Descontaço! Revista em Casa por R$ 9,90
Imagem Blog

Com a Palavra

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde

Aprovação de novo remédio é um marco contra o mieloma múltiplo

Após anos de atraso, chega ao país um medicamento que pode mudar a vida de pessoas com esse tipo de câncer

Por Christine Jerez Telles Battistini*
Atualizado em 25 mar 2019, 14h12 - Publicado em 31 jan 2018, 16h30
sintomas do mieloma múltiplo
Mieloma múltiplo corresponde a 15% dos tumores hematológicos (Foto: SPL, com ilustração de Ana Cossermelli/Science Photo Library)
Continua após publicidade

Procurar e ter acesso ao tratamento de câncer no Brasil pode se tornar uma missão desgastante. Às vezes, pacientes e familiares só conseguem obter medicamentos ao importá-los com seus próprios recursos. Em outras situações, imperam os processos judiciais, meios legais encontrados para garantir o acesso aos próprios direitos. A exemplo do mieloma múltiplo (MM), a luta do indivíduo para receber os mais modernos tratamentos é árdua e antiga.

A doença não é só subestimada como subtratada no país. Para começar, não existem números oficiais de casos desse tipo de câncer. Estima-se, por enquanto, de 5 a 7 casos a cada 100 mil habitantes. Mas há outro agravante na história: apesar da maioria dos casos de MM ocorrerem a partir da terceira idade, a patologia vem sendo diagnosticada em pacientes cada vez mais jovens, antes mesmo dos 40 anos.

Enquanto nos Estados Unidos 35% dos pacientes são diagnosticados por meio de exames de rotina – antes mesmo de a doença apresentar sintomas -, no Brasil 85% dos casos de mieloma múltiplo costumam ser identificados em estágio três, quando as manifestações são bem explícitas, como as fortes dores lombares e torácicas. Ou seja, é um momento em que a qualidade de vida já foi bem comprometida. Entre os sintomas da enfermidade que acomete a medula óssea estão: dores ósseas, aumento da possibilidade de fraturas, danos aos nervos, infecções e danos renais.

Eu defendo e acredito que a difusão de informações da patologia deve ser intensificada e constante. Além de alertar os pacientes, esse conteúdo precisa estar acessível aos médicos e demais profissionais da saúde.

Contribuímos ativamente para isso com o nosso trabalho na International Myeloma Foundation Latin América, que não só propaga dados sobre a doença, como oferece apoio aos pacientes e seus familiares.

Continua após a publicidade

Em 2004, quando entrei nessa luta após a morte da minha mãe, diagnosticada com o mieloma múltiplo, esse cenário era ainda mais complicado. Gradativamente a situação foi mudando.

Para identificar o MM, um dos principais testes é a eletroforese de proteínas, exame de sangue que mede a quantidade total de imunoglobulina, alterada em pessoas com o tumor. E a boa notícia: é possível fazê-lo no SUS.

Um dos impasses nessa história, porém, consiste nas dificuldades de acesso ao tratamento. A não disponibilidade de algumas medicações sempre restringiu as opções terapêuticas no Brasil – um atraso de quase uma década em relação a outros países.

Continua após a publicidade

Felizmente, começamos o ano com uma boa novidade. A droga lenalidomida, já presente em 70 países, finalmente foi aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Com isso, esperamos que o remédio passe a ser comercializado ainda neste primeiro semestre, após mais de oito anos de muita batalha (e espera).

Usada recorrentemente nos Estados Unidos e na Europa, a substância representa um avanço na classe de medicamentos imunomoduladores, justamente por ser mais potente e apresentar menos efeitos colaterais. A lenalidomida é um recurso importante em casos de recidiva (retorno) da doença.

Sua disponibilidade no Brasil representará um marco na história. Agora, mais do que nunca, o paciente terá uma nova opção de tratamento e mais chances de decidir por melhor qualidade de vida após o diagnóstico. Sem contar que o medicamento aumenta as taxas de resposta ao tratamento e desacelera a progressão do mieloma múltiplo.

Continua após a publicidade

Tenho certeza de que vivemos um momento mais do que propício para o paciente decidir o seu tratamento juntamente com o médico. Com mais recursos, fica mais fácil analisar e decidir qual a forma de administração mais indicada do medicamento, quais as melhores combinações e por aí vai. Além de levar em conta, de forma mais particular, os efeitos colaterais dessas drogas. Devemos comemorar – mas continuar batalhando.

Por Christine Jerez Telles Battistini, fundadora da IMF Latin América (fundação sem fins lucrativos), filha de uma portadora de mieloma múltiplo, que travou durante anos a dura batalha contra a doença.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 9,90/mês*
OFERTA RELÂMPAGO

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 9,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.