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Digamos “não” à banalização dos procedimentos médicos

Especialista alerta sobre os riscos de tratamentos invasivos realizados por profissionais não médicos

Por Heitor de Sá Gonçalves, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD)*
19 jul 2024, 09h10
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Procedimentos estéticos invasivos realizados por profissionais não habilitados representam riscos à saúde (Ilustração: Gustavo Gialuca/Veja Saúde)
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Muito se tem falado sobre a morte de um homem de 27 anos após ter realizado um procedimento estético invasivo, o peeling de fenol, com uma pessoa que não possui formação médica, em um local sem estrutura e sem recursos para prestar os primeiros socorros em caso de intercorrência.

A exemplo de outros episódios com desfecho fatal ou não, o caso cobra um alerta à sociedade civil, às autoridades e aos gestores públicos. É hora de pensar sobre o que já vem acontecendo e agir rápido a fim de prevenir novos danos e mortes evitáveis.

A realização de procedimentos estéticos invasivos por profissionais não médicos invade a esfera de atuação exclusiva da nossa categoria, segundo a Lei do Ato Médico, que define como atos privativos desse profissional a indicação e a execução de procedimentos invasivos para fins diagnósticos, terapêuticos ou estéticos.

Leis são superiores a resoluções e normas de conselhos. A alteração de escopo da atuação profissional só deve ocorrer com respaldo da legislação, e não por decisões administrativas de órgãos que regulam profissões.

+ Leia também: Peeling de fenol: mitos e verdades

Diante dos excessos atuais e dos riscos inerentes à saúde da população, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e outras entidades se posicionam contra a banalização dessas intervenções em defesa da integridade dos pacientes.

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Cada vez mais os dermatologistas recebem, em seus consultórios, pessoas submetidas a procedimentos estéticos mal realizados, com resultados ruins, deformidades e complicações que necessitam de longo tempo de tratamento.

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Sabe-se que qualquer procedimento é passível de efeitos adversos. Mas podemos minimizar os riscos e contorná-los com base em boa formação, especialização e critérios científicos. Fora isso, o médico deve estar sempre em aprendizado, absorvendo os avanços da ciência e da tecnologia.

Logo, os procedimentos estéticos invasivos não podem ser dissociados da atuação médica, pois exigem diagnóstico e conduta terapêutica inerentes à atividade.

+ Leia também: Criolipólise funciona? O que é a técnica que “congela” gordura

Um dermatologista passa por um treinamento que pode levar nove anos ou mais para ser concluído: são seis de graduação em medicina e mais três de formação na especialidade, adquirindo habilidades e competências para indicar e executar procedimentos clínicos, cirúrgicos e estéticos. Tudo isso está atrelado a uma boa consulta, com anamnese e exame físico para estabelecer prescrições e contraindicações.

A formação médica adequada também é extremamente necessária para reconhecer e manejar precocemente complicações que alguns procedimentos estéticos podem acarretar — e algumas exigem tratamento de urgência. Sem esses cuidados, tomados por médicos habilitados, casos graves como o noticiado pela imprensa continuarão causando sérios danos à saúde.

Conhecer a anatomia, as técnicas e as eventuais reações adversas, para prontamente administrá-las, é fundamental para alcançar bons resultados e manter o bem-estar e a segurança. E isso não se restringe ao peeling de fenol. Não podemos vulgarizar os procedimentos e o respeito aos pacientes.

*Heitor de Sá Gonçalves é dermatologista, professor da Universidade Estadual do Ceará e presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

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