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Ter compaixão faz bem a saúde

Estudos mostram que comportamentos e práticas compassivas beneficiam nosso estado emocional e nossa saúde. E é possível cultivá-los no cotidiano

Por Sidney Klajner
28 nov 2024, 17h30
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Ter compaixão é saber se colocar no lugar do outro (Freepik/Veja Saúde)
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A compaixão e suas implicações para a saúde física e mental tem despertado crescente interesse da ciência. Diferentes estudos, com abordagens sob perspectivas diversas, buscam avaliar e medir seus impactos nos seres humanos, mas todos convergem em apontar reflexos benéficos.

Compaixão é algo que vai além da empatia. Empatia é nos colocar no lugar do outro e entender seu sofrimento. Compaixão exige empatia, mas envolve uma motivação ou disposição para ajudar a aliviar esse sofrimento. E podemos também ser autocompassivos, entendendo que o sofrimento faz parte da nossa vida e sendo generosos conosco.

Pesquisas têm procurado desvendar o tema tanto na perspectiva das emoções como das alterações fisiológicas.

Um estudo realizado por pesquisadores do Einstein avaliou que áreas do cérebro eram ativadas quando a pessoa ouvia áudios que a estimulavam a recordar episódios recentes de sua vida que trouxeram tristeza, dor e frustração. Depois, a pessoa escutava mensagens que despertavam a autocompaixão.

Os áudios eram apresentados em blocos com seis minutos de duração cada. No primeiro caso (de sentimentos negativos), era ativada uma área do cérebro associada a momentos de estresse. Essa ativação desaparecia com as frases autocompassivas.

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O trabalho também mostrou os reflexos no coração: na condição de estresse foi observado aumento da frequência dos batimentos cardíacos e menor variabilidade nos intervalos de tempo entre batimentos cardíacos (o coração saudável tem maior variabilidade).

+Leia também: Somatização: o que é o conjunto de sintomas físicos agravado pelas emoções

Outro estudo do Einstein, este em fase de revisão para publicação em revista científica, avalia os efeitos da compaixão sobre o estado emocional.

Voluntários foram expostos, de forma online, a áudios gravados por uma médica da organização durante sua atuação no atendimento de refugiados oriundos de um país em crise humanitária, registrando momentos de sofrimento, de alegria e de compaixão.

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Os resultados ainda não foram publicados, mas, segundo Elisa Kozasa, neurocientista e pesquisadora que lidera esse projeto, cada um dos áudios muda de maneira estatisticamente significativa o estado emocional do indivíduo e sua compaixão.

É curioso observar como poucos minutos de exposição a informações positivas ou negativas mexem rapidamente com nossas emoções.

Na época da pandemia, três experimentos online também realizados pelo Einstein, dois usando áudios e um com vídeo, mostraram que o estado emocional das pessoas melhorava imediatamente quando expostas a dois minutos de notícias positivas, ocorrendo o inverso com notícias negativas.

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O resultado foi semelhante inclusive na pesquisa que envolveu apenas profissionais de saúde, que podem sofrer da fadiga por empatia quando submetidos a frequentes situações estressantes, como lidar com a finitude da vida. Nos três estudos, as intervenções eram finalizadas com a aplicação de três minutos e 20 segundos de técnicas de relaxamento, o que acentuava rapidamente o bem-estar.

Além do impacto positivo da meditação e outras práticas mente-corpo para nossa saúde física e mental, que já é bem conhecido, o que os estudos vêm desvendando é como a compaixão pode ser um antídoto ao sofrimento, seja aquele associado às nossas próprias perdas, fracassos e frustrações, seja o que nos afeta ao ver pessoas próximas ou mais distantes sofrendo no contexto global de guerras, violências, tragédias climáticas e outros fatos negativos.

Com a autocompaixão, aceitando nosso próprio sofrimento como algo que faz parte da vida e sendo gentis conosco, beneficiamos a nós mesmos. Com a compaixão que nos leva a ajudar altruisticamente quem está sofrendo, o benefício é duplo: aliviamos o sofrimento do outro e o nosso próprio ao contribuir para superar aquela situação.

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