O acesso à saúde de qualidade é um grande desafio, em especial quando se tratam de populações como mulheres, negros e indígenas, que historicamente recebem atendimento precário pelos sistemas de saúde.
As desigualdades socioeconômicas e geográficas estão, entre outros fatores, entre os principais responsáveis por esta disparidade na assistência, inclusive no Brasil.
Porém, antes de analisar os serviços assistenciais, é fundamental observar o panorama acadêmico. Aumentar a representatividade nas pesquisas científicas é uma necessidade para criar políticas públicas e implementar soluções que de fato impactem positivamente as mais diversas populações.
Isso inclui nomear mais mulheres e pessoas de diversas origens étnicas para cargos importantes nos setores acadêmico e de saúde, bem como aumentar o papel de liderança para as comunidades indígenas e seus conhecimentos tradicionais em seus próprios sistemas de saúde.
Todas as comunidades devem ter o poder de tomar suas próprias decisões sobre seus cuidados de saúde, tendo a ciência como norte.
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A medicina tem passado por constantes e relevantes transformações. O cuidado personalizado, de precisão, pode ser uma mudança progressista, mas, para alcançar os resultados esperados, é necessário incentivar a produção científica colaborativa.
Ampliar a inclusão na pesquisa, incluindo o engajamento e envolvimento dos pacientes na definição das prioridades da medicina, é a forma mais adequada de promover saúde e aumentar a qualidade de vida das pessoas.
Uma forma de viabilizar esta equidade na ciência e até mesmo na prática da medicina é por meio de parcerias, envolvendo os setores público e privado para que os desfechos científicos contemplem o maior número de pessoas possível.
É fundamental considerar ainda os fatores ambientais. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), entre 2030 e 2050, as mudanças climáticas serão responsáveis por cerca de 250 mil mortes por ano.
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Elas despontam como uma grande ameaça por estarem diretamente ligadas à fome e desnutrição devido à queda na produção de alimentos, à proliferação de doenças infecciosas e ao aumento da poluição. Desastres naturais também interferem no acesso aos serviços básicos.
Para desenvolver políticas de saúde genuinamente inclusivas, precisamos ainda superar mais um obstáculo: a ausência de dados sobre esta população.
É por meio do conhecimento com exatidão das necessidades de diferentes grupos sociais que podemos definir ações de prevenção e combate às doenças com mais assertividade.
Esses temas foram centrais no recente evento Inclusive Health Research. Nele, a Nature Awards e a Nature Medicine, do grupo Springer Nature, em parceria com a Takeda, reuniram pesquisadores e especialistas para identificar soluções e estimular a adoção das melhores práticas.
Projetos em diversos países ganharam o Nature Awards por suas pesquisas inclusivas, como Malásia, África do Sul, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, mostrando que esse caminho é viável e promissor.
Foi disponibilizada gratuitamente uma biblioteca de cases, dedicada a pesquisas desta natureza.
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Saúde de precisão não significa apenas abordagens tecnológicas, mas desenvolver soluções certas para cada população, com o envolvimento dessa comunidade.
Focar na geração de conhecimento já com uma perspectiva inclusiva deve ser uma premissa dos centros de saúde e educação em saúde. Para isso, deve-se quebrar paradigmas e romper a produção científica voltada para um único perfil de população.
Não existe saúde se houver algum grupo, seja ele qual for, que não tenha acesso ao cuidado básico.
Abordagens colaborativas propiciam resultados mais acurados de pesquisa e contribuem para o desenvolvimento de soluções econômicas e acessíveis. Este é o desenho de um futuro igualitário.
Que ele começa agora, a partir de abordagens aprofundadas, diversas e sustentáveis.
*Ben Johnson, editor sênior da Nature Medicine