Doença do carrapato: cães com coleira ou remédio ainda podem se infectar
Entenda como a erliquiose se transmite e por que a prevenção com antiparasitários é essencial, mesmo que não garanta 100% de proteção
Mesmo com todos os cuidados preventivos, muitos tutores ainda se deparam com diagnósticos de doenças transmitidas por carrapatos, como a erliquiose canina, popularmente conhecida como doença do carrapato.
A surpresa e a frustração são compreensíveis, especialmente entre aqueles que mantêm a proteção do pet sempre em dia. No entanto, a ciência mostra que a resposta para esses casos pode ser mais complexa do que parece.
A erliquiose, causada no Brasil principalmente pela bactéria ehrlichia canis, é uma das hemoparasitoses mais comuns e desafiadoras em cães no país. Essa doença é transmitida pelo carrapato marrom do cão (Rhipicephalus sanguineus) e pode se manifestar de diferentes formas: aguda, subclínica ou crônica.
Os sintomas variam amplamente, indo desde febre, letargia e anemia até sangramentos, alterações neurológicas e oculares, e, em casos graves, risco de morte.
Mesmo com o uso regular de antiparasitários, é importante lembrar que nenhum método oferece 100% de proteção contra a transmissão dessas doenças. Produtos disponíveis atualmente no mercado eliminam o carrapato após o contato, mas ele ainda precisa picar o animal para ser afetado.
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Além disso, ao contrário do que muitos acreditam, produtos tópicos não impedem necessariamente a picada do carrapato. O ciclo de alimentação do carrapato é complexo, e o tempo necessário para a transmissão das diversas doenças que ele carrega varia. Isso significa que existe uma janela de tempo em que a transmissão de agentes infecciosos pode ocorrer.
Outro ponto que merece atenção é a possibilidade de infecção antes mesmo de o tutor adotar o animal. Para cães adotados ainda filhotes, é importante considerar que o parasita pode ter sido adquirido na ninhada ou em contato precoce com carrapatos.
Nesses casos, a doença pode permanecer latente (dormente) no organismo do animal. A erliquiose, por exemplo, pode passar por uma fase subclínica, durante a qual o cão não apresenta sintomas por semanas, meses ou até anos. Situações de estresse, baixa imunidade ou outras doenças podem reativar a infecção e desencadear os sintomas.
A prevenção continua sendo a melhor estratégia para proteger os pets. No entanto, é fundamental que os tutores estejam atentos a qualquer sinal clínico e mantenham o acompanhamento veterinário regular pois a detecção precoce é essencial para o sucesso do tratamento. Quanto mais cães estiverem protegidos, menor será a circulação de carrapatos na população canina e, consequentemente, menor será a disseminação das doenças transmitidas por esses parasitas.
Além dos impactos diretos na saúde dos cães, as hemoparasitoses também representam um risco à saúde pública. Algumas dessas doenças, como a febre maculosa, são zoonoses — ou seja, podem ser transmitidas aos humanos pela picada do carrapato conhecido popularmente como carrapato-estrela. Assim, proteger o pet também é uma forma de proteger toda a família.
O diagnóstico da erliquiose é desafiador e exige uma abordagem completa, combinando exames laboratoriais, como hemograma e avaliação da função renal, com testes específicos, como sorologia (RIFI e/ou ELISA) e diagnóstico molecular por PCR.
Além disso, a avaliação clínica desempenha um papel crucial. O tratamento deve ser conduzido exclusivamente por um médico-veterinário, que levará em conta a fase da doença e o estado clínico e imunológico do animal.
Portanto, mesmo com todos os cuidados, é possível que um cão protegido tenha sido exposto à doença do carrapato em algum momento da vida. Isso não representa uma falha do tutor, mas sim a complexidade do ciclo de transmissão e da biologia dos agentes envolvidos.
Informação, vigilância e acompanhamento profissional são os melhores aliados para garantir a saúde e o bem-estar dos nossos pets.
*Dra. Karin Botteon é médica-veterinária e gerente técnica da Boehringer Ingelheim
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