Janeiro Branco se torna um movimento em prol da cultura da saúde mental
Psicólogo que criou essa campanha faz uma retrospectiva da sua jornada e fala da importância de focar em saúde emocional o ano inteiro
O tema da campanha Janeiro Branco deste ano está sendo um dos mais importantes de toda a sua história: “A vida pede equilíbrio!“. Mais do que nunca, faz-se urgente e necessário que as pessoas e as instituições sociais entendam e encarem a necessidade universal de uma “cultura de saúde mental“.
Sem saúde mental, a nossa qualidade de vida fica prejudicada e, por isso, esse é um assunto que se refere a todos.
Mas o que é saúde mental? Como psicólogo, penso que é muito mais do que a definição dada em consenso nos últimos anos, ou seja, “ausência de doenças emocionais”.
Entendo saúde mental, também, como uma definição de vida digna a todos, com justiça social, paz nas relações, harmonias subjetivas e objetivas, vidas com sentidos e propósitos saudáveis, relações de trabalho honestas e saudáveis, além de processos políticos, sociais, econômicos e culturais que garantam igualdade e a equidade de oportunidades e tranquilidade para todos os seres humanos – inclusive dentro do ambiente de trabalho.
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Em janeiro de 2014, pensando em contribuir para o propósito de trazer essa cultura para a sociedade, eu tive a ideia de criar o movimento Janeiro Branco na cidade de Uberlândia (MG).
Desse modo, convidei psicólogos e psicólogas para falarem sobre diversos temas que envolviam a saúde mental, como qualidade de vida, bem-estar psíquico, paz emocional, autoconhecimento e educação sócio-emocional nos relacionamentos.
Os debates aconteciam em espaços públicos e privados da cidade, para empresas, organizações e sociedade. Não imaginava que cresceríamos tanto ano a ano, apesar de esse ser nosso objetivo.
A iniciativa teve tanto êxito que, além de inspirar leis municipais e estaduais em todo o Brasil, quando chega janeiro, ocorrem diversas ações com foco em saúde mental no país inteiro, como palestras, rodas de conversa, tira-dúvidas, workshops, caminhadas, panfletagens, plantões psicológicos, entrevistas, postagens virtuais, lives e até eventos artísticos.
Desde 2016, as atividades alcançaram o exterior, em países como Japão, Angola, Portugal, Estados Unidos, Colômbia, Cabo Verde, Espanha, França e Holanda.
Mas, agora, precisamos que o Movimento Janeiro Branco leve conhecimento sobre saúde mental durante todos os outros meses do ano, continuamente se consolidando como uma campanha em prol da saúde mental, de janeiro a janeiro.
Assim, em 2018, senti a necessidade de criar o Instituto Janeiro Branco, uma organização civil sem fins lucrativos, como uma forma de gerenciar e potencializar ainda mais a campanha. Desde então, a ONG vem trabalhando para a psicoeducação da sociedade e no desenvolvimento de projetos sociais de atenção à saúde mental e emocional da população.
Nesta 10ª edição da campanha, venho percebendo que o diálogo e os debates sobre esse tema estão ajudando a educar a sociedade sobre o que realmente é saúde mental e o que favorece a nossa saúde e da própria humanidade. Está tudo entrelaçado.
O mais importante é que estamos conquistando cada vez mais espaço para falar sobre o equilíbrio emocional, principalmente após a pandemia, quando as pessoas passaram a olhar mais para transtornos como depressão, ansiedade e estresse.
O Janeiro Branco é um movimento que se assemelha a um guarda-chuva: sob ele, ocorrem processos que vão desde a psicoeducação dos indivíduos até processos de conscientização social a respeito da importância de políticas públicas para a saúde mental e as necessidades psicossociais da população.
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Estamos caminhando para que cada vez mais os governantes e a sociedade enxerguem o movimento como uma “filosofia de vida e de trabalho”, com potencial para ser onipresente na vida dos indivíduos e nas instituições sociais, públicas e privadas.
Aproveito este espaço para dizer que a campanha Janeiro Branco se torna, agora, um movimento que trabalhará o ano todo em prol da saúde mental.
E termino o meu artigo citando uma frase do político britânico Winston Churchill que exemplifica bem a alma da campanha Janeiro Branco, que é a de levar conhecimento para as pessoas: “Se você possui conhecimento, deixe os outros acenderem as suas velas com ele.”
*Leonardo Abrahão é psicólogo, palestrante, escritor, idealizador do Movimento Janeiro Branco e presidente do Instituto Janeiro Branco