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Doenças inflamatórias intestinais: uma nova era de tratamentos

Essas enfermidades ainda não têm cura, mas os medicamentos imunobiológicos permitem mantê-las sob controle e devolvem aos pacientes qualidade de vida

Por Sidney Klajner
30 jun 2023, 10h19
doenças-inflamatórias-intestinais
As DIIs são mais comuns em jovens e podem impactar a qualidade de vida (VEJA Saúde/SAÚDE é Vital)
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Diarreias que podem exigir dez ou mais idas ao banheiro ao dia, às vezes de maneira urgente e incontrolável; dores abdominais; anemia e perda de peso. Esses são alguns sintomas das doenças inflamatórias intestinais (DII).

Embora não sejam as enfermidades gastrointestinais mais prevalentes no Brasil (estima-se que atinjam cerca de 300 mil pessoas), estão entre as que mais severamente impactam a qualidade de vida das pessoas, impondo limitações significativas às atividades profissionais, escolares, sociais e de lazer.

Os mais afetados são os jovens, com idades entre 15 e 40 anos. Casos em idosos são mais raros.

As DII são condições imunomediadas, ou seja, decorrem de uma hiperatividade do sistema imunológico, que agride indevidamente as células do sistema gastrointestinal, provocando inflamações de forma crônica e progressiva, com períodos de exacerbação e de remissão.

Sem tratamento, há chance de essas enfermidades evoluírem para complicações graves, como perfuração, hemorragias, estreitamentos que podem levar até a obstrução intestinal, necessidade de realização de ostomia (bolsa externa para coleta de fezes) e câncer de intestino.

Tipos e causas das DII

As DII são representadas pela doença de Crohn, que pode acometer todo o trato digestivo desde a boca até o ânus, e pela retocolite ulcerativa, que afeta apenas o intestino grosso e o reto.

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+ Leia também: Fique atento aos sintomas das doenças inflamatórias intestinais

A causa das DII é complexa e vem sendo extensivamente estudada nas duas últimas décadas, o que a torna desafiadora.

Fatores genéticos, imunológicos e alterações na microbiota intestinal são os principais mediadores para que as doenças se manifestem.

Além disso, outros fatores de risco modificáveis têm sido estudados, como tabagismo, consumo de alimentos ultraprocessados ou gordurosos, uso excessivo de antibióticos e anti-inflamatórios na infância.

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Tratamento se modernizou

As doenças inflamatórias intestinais ainda não têm cura, mas os medicamentos imunobiológicos revolucionaram a forma de tratá-las.

Funcionando como moduladores que agem sobre alvos específicos para bloquear a inflamação, esses medicamentos permitem um bom controle do processo inflamatório, devolvendo aos pacientes uma vida normal e com qualidade.

Desde que surgiram, os imunobiológicos têm diminuído o número de hospitalizações e cirurgias associadas às DII, assim como o uso crônico de corticoides ou imunossupressores.

O primeiro imunobiológico para DII foi aprovado nos Estados Unidos em 1998. Hoje, segundo a Dra. Luisa Leite Barros, gastroenterologista e hepatologista do Einstein, especializada em doenças inflamatórias intestinais, existe mais de uma dezena de medicamentos do tipo, sete deles disponíveis no mercado brasileiro (alguns oferecidos no sistema público de saúde).

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Como qualquer doença, o diagnóstico e tratamento precoces fazem toda a diferença.

Sintomas persistentes de diarreia indicam necessidade de atendimento médico especializado para avaliação clínica e realização de exames para o correto diagnóstico e diferenciação de outras causas de diarreia. A atenção deve ser redobrada por parte de quem tem casos de DII na família.

A medicina de precisão é uma realidade cada vez mais próxima e deve ganhar força nas DII, assim como aconteceu com a oncologia.

Já em andamento, novos estudos com biomarcadores genéticos e de microbiota identificam pessoas mais suscetíveis, pacientes que respondem melhor a cada tipo de tratamento e como é possível prevenir danos intestinais irreversíveis.

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O tratamento atual das DII é eficaz, mas no futuro será ainda mais promissor.

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