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8 anos sem banho: médico revela efeitos no corpo; entenda

Relato da experiência do americano James Hamblin voltou a tomar conta da internet. Pesquisador garante que nem sujeira nem mau cheiro foram problemas

Por Maurício Brum
15 jul 2024, 13h43
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Sem banhos, argumenta o pesquisador, a oleosidade natural da pele encontrou um equilíbrio (Foto: Freepik/Divulgação)
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A falta de banhos do médico norte-americano James Hamblin ganhou as manchetes pela primeira vez em 2020, quando ele publicou um livro relatando sua experiência reduzindo ao máximo esse hábito rotineiro. Nos últimos dias, ele voltou a atrair interesse, com novas notícias destacando os resultados do que agora já são mais de oito anos longe do chuveiro.

Lendo essa notícia da perspectiva brasileira, é difícil escapar da vontade de fazer piada — afinal, estamos entre as nações que mais tomam banho no mundo, e em algumas partes mais quentes do país isso acontece mais de uma vez por dia. Se passar um ou dois dias sem banho parece absurdo para nós, que dirá oito anos!

+Leia também: Será que precisamos tomar banho todo dia?

Mas, afinal, por que Hamblin decidiu fazer isso? E que tipo de resultados ele esperava obter? Logo de cara, vale destacar: apesar do que pode parecer à primeira vista, o pesquisador garante que seu corpo se adaptou bem aos novos hábitos e nem mesmo o mau cheiro (diz ele…) teria sido um problema para as pessoas ao seu redor.

Por que ele parou de tomar banho?

Hamblin deixou de tomar banho em 2015. Segundo o médico, sua inspiração partiu de outras pesquisas que tentam “desnaturalizar” alguns hábitos cotidianos ao questionar suas origens e sua fundamentação biológica: do ato de tomar um suco de laranja no café da manhã à necessidade de dormir oito horas por noite, muitas coisas que consideramos normais e naturais não foram sempre assim.

Com o banho, defende ele, é a mesma coisa.

A ideia do especialista não era tanto fazer um manifesto contra a limpeza de modo geral, mas contra a necessidade de usarmos tantos produtos para fazer isso. Uma das hipóteses que ele tentou demonstrar era, por exemplo, o quanto a limpeza agressiva com determinados tipos de sabonete ressecava a pele — e, consequentemente, gerava uma necessidade de reidratá-la que não existiria se simplesmente deixássemos ela funcionar naturalmente.

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Flertando com uma crítica ao consumismo, no livro em que relata a experiência o médico também questiona até que ponto a naturalização desses hábitos (inclusive os de limpeza) não são apenas uma obra de marketing muito bem feita, em cima de uma ideia histórica da humanidade que associa coisas “limpas” à pureza, de imagens religiosas aos germes que nos habitam.

Quais foram os resultados do experimento?

Aqui, tudo é baseado no relato de Hamblin sobre si mesmo. O médico não publicou estudos científicos relatando descobertas, mas afirma que, sem a perturbação dos produtos de limpeza, a microbiota da pele encontrou um estado de equilíbrio que gradativamente reduziu a sensação de oleosidade que sentimos quando passamos algum tempo acima do normal sem nos banharmos.

Ele também afirma, quanto ao cheiro, que pediu para as pessoas ao seu redor serem “honestas” caso sentissem odores desagradáveis pela mudança de hábitos. E, pela experiência, não houve reclamações. Hamblin defende que o mau cheiro não seria um indicador de sujeira, mas de desequilíbrios microbianos que afetariam de forma até mais intensa quem se banha diariamente.

Sem banho, mas não sem limpeza

O experimento do médico, no entanto, não significou um rompimento total com qualquer hábito de higiene. Hamblin jamais deixou de lavar as mãos com sabão ou escovar os dentes todos os dias, por exemplo. O que ele fez foi reduzir as duchas e o uso de produtos de limpeza no resto do corpo.

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Quando se sentia particularmente sujo, relata, técnicas que reduziam essa sensação envolviam esfoliação, esfregar a própria pele com as mãos ou pentear – e molhar, mas sem xampu – o cabelo.

Vale reforçar: mesmo que os achados de Hamblin possam despertar algum filão de pesquisas científicas, até o momento é uma experiência individual, que não pode ser extrapolada para todas as pessoas.

Cada pele tem características únicas e, mesmo que você se sinta confortável em reduzir seus banhos (algo que nem todo mundo está disposto a fazer), não necessariamente o que ocorreu com ele aconteceria com você. Ele próprio diz que sua metodologia serve como um caminho para quem quer mudar seus hábitos, mas não é uma indicação universal.

Quem é James Hamblin

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James Hamblin (Redes sociais/Reprodução)

Médico especializado em saúde pública e medicina preventiva, Hamblin se tornou conhecido graças às participações na revista The Atlantic, onde fez sucesso com um quadro em vídeo sobre temas de saúde chamado “If Our Bodies Could Talk” (“Se nossos corpos pudessem falar”, em tradução livre).

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Já vinculado à Universidade Yale, em 2020 ele ganhou manchetes pela primeira vez em função da “falta de banho”. À época, ele estava lançando o livro Clean: The New Science of Skin – Clique para comprar* (“Limpo: a nova ciência da pele”, em tradução livre) em que relatava seus achados, passados cinco anos de experimentos na área.

Em entrevista no início deste ano a um podcast de Yale, ele confirmou que segue ainda hoje com muitos hábitos adotados na época. Ou seja, completou oito anos (e está indo para o nono) sem tomar o que consideraríamos um banho típico. Sem cheirar mal nem ter problemas de saúde por isso, garante.

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