Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Com a Palavra

Por Blog Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde
Continua após publicidade

Burocracia e falta de investimento dificultam controle das doenças raras

Apesar dos avanços recentes, advogada examina as barreiras e limitações que travam o acesso de pacientes e familiares a tratamentos melhores

Por Tatiana Kota, advogada especializada em direito à saúde*
4 mar 2021, 15h48
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Celebramos há pouco o Dia Mundial das Doenças Raras, tema que precisa ser abordado o ano inteiro para garantirmos mais acesso aos tratamentos e melhorar os cuidados destinados a pacientes e famílias. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define uma doença rara como aquela que afeta até 65 pessoas em 100 mil indivíduos. Estima-se que existam entre 6 e 8 mil enfermidades assim.

    O enfoque sobre o assunto ganhou relevância nos últimos tempos com as campanhas de doação para a aquisição de um tratamento caríssimo e aprovado para atrofia muscular espinhal (AME), uma doença neuromuscular caracterizada por degeneração progressiva. O tratamento em questão é uma terapia gênica, já considerada o medicamento mais caro do mundo. Para a sobrevivência do paciente, cada família tem de desembolsar ao redor de 2,1 milhões de dólares.

    O caso é simbólico e o fato é que, infelizmente, os pacientes com doenças raras e ultrarraras deparam com inúmeras barreiras de acesso. As terapias novas não alcançam o cotidiano deles devido ao alto custo, à burocracia nacional ou à falta de interesse comercial dos laboratórios.

    Dentro dessa perspectiva, a agilidade para receber o diagnóstico correto e obter o tratamento necessário é imprescindível para amenizar os sintomas e devolver a qualidade de vida. Muitos pacientes perdem a autonomia para realizar atividades diárias e, não raro, a enfermidade é incapacitante.

    Uma das críticas das associações de pacientes é que, na maioria das vezes, os órgãos reguladores dos Estados Unidos e da Europa liberam um produto novo, mas, no Brasil, a burocracia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) barra ou atrasa o acesso. A agência alega que precisa de um longo período de estudo para aprovação da droga. Com isso, pacientes não conseguem a medicação já existente pelo SUS ou mesmo pelo plano de saúde.

    Continua após a publicidade

    Diante da comoção popular e com o intuito de agilizar esse processo, a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº. 205/2017 da Anvisa permitiu procedimento especial para aprovação de ensaios clínicos, certificação de fabricação e registro em caráter excepcional de novos exames e tratamentos para doenças raras.

    Essa flexibilidade vai impactar na liberação da autorização do medicamento considerado órfão, ou seja, aquele sem equivalente indicado à enfermidade, sendo o único capaz de salvaguardar a vida.

    No entanto, há no mercado um grande empecilho: a carência de interesse comercial dos laboratórios em incentivar pesquisas médicas para alcançar a cura dessas doenças, assim como providenciar sua incorporação na lista de medicamentos obrigatórios, uma vez que focam em destinatário final que possui maior poder aquisitivo.

    Continua após a publicidade

    Para compensar a ausência de empenho comercial da indústria farmacêutica, o Projeto de Lei nº. 2233, de 2019, visa conceder benefícios tributários para as empresas que produzem remédios contra doenças raras, mas as medidas não são suficientes para sanar o atual contexto de desamparo dos pacientes.

    Diante desse cenário, a única esperança de muitas pessoas com doenças raras graves é buscar o poder judiciário para garantir a preservação dos seus direitos. Só entrando na Justiça elas conseguem o tão citado acesso universal à saúde.

    * Tatiana Kota é advogada especializada em direito à saúde do escritório Vilhena Silva Advogados, em São Paulo

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY
    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 10,99/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.