Você que é mulher pode até imaginar: de fato, existem diferentes problemas capazes de afetar o útero, muitos deles com sintomas parecidos. E estamos em um momento propício para fazer um alerta importante sobre uma condição frequentemente confundida com outras, adenomiose.
Neste mês de conscientização, o Abril Roxo, temos a oportunidade de falar sobre o controle dessa doença, que, segundo estimativas, atinge mais de 150 mil brasileiras por ano.
A adenomiose ocorre quando a camada do endométrio, o tecido que reveste o útero, cresce de forma anormal na musculatura uterina. Pense no abdômen como se fosse uma casa e no útero como o quarto. Quanto a tinta da parede descama, é o endométrio cumprindo seu papel natural associado ao ciclo menstrual. Porém, quando essa tinta impregna os tijolos, temos a adenomiose.
Seus sintomas são facilmente confundidos com outra condição que acomete a região, a endometriose. Nesse caso, é preciso consultar o ginecologista quanto antes. O sangramento uterino com fluxo aumentado e a presença de sangue fora do período menstrual são sinais de adenomiose. Da mesma forma, cólicas mais fortes e dificuldade de engravidar e manter a gestação são reflexos do quadro.
Mas o que pode causar adenomiose? Os principais fatores de risco são traumas uterinos (ocasionados por procedimentos como cesárea e curetagem), menstruação antes dos 10 anos de idade e histórico de mais de duas gestações.
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Embora seja mais comum mulheres apresentarem os sintomas a partir dos 40 anos, também encontramos aquelas que desenvolvem o problema a partir dos 20 anos.
Feito o diagnóstico correto, a primeira pergunta que ouço no consultório é: “terei que passar por uma cirurgia?” Como falamos de uma doença progressiva, é essencial tratá-la o mais rápido possível. É por isso que nós, ginecologistas, reforçamos a necessidade do vínculo com as pacientes e orientamos consultas anuais.
O tratamento é feito em dois pilares: o uso de remédios e o procedimento cirúrgico. Inicialmente, os medicamentos controlam os sintomas, como dor e sangramento. O bloqueio da menstruação com hormônios, por sua vez, melhora a qualidade de vida e pode estabilizar a evolução da adenomiose.
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Tudo depende muito da resposta ao tratamento, mas, se a paciente deseja engravidar, geralmente é preciso fazer um procedimento cirúrgico. Nesse caso, a fertilização in vitro também pode ser uma opção.
Pensando nas pacientes que terão de operar, em geral recorremos à cirurgia minimamente invasiva e, hoje, a cirurgia robótica tem sido uma grande aliada na ressecção da adenomiose, já que a técnica é muito mais precisa e bem-sucedida para preservar a fertilidade.
Outro procedimento possível é a radiofrequência: por meio da emissão de calor no local, ela destrói os tecidos que estão doentes. Claro, tudo depende de cada caso e do histórico da paciente. É conversando com o especialista que se chega à melhor proposta terapêutica, que também deixará a mulher mais segura.
Vamos pensar juntos: não dá para deixar a dor e outros sintomas atrapalharem a qualidade de vida quando temos tratamento para a adenomiose e outras condições uterinas. Que este mês sirva para sensibilizar as mulheres que estão sofrendo a procurar ajuda médica sem demora.
* Thiers Soares é ginecologista, cirurgião especialista em endometriose, adenomiose e miomas e presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Minimamente Invasiva e Robótica – Capítulo Rio de Janeiro