Por que os homens têm dificuldade para urinar com o passar do tempo?
O problema começa sutil, mas pode culminar na interrupção total do fluxo de urina. Especialista ensina a evitar esse desfecho
Quase todo homem depois dos 50 começa a notar alguma mudança no padrão de urinar. E, com o passar dos anos, a tendência é que as dificuldades aumentem.
As alterações começam sutis e graduais: o jato urinário fica mais fraco e demorado, o intervalo entre as idas ao banheiro vai ficando mais curto, e o hábito de acordar durante a noite para urinar se torna recorrente. Por fim, esvaziar a bexiga vai se tornando cada vez mais complicado, até o momento em que a urina pode travar por completo.
Esse roteiro é reflexo do crescimento da próstata, a chamada hiperplasia prostática benigna (HPB). É que o canal da urina, a uretra, passa por dentro da próstata, e, com o crescimento do órgão, essa passagem fica estreitada.
Todos os homens tendem a encarar esse aumento à medida que a idade avança. A diferença é que, em alguns, o crescimento da próstata pode ser de apenas 10 ou 20% em relação ao tamanho na juventude. Para outros, esse aumento pode ser de até 20 vezes ou mais.
Nem sempre a quantidade de sintomas é proporcional ao tamanho da próstata, mas o fato é que o incômodo também varia muito de homem para homem.
Há quem chegue aos 65 anos ou mais sem grandes dificuldades para urinar, enquanto outros já ficam muito incomodados por volta dos 50. Em parte essas diferenças se explicam pela genética, mas fatores como obesidade e diabetes costumam acelerar a progressão da HPB.
Caso você esteja se perguntando, esse processo do crescimento benigno não tem nenhuma relação com o câncer de próstata: são fenômenos totalmente independentes. E, via de regra, os sintomas urinários são causados pela hiperplasia prostática benigna, já que o câncer no órgão não costuma dar sintomas.
Opções de tratamento
Inicialmente, o tratamento envolve reduzir uso cigarro e consumo de álcool, cafeína e alimentos apimentados que possam irritar a bexiga. Também utilizamos medicações, como os alfa-bloqueadores, que relaxam a musculatura da próstata, e os inibidores da 5-alfa redutase, que conseguem diminuir o volume prostático em até 30%.
Quando os medicamentos não surtem o efeito esperado, a solução pode ser um tratamento cirúrgico – não para remover a próstata por completo, mas apenas o excesso de crescimento de sua parte central, que fica em contato com o canal urinário.
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Atualmente, podemos recorrer a técnicas sem cortes (como a HoLEP). Todo o procedimento é feito por dentro do canal e com o uso de laser, levando a um sangramento mínimo.
Se por um lado praticamente todo homem passa a ter dificuldades urinárias com o avançar dos anos, por outro podemos contar com soluções seguras e eficazes para resolver esse desconforto.
*João Brunhara é urologista pela Universidade de São Paulo, integra o corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein e é diretor da Omens, plataforma que trata problemas de saúde sexual masculina.