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Incontinência urinária: menopausa favorece o problema, que tem tratamento

Embora a perda de urina seja frequente entre as mulheres nessa fase, não pode ser considerada normal

Por Joele Lerípio, ginecologista*
14 mar 2023, 12h07
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  • A perda de urina entre as mulheres de meia idade pode parecer não ser uma realidade tão frequente assim. Mas está mais presente do que se imagina – tanto na vida daquela mulher que anda de salto no shopping como da que já não possui a autonomia que a saúde dá.

    Perder a urina de forma não voluntária, em qualquer quantidade, é o que chamamos de incontinência urinária. Trata-se de uma situação que pode limitar bastante a qualidade de vida das mulheres.

    Falo do sexo feminino porque, nos homens, essa condição é mais rara – mas não menos importante, lógico. No caso deles, a incontinência pode ocorrer após cirurgia da próstata ou por lesões neurológicas.

    Os tipos de incontinência urinária

    Nelas, por sua vez, o tipo mais frequente de perda urinária é a incontinência de esforço, aquela que ocorre após tosse, espirro ou pulos.

    + Leia também: Endometriose profunda causa dor mais forte e maior risco de infertilidade

    Isso acontece quando existem alterações na musculatura de sustentação da bexiga – o assoalho pélvico –, que vai cedendo e trazendo o órgão para baixo. É por isso que a mulher não consegue segurar o xixi nas situações de pressão no abdômen.

    Também existe a incontinência urinária de urgência. Nesse caso, há alteração no músculo da bexiga, que se contrai sem aviso e transborda. Ou o aviso é muito “curto”, aí não dá tempo de a mulher chegar ao banheiro.

    Esse tipo tem a ver com a capacidade de armazenamento, de contração ou de resposta do músculo da bexiga aos comandos do cérebro. Em resumo, a mulher perde o controle sobre o seu comando urinário.

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    Há a possibilidade de esses dois tipos existirem em uma só mulher, que é a incontinência urinária mista.

    A principal causa do aparecimento ou agravamento desses quadros é o próprio envelhecimento, sobretudo a partir da menopausa.

    O processo inicial capaz de levar à perda urinária nessa fase pode ser decorrente da obesidade, de muitas gestações, de partos difíceis, entre outros fatores. São circunstâncias que forçam o assoalho pélvico, deixando os músculos ali mais flácidos.

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    A menopausa e a incontinência

    Na menopausa, há mudanças hormonais que causam a flacidez na musculatura que sustenta a bexiga e o afinamento da pele de todo genital. Isso favorece o início ou o agravamento das perdas.

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    Para ter ideia, cerca de 40% das mulheres que estão nessa fase têm algum grau de incontinência – que pode ser um simples escape após pequenos esforços ou uma perda contínua, e sem qualquer controle.

    No Brasil, estima-se que tenhamos aproximadamente 60 milhões de mulheres na menopausa, de acordo com dados do IBGE. E, segundo os últimos dados do mesmo instituto, a expectativa de vida feminina é de mais ou menos 80,1 anos.

    Significa, portanto, que mais de um terço da vida da mulher acontece nesse período da menopausa.

    + Leia também: Há (mais) vida na menopausa

    O impacto na qualidade de vida

    A incontinência atrapalha demais a rotina das mulheres. Elas têm sua autoestima afetada, e sentem medo de estar com cheiro de urina. Assim, começam a limitar suas atividades – tanto as profissionais como as de lazer – a uma curta distância de casa.

    Daí a importância de falarmos mais abertamente sobre a incontinência.

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    Mas esse tema ainda é um tabu, como mostra a pesquisa “Menopausa e Incontinência Urinária”, encomendada pela marca TENA, de produtos para incontinência urinária, e desenvolvida pelo Data8, hub especializado em dados sobre o público 50+, com consultoria da No Pausa, uma organização latino-americana que promove o diálogo aberto e intergeracional sobre a menopausa.

    Ao entrevistar 24 mulheres de 40 a 64 anos, a investigação demonstra que o assunto não surge espontaneamente entre elas – nem mesmo com seus médicos!

    Inclusive, a prevalência do problema pode ser ainda maior do que a relatada aqui.

    E, quando são estimuladas a falar sobre incontinência urinária, elas não consideram que esse é um sintoma associado à menopausa.

    + Leia também: Como está a saúde mental das mães brasileiras?

    Dessa maneira, a incontinência urinária cria um isolamento social baseado em silêncio.

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    A mulher aceita cada vez menos convites, e sua rotina vai ficando restrita ao lar. A vida sexual também pode ser afetada, já que essas perdas podem acontecer durante a relação e deixar a área íntima com assaduras e até mau cheiro.

    As infecções urinárias também acabam mais frequentes e, com elas, vem dor, desconforto e o risco de um quadro mais grave, com comprometimento renal.

    Incontinência nunca é normal

    Além da vergonha de falar sobre o assunto, muitas mulheres acham que perder urina é algo normal – especialmente quando viram a mãe ou avó passar por isso. Mas nenhuma perda é normal!

    Existem tratamentos capazes de curar ou amenizar a incontinência. Mas vale ressaltar que aquilo que funciona para uma paciente pode não funcionar para outra.

    + Leia também: O que causa dor durante o sexo?

    Por isso, é essencial procurar um médico ginecologista ou urologista e falar abertamente sobre o problema.

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    Esse é o primeiro passo para o diagnóstico correto e para a definição do tratamento mais certeiro.

    Como se resolve a incontinência

    Como comentei, os tratamentos variam.

    Em casos leves a moderados da incontinência urinária de esforço, é preciso reforçar a musculatura de sustentação. Para isso, temos como opções a fisioterapia pélvica, os exercícios de Kegel, o pompoarismo, além de laser e radiofrequência íntimos.

    Em casos mais graves, nos quais a bexiga desceu muito, uma cirurgia pode ser necessária.

    Nos casos de incontinência urinária de urgência, a avaliação pode ser mais meticulosa, usando um exame que avalia a dinâmica do esvaziamento e força de contração da bexiga – o estudo urodinâmico.

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    Muitas vezes, somente a partir dele é que será possível identificar qual a melhor conduta e medicação a ser utilizada.

    Mas, em todas as situações, a mulher tem que receber apoio do ponto de vista psicológico, para que entenda que seu problema não é normal e que há, sim, algo a ser feito para a melhora ou até mesmo a cura.

    Se não houver completa remissão da perda com os tratamentos propostos, essa paciente precisa ser apresentada a formas de cuidado e produtos que auxiliarão na manutenção da sua qualidade de vida, mesmo com a presença da incontinência.

    *Joele Lerípio é médica ginecologista pós-graduada em fisiologia do envelhecimento saudável e em terapias regenerativas íntimas e estética genital.

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