Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Super Black Friday: Assine a partir de 5,99
Imagem Blog

Com a Palavra

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde

Dor crônica e neuroplasticidade: por que o cérebro “vicia” em sentir dor?

Descubra como a neuroplasticidade faz o cérebro se adaptar à dor crônica e como reverter esse ciclo com exercícios e terapias específicas

Por Mariana Schamas, cinesiologista*
Atualizado em 31 ago 2025, 05h25 - Publicado em 31 ago 2025, 04h00
dor-sistema-nervoso
Entenda como o sistema nervoso processa a dor (Ilustração: Thiago Almeida Foto: joecicak/Getty Images)
Continua após publicidade

A dor é 100% produzida no cérebro. A dor só vira dor quando o cérebro a interpreta como tal.

Neuroplasticidade é a capacidade que o cérebro tem de se organizar, reorganizar e fortalecer suas conexões neurais durante a vida toda, moldando-se a partir de estímulos, aprendizados, lesões e até dor. Essa capacidade é essencial para aprender continuamente ao longo da vida, preservar a saúde cognitiva e física, recuperar funções após lesões neurológicas e lidar com a dor de forma mais eficaz.

Atividades como leitura, exercício físico, raciocínio, interações sociais e estímulos intelectuais atuam como estímulos potentes para promover essa reorganização cerebral, sobretudo no contexto da dor.

+Leia também: Dor crônica: as novidades da ciência contra o problema que só cresce

A dor persistente e de difícil controle desorganiza a forma como o cérebro interpreta os estímulos do corpo e do ambiente. Tudo passa a ser percebido como uma ameaça — até mesmo sinais que normalmente não causariam dor. Com isso, os sinais de dor se intensificam, e a percepção do próprio corpo se altera, levando a sensações de dor, frio ou calor de maneira exagerada e desproporcional.

Nesse cenário, o cérebro fica “viciado”, mantendo a sensação de dor ativa, mesmo sem nenhuma lesão. A adaptação cerebral, nem sempre é boa, ela pode ser mal adaptativa, causando muito sofrimento e dificuldade de adesão a um plano de tratamento. No caso da dor, o cérebro aprende respostas que a mantém funcionando em “modo de alerta permanente”.

+Leia também: Como uma dor se torna crônica?

Como o cérebro aprende a sentir dor?

A dor é uma experiência real, mas também pode ser transformada.

Continua após a publicidade

Assim como o corpo aprendeu a sentir dor de forma persistente, é possível desaprender esse padrão. Esse processo de mudança se chama neuroplasticidade positiva — a habilidade do cérebro de se reorganizar com base em novas experiências. Podemos, pouco a pouco, construir caminhos neurais mais gentis e menos ameaçadores.

“A neuroplasticidade é a prova de que o cérebro é dinâmico e adaptável — capaz de se reconstruir, aprender e proteger sua funcionalidade conforme somos estimulados. É um conceito esperançoso tanto para a educação contínua quanto para a recuperação neurológica”, diz Drauzio Varella.

O que acontece fisiologicamente na dor crônica? Áreas do cérebro se reorganizam, distorcendo o “mapa” do corpo. O sistema nervoso central se torna hiperreativo: toques e movimentos leves podem causar dor. Essa dor se torna um “hábito neural”, mesmo sem perigo real.

O medo do movimento agrava o ciclo, causando mais dor e limitação. A pessoa evita movimentos, o que reforça o mapa distorcido e o ciclo doloroso, gerando mais medo, mais ansiedade e consequentemente mais dor.

Continua após a publicidade

Como reverter a dor crônica

A boa notícia é que podemos reverter esse cenário com a neuroplasticidade adaptativa e positiva. O cérebro pode ser reeducado a perceber o corpo e o movimento como seguros e não ameaçadores.

Como fazer isso? Com uma boa avaliação de especialista em dor, com protagonismo e informação:

  • Educação em neurociência da dor – ensinar sobre os mecanismos da dor, como ela se manifesta no corpo, orientando de forma segura e eficiente.
  • Exposição gradual ao movimento – um programa de exercício específico que gradualmente convida a prática física sem gerar dor com foco na funcionalidade.
  • Atividades cognitivas – exercícios que estimulam a tomada de decisão, coordenação, destreza, raciocínio e duplas tarefas (movimentar o corpo enquanto faz conta matemática).
  • Gerenciamento das emoções, redução do estresse – prática de meditação, relaxamento, diário e psicoterapia.
  • Terapias que reduzem medo, ansiedade e isolamento – durante os exercícios, introduzir movimentos corporais que tragam segurança.

+Leia também: Descubra os 6 pilares essenciais para aliviar a dor de forma eficaz

O papel do exercício na reeducação do cérebro

O exercício pode ajudar (e muito!) a reorganizar a neuroplasticidade mal adaptativa na dor crônica. É uma das ferramentas terapêuticas mais poderosas quando bem dosada, compreendida e contextualizada para cada pessoa, trazendo vários benefícios:

Continua após a publicidade
  • Reorganiza o mapa corporal cerebral. → Movimento consciente melhora a representação da parte dolorosa.
  • Reduz a sensibilização central. → Libera neurotransmissores que inibem a dor, como endorfinas.
  • Reconstrói a relação entre movimento e segurança. → Movimento deixa de ser associado à dor.
  • Melhora o humor, o sono e a cognição. → Emoções e hábitos influenciam diretamente a dor.

O exercício precisa ser individualizado e progressivo. Antes de se mover, é essencial entender e acolher o medo da dor. Educar primeiro, mover depois.

A dor é uma opinião do cérebro. E boas experiências reescrevem essa opinião. Cuidar das conexões cerebrais é cuidar de si.

*Mariana Schamas-Esposel, BSc Kin, Cinesiologista, professora da USP e criadora do Programa LibertaDor

Continua após a publicidade
Compartilhe essa matéria via:

 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

SUPER BLACK FRIDAY

Digital Completo

Sua saúde merece prioridade!
Com a Veja Saúde Digital , você tem acesso imediato a pesquisas, dicas práticas, prevenção e novidades da medicina — direto no celular, tablet ou computador.
De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 3,99/mês
SUPER BLACK FRIDAY

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
De: R$ 26,90/mês
A partir de R$ 9,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$47,88, equivalente a R$3,99/mês.