira entre 30 e 60% e essas pessoas caem ao menos uma vez por ano.

A queda pode ser da própria altura ou de uma cadeira ou da cama. Se somamos esse enfraquecimento muscular a uma casa mal preparada, com degraus, tapetes e móveis na altura errada, além de calçados inadequados, os tombos podem ser ainda mais frequentes e perigosos.

Em uma sociedade que está envelhecendo cada vez mais, como a brasileira, ao examinarmos a população acima de 80 anos, a prevalência de quedas é seis vezes maior. E muitas vezes esse trauma leva ao óbito, tanto imediato, como em decorrência do processo de internação. As fraturas ósseas já são a quinta causa de morte acima dos 65 anos. Um trabalho publicado na Revista Brasileira de Ortopedia revela que a taxa de mortalidade de pacientes com fratura de fêmur submetidos à cirurgia em um hospital no sul do Brasil chegou a 23,6%.

A musculatura é o que dá sustentabilidade ao corpo e é fato que a perda da massa muscular em função do envelhecimento não tem como ser plenamente freada. Entretanto, é possível manter o corpo saudável tendo uma rotina de atividades físicas.

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Quem sempre se exercitou – e não deve parar – com certeza terá menor enfraquecimento, mas mesmo quem tinha uma vida sedentária deve ser incentivado a começar, independentemente da idade. É importante, claro, uma visita ao médico antes, que pode indicar o que é melhor e mais adequado para cada um. Mas nunca é tarde para começar.

Uma rotina de exercícios tem uma ação antiqueda, pois também melhora a postura e o equilíbrio. Algumas práticas têm vocação especial para isso, como pilates, ioga e tai chi chuan.

Sabemos que, nestes tempos, tem sido mais difícil se manter ativo em casa e o isolamento social deve continuar até ser seguro o suficiente para retomar as caminhadas em grupo e as atividades nas academias voltadas a idosos. Aí entra a importância da conscientização e do suporte de toda a família e dos cuidadores.

Hoje é possível encontrar aplicativos de celular com sugestões de exercícios adequados para a melhor idade. Mesmo nas redes sociais, gratuitamente, é possível assistir a vários professores e escolas dando aulas e dicas (no Youtube e no Instagram, principalmente).

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O que vimos no dia a dia do consultório e dos pronto-atendimentos foi o aumento significativo de idosos vindo com algum osso quebrado. Sobretudo quadril e fêmur, devido à osteoporose que acompanha principalmente as mulheres. Devemos ter em mente que é comum uma queda no idoso provocar fraturas. Às vezes nem se percebe que algo quebrou, mas a dor que perdura mais tempo após uma queda, mesmo aquele desequilíbrio que nem chegou a levar a pessoa ao chão, deve ser investigada.

A osteoporose é, em grande parte, responsável por tantas fraturas. Uma projeção para 2020 prevê 140 mil fraturas de quadril no Brasil. Em outro estudo, de São Paulo, usando os critérios de diagnóstico da OMS, 33% das mulheres na menopausa apresentavam osteoporose na coluna lombar ou no fêmur.

O exercício físico, principalmente os de fortalecimento, como musculação, pilates e ginástica funcional, colaboram muito para evitar a progressão dessa condição. Além da reposição do cálcio, alimentação equilibrada, banhos de sol e algumas medicações em casos específicos.

Precisamos barrar essa progressão no número de quedas e fraturas que a pandemia só fará aumentar. Um idoso acamado é com certeza um idoso em risco de desenvolver outras doenças que podem levá-lo à morte. Proteger os mais velhos nessa pandemia não se resume a ampará-los em casa e abastecê-los de álcool em gel. Devemos mantê-los ativos e se exercitando.

* Marco Aurélio Silvério Neves é ortopedista e especialista em patologia do quadril e artroplastias do Hospital Moriah, em São Paulo

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