El Niño, virada de tempo e primavera: o combo perfeito para a rinite
Momento atual cria um ambiente propício para o surgimento de crises alérgicas. Entenda os motivos e como amenizá-las
Os sintomas da rinite alérgica são bem conhecidos por quem sofre com as crises. Coceira frequente no nariz e/ou nos olhos; espirros seguidos, principalmente pela manhã e à noite; coriza frequente; e obstrução nasal. Eles estão presentes mesmo quando o indivíduo não está resfriado.
Ambientes empoeirados, ácaros, mofo, cheiros fortes, como perfumes e produtos de limpeza, pelos de animais e polens são alguns dos gatilhos das crises de rinite. E o que a primavera e o El Niño têm a ver com isso tudo?
Pois bem, caro leitor, a transição de estação, que traz oscilação de temperatura, somada ao fenômeno climático — caracterizado pelo aquecimento anormal das águas, aumento da umidade e temperaturas mais elevadas — cria um ambiente propício para o crescimento de alérgenos, como pólen e mofo.
Esses fatores contribuem para a irritação da mucosa nasal e, consequentemente, o desencadeamento de crises respiratórias, entre elas a rinite.
Vale lembrar que a primavera é uma estação conhecida pelo aumento da concentração de pólen no ar, principalmente no Sul do País. Portanto, a irritação no nariz tende a aumentar.
Quando o El Niño e a primavera coincidem, a combinação desses fatores pode resultar em uma temporada particularmente desafiadora para os indivíduos com rinite alérgica. Com a piora significativa dos sintomas, a qualidade de vida e a produtividade dessas pessoas pode ser afetada.
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Como amenizar a rinite alérgica
É possível adotar várias medidas preventivas e de tratamento, como consultar um médico especialista, que orientará sobre a melhor conduta de tratamento, e como minimizar exposição a alérgenos.
Além disso, estar ciente das condições climáticas, incluindo eventos como fenômenos e trocas de estação, pode ajudar as pessoas a se prepararem para esses períodos desafiadores.
Listo abaixo algumas dicas que podem ajudar as prevenir as crises de rinite:
- Colchões e travesseiros devem ser colocados dentro de capas impermeáveis aos ácaros;
- Evite tapetes, carpetes, cortinas e almofadas, especialmente nos dormitórios;
- Dê preferência aos pisos de cerâmica, vinil e madeira e às cortinas do tipo persiana ou de material que possa ser limpo com pano úmido;
- Passe pano úmido diariamente na casa ou use aspirador de pó com filtros especiais (HEPA) 2 vezes na semana;
- Evite banhos extremamente quentes e oscilação brusca de temperatura, assim como a inalação de odores fortes como perfume, aromatizador de ambiente, incenso e cigarro.
Problema comum
Não contagiosa e de fundo hereditário, a rinite alérgica atinge 26% das crianças. Em adolescentes, esse percentual vai a 30%, de acordo com dados do ISAAC (Estudo Internacional de Asma e Alergias na Infância).
E há um forte componente hereditário: um bebê com pai e mãe alérgicos tem uma chance de 50% a 70% maior de desenvolver a doença.
Com medidas preventivas, todos podemos passar pela estação mais florida do ano e pelo El Niño com menos espirros e mais saúde.
*Maria Letícia Chavarria é coordenadora do Departamento Científico de Rinite da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI)