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Aguardado, novo tratamento para AVC enfim chega ao SUS

Incorporação da trombectomia mecânica marca capítulo inédito na luta contra o AVC no Brasil

Por Daniel Abud, neurorradiologista*
5 dez 2023, 10h04
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  • Em um marco histórico para a saúde brasileira, o Sistema Único de Saúde (SUS) incorporou a trombectomia mecânica como parte de sua oferta de tratamentos para casos graves de acidente vascular cerebral (AVC).

    A decisão promete transformar a realidade da saúde no país, salvando vidas e reduzindo as sequelas neurológicas que afligem milhares de brasileiros todos os anos.

    O AVC é a principal causa de morte no Brasil, com mais de 100 mil vítimas anualmente, segundo o Ministério da Saúde. É possível evitar a maior parte dos casos com o controle de fatores de risco como hipertensão, colesterol alto, tabagismo e sedentarismo.

    Porém, nos casos em que a prevenção falha e o derrame ocorre, é fundamental que a vítima tenha acesso rápido ao sistema hospitalar.

    + Leia também: AVC: quando o tempo é precioso

    O AVC isquêmico

    O AVC isquêmico, tipo mais comum, acontece quando o fluxo de sangue em alguma região do cérebro é interrompido, na maioria das vezes por um coágulo que entope a circulação e causa a morte dos neurônios.

    A cada minuto sem assistência, a vítima perde de maneira irreversível cerca de 2 milhões de neurônios.

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    Existem duas grandes frentes de tratamento. A primeira, mais antiga, envolve a administração de medicação venosa para dissolver o coágulo causador do AVC, com os medicamentos chamados trombolíticos.

    A segunda envolve a desobstrução física, com o procedimento chamado trombectomia mecânica, que atua justamente nos casos mais graves, nos quais grandes artérias estão obstruídas, com a presença de muitos coágulos.

    + Leia também: Pacientes conquistam placar positivo na luta contra o AVC

    Trombectomia mecânica

    A trombectomia mecânica é uma intervenção eficaz para desobstruir as artérias cerebrais, impedindo a progressão do AVC e reduzindo drasticamente as chances de sequelas neurológicas graves e de morte.

    Este tratamento envolve um cateterismo minimamente invasivo, no qual um cateter flexível é inserido pela virilha ou pelo punho até a área do cérebro afetada, guiado por imagens de raio-X emitidas em tempo real.

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    Com diferentes técnicas e dispositivos, é possível remover o coágulo, restaurando o fluxo sanguíneo.

    Até 2018, a trombectomia mecânica era restrita a pacientes que conseguissem buscar tratamento dentro de um período de seis horas após o início dos sintomas do AVC. Esse limite foi estendido para 24 horas em casos selecionados.

    Isso significa que um número significativamente maior de pacientes agora pode se beneficiar desse procedimento inovador.

    + Leia também: Cancele a trombose! Um chamado para prevenir e tratar a doença

    A chegada ao SUS

    Esse mês demos mais um passo relevante para cuidar melhor das vítimas de AVC no Brasil.

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    Graças ao esforço da comunidade médica, sobretudo neurologistas e neurointervencionistas, o SUS agora oferece acesso à trombectomia mecânica. A portaria publicada habilita 12 hospitais que participaram de um estudo com o método.

    Este é um marco histórico na saúde pública brasileira e o início de uma nova fase, que demandará a preparação dos centros hospitalares, capacitação de profissionais e a possibilidade de habilitação para mais instituições no território nacional.

    A inclusão promete salvar vidas, reduzir sequelas e oferecer esperança a milhares de pacientes com AVC. No entanto, a prevenção continua sendo a melhor estratégia.

    Conscientizar a população sobre os fatores de risco e incentivar a adoção de um estilo de vida saudável são passos cruciais para combater essa doença devastadora e evitar que ela continue a ser uma ameaça tão significativa para nossa sociedade.

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    *Daniel Abud, neurorradiologista intervencionista e coordenador do serviço de Neurorradiologia Intervencionista do Hospital Nove de Julho, que faz parte da Dasa

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