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Como o humor mexe com a nossa saúde e as nossas dores

A neurociência vem mostrando que essa relação é mais estreita do que pensávamos. Especialista reflete sobre o impacto do estado de humor em nosso corpo

Por Mariana Schamas, cinesiologista*
Atualizado em 18 jun 2021, 10h56 - Publicado em 18 jun 2021, 10h35

Com certeza você já ouviu o ditado “rir é o melhor remédio”. Mas será que ele tem algum fundamento científico? Uma função importante do humor é facilitar as relações sociais, sendo o primeiro passo para a aproximação das pessoas e o estabelecimento da confiança entre elas e dentro de um grupo.

Mas a neurociência vem mostrando que o estado de humor tem a ver mais diretamente com a nossa saúde mental e física. O Instituto do Cérebro de Brasília, por exemplo, tem estudado o impacto do riso e do bom humor na saúde. A ideia é a seguinte: se o estresse pode suprimir a imunidade, será que os sentimentos de alegria e esperança não nos fortaleceriam?

Ah, são tantas emoções, diria Roberto Carlos: “Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi”. E os neurocientistas tendem a concordar com o rei. As experiências emocionais são importantes para criar e consolidar redes neurais que nos ajudam a enfrentar melhor situações de dificuldade.

Você já se contaminou pelo mau humor de alguém? E o contrário? Estava meio borocoxô, desanimado e depara com alguém alegre, divertido e, quando vê, você está rindo e se desliga do desânimo por um tempo.

E será que o humor pode influenciar até em nossas dores? Ora, é de imaginar que a dor mexa com o humor, mas e o contrário? Paulo Gustavo, ator e comediante brasileiro, disse em sua última apresentação que “rir é um ato de resistência”. Resistir é também suportar e superar sintomas, esforços e desafios.

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Mas como é que se resiste à dor? Uma dor constante certamente afetará seu humor e poderá deixá-lo até deprimido. Não conheço uma pessoa que fique animada com um desconforto recorrente. Já presenciei, na contramão, o uso do humor e da comédia para dar uma trégua à dor.

Se olharmos para as descobertas da psicologia e da neurociência, veremos que tudo que pensamos e sentimos afeta nossas experiências de vida. Assim, se de um lado a dor influencia nosso estado emocional, o bom humor pode ajudar a aliviá-la.

“A maior arma contra o estresse é nossa habilidade de escolher um pensamento em vez de outro”, já diria o psicólogo e filósofo William James. Num estudo publicado em 2020 com o título O riso tem um efeito de amortecimento do estresse na vida diária?, os autores argumentam que, quando a gente dá uma risada, mudanças fisiológicas acontecem e elas podem ser positivas para o bem-estar. A título de curiosidade, estima-se que as pessoas riam, em média, 18 vezes ao dia.

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O mesmo artigo aponta que “indivíduos são mais capazes de suportar estímulos dolorosos quando estão assistindo a vídeos com conteúdo de humor.” Sim, rir é um jeito de enfrentar as adversidades do dia a dia, inclusive as dolorosas.

Embora ainda existam controvérsias científicas a respeito, se multiplicam as evidências de que a falta de senso de humor possa piorar a saúde, repercutir na imunidade, no sistema cardiovascular e na percepção da dor. Ora, a sensação de dor vem do cérebro. Se o humor atua ali, é de se pensar que o corpo também colherá um benefício. Existem indícios, ainda, de que, após uma boa sessão de risos, relaxamos os grupos musculares e há uma redução na excitabilidade da medula espinhal, fatores que interferem na percepção da dor.

No ano passado, após realizar o curso online “A Ciência do Bem-Estar”, da Universidade Yale (EUA), ficou ainda mais nítido para mim que a sensação de felicidade e o bom humor podem cooperar na recuperação de uma doença e otimizar a assistência médica. É claro que o feitiço pode virar contra o feiticeiro e o senso de humor se tornar uma ferramenta de negação de sintomas e negligência da própria saúde. É disso que precisamos fugir. Como canta Frejat: “rir é bom, mas rir de tudo é desespero”.

“Através do humor vemos no que parece racional, o irracional; no que parece importante, o insignificante. Ele também desperta o nosso sentido de sobrevivência e preserva a nossa saúde mental.” A frase de Charles Chaplin evoca justamente essa ideia, cada vez mais apoiada na neurociência, de que o estado de humor e a percepção das dores da vida estão conectados. Pense nisso e sorria mais!

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* Mariana Schamas é cinesiologista, especialista em dor pelo Hospital Sírio-Libanês (SP) e integrante da equipe Athena (Estratégias Comportamentais no Alívio da Dor)

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