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A parcialidade nas notícias sobre a segurança do aspartame

O famoso adoçante é seguro quando consumido dentro da ingestão diária aceitável

Por Flávio Zambrone, médico toxicologista*
8 out 2023, 10h29

Recentemente, a imprensa noticiou que a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o aspartame como “possivelmente carcinogênico” para humanos.

Antes de banir os produtos diet de sua lista de compras, vamos entender melhor esta história.

O aspartame é um adoçante artificial amplamente utilizado em alimentos e bebidas desde a década de 1980. É um dos principais ingredientes usados pela indústria de bebidas e alimentos na produção de refrigerantes sem açúcar, sucos, balas, chicletes, sorvetes, gelatinas, entre outros.

As notícias sobre a substância tiveram como base uma publicação da IARC, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), vinculada à OMS.

Desde 1971, a entidade avalia possíveis causas de câncer em humanos. Mais de 1 000 substâncias foram analisadas até hoje, entre produtos químicos, agentes biológicos e físicos (o vírus da hepatite B e a radiação solar, por exemplo), além de fenômenos como a poluição, o tabagismo e certas atividades profissionais.

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+ Leia também: Adoçantes: novas dúvidas à mesa

Para estas avaliações, a IARC forma grupos de trabalho com especialistas internacionais independentes que revisam as evidências científicas relacionadas à substância examinada.

O resultado é classificado em uma das quatro categorias criadas pela instituição: Grupo 1 – substâncias carcinogênicas para humanos; Grupo 2A – substâncias provavelmente carcinogênicas para humanos; Grupo 2B – substâncias possivelmente carcinogênicas para humanos e Grupo 3 – substâncias não carcinogênicas para humanos.

É na 2B que se encontra o aspartame.

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Os critérios de avaliação da agência se concentram em determinar a força das evidências que indicam que o agente estudado pode causar câncer. Mas o grupo não considera dose e tempo de exposição, o que significa que tais análises são limitadas.

A OMS também escrutina substâncias como o aspartame por meio do JECFA, um comitê internacional de especialistas científicos administrado conjuntamente com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

O grupo de cientistas do JECFA reúne-se desde 1956 para determinar a segurança dos aditivos alimentares, contaminantes, tóxicos naturais e resíduos de medicamentos veterinários em alimentos, tendo até o momento investigado mais de 2.700 substâncias.

O trabalho do JECFA é embasado em princípios consistentes com o pensamento atual da toxicologia sobre produtos químicos em alimentos.

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Tal comitê realiza avaliações do risco que determinam a probabilidade de ocorrência de um tipo específico de dano (neste caso, o câncer) sob determinadas condições e níveis de exposição. E não é incomum que as classificações da IARC sejam consideradas suas deliberações.

+ Leia também: Entenda a relação entre uso de aspartame e risco de câncer

No que diz respeito ao aspartame, tanto a IARC quanto o JECFA realizaram importantes análises baseadas em dados científicos coletados de diversas fontes e análises por especialistas independentes. Porém, há uma diferença crucial entre as duas frentes: seu objetivo.

O objetivo central da IARC é identificar agentes perigosos e com potencial cancerígeno intrínseco à sua própria composição.

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Já o objetivo do JECFA é o de determinar a probabilidade de determinada substância causar dano à saúde, ou seja, um cálculo de risco de que leva em conta as condições às quais estamos expostos.

À primeira vista, os dois conceitos parecem semelhantes. Mas não se engane, eles são substancialmente diferentes.

Ao não considerar a dose e tempo de exposição a avaliação da IARC fica descontextualizada. Já o JECFA estabelece, quando cientificamente possível, as doses máximas toleradas, que não causam danos à saúde do consumidor.

Voltando para o aspartame, a conclusão do JECFA é que o adoçante é seguro, quando consumido dentro da ingestão diária aceitável. Que, nesse caso, é de 40 mg por quilo de peso corporal ao dia.

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Tal diferença nos mostra que as notícias publicadas apenas com base no relatório da IARC pecaram pela parcialidade.

* Flávio Zambrone é especialista em Toxicologia Clínica pela Universidade de Paris-França, especialista em Saúde Pública pela Universidade Estadual de Campinas e membro da American Academy of Clinical Toxicology

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