PRORROGAMOS! Assine a partir de 1,50/semana
Imagem Blog

Com a Palavra

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde

Doença inflamatória intestinal: o controle começa na atenção aos sintomas

No mês voltado a problemas como a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa, especialista relata suas manifestações e a importância do diagnóstico precoce

Por Carlos Sobrado, coloproctologista*
Atualizado em 25 Maio 2021, 18h24 - Publicado em 25 Maio 2021, 12h04
ilustração do intestino
Doenças inflamatórias intestinais podem afetar boa parte do aparelho digestivo - e desencadear problemas não só ali. (Ilustração: Jonatan Sarmento/SAÚDE é Vital)
Continua após publicidade

O Maio Roxo é o mês de conscientização sobre as doenças inflamatórias intestinais (DII) e há vários anos a Sociedade Brasileira de Coloproctologia realiza ações para informar a população e estimular o diagnóstico precoce.

As DIIs são condições crônicas, portanto sem cura, caracterizadas por inflamação intestinal de intensidades variadas. Elas acometem mais de 5 milhões de pessoas no mundo. Suas principais formas são a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa.

No Brasil, não encontramos muitos estudos epidemiológicos e, em geral, eles são restritos a determinadas regiões do país. A prevalência da DII no estado de São Paulo, por exemplo, é de 52,5 casos a cada 100 mil habitantes, sendo que 53,8% são portadores de retocolite e 46,2% de Crohn.

A doença de Crohn

Ela tem como característica principal uma inflamação intestinal crônica que pode afetar todo o sistema digestivo, mas tem maior incidência no íleo terminal (parte inferior do intestino delgado) e no cólon (parte central do intestino grosso). O diagnóstico não é simples, e a enfermidade pode, inclusive, ser um fator de risco para o desenvolvimento do câncer no intestino.

Acredita-se que a doença de Crohn seja decorrente de uma desregulação do sistema imunológico. Outros fatores, como genética, microbiota intestinal, dieta e infecções prévias, também podem estar envolvidos.

Os pacientes têm maior dificuldade para absorção de nutrientes, podendo apresentar fraqueza, além de dores na região inferior do abdômen, diarreia, perda de peso e febre. Em estágios mais avançados, a doença leva a dores articulares, aftas, inflamação nos olhos, lesões na pele, pedras nos rins ou na vesícula biliar — sim, são repercussões sistêmicas.

Continua após a publicidade

Infelizmente, ainda não temos um exame específico que determine se o indivíduo tem ou não doença de Crohn, e os sintomas se assemelham aos de outras doenças do intestino. Dessa forma, a avaliação clínica do médico especialista é primordial. Ela inclui análise do histórico do paciente, exames físicos e de sangue, além de exames de imagem como ressonância magnética, endoscopia digestiva, colonoscopia, tomografia e raio X do trânsito intestinal, para localizar as áreas acometidas pela doença.

Inicialmente, o tratamento é realizado com medicamentos, tendo como objetivo a melhora dos sintomas e a cicatrização do intestino. O controle da doença abrange desde remédios que reprimem o processo inflamatório até cirurgias – a retirada de partes do intestino pode ser uma opção quando os medicamentos não surtem os resultados esperados ou quando há alguma complicação.

Seguir uma dieta balanceada, bem abastecida de fibras e com moderação de alimentos gordurosos de origem animal, não fumar e praticar exercício físico regularmente são hábitos que também ajudam no controle.

A retocolite ulcerativa

Ela é marcada por episódios recorrentes de inflamação predominantemente na mucosa do intestino. Pode iniciar em qualquer idade, sendo que o pico de incidência parece ocorrer dos 20 aos 40 anos, havendo um segundo pico entre 55 e 70 anos. Dados de um estudo transversal brasileiro descreveram média de 39 anos ao diagnóstico. Há um discreto predomínio no sexo masculino.

Continua após a publicidade

A América Latina em geral é considerada uma região de baixa prevalência da doença quando comparada a países como Estados Unidos, Reino Unido e Austrália. Infelizmente, não há dados nacionais disponíveis de prevalência ou incidência, mas uma estimativa sugerida para o estado de São Paulo aponta de 3,8 a 6,7 casos por 100 mil habitantes ao ano.

O sintoma principal da retocolite é a presença de episódios frequentes de diarreia com sangue, que perduram por mais de três a quatro semanas. Outros sintomas que podem estar associados são cólica, urgência evacuatória e muco nas fezes. Os casos mais graves são acompanhados de febre, anemia, fraqueza nas pernas e emagrecimento.

Em até 10% dos casos ocorrem manifestações extraintestinais, como dor nas articulações, manchas avermelhadas no corpo, problemas oculares, aftas na boca, entre outras. Fatores emocionais e dieta rica em gorduras, condimentos e leite podem agravar os sintomas.

O diagnóstico é estabelecido pela avaliação da história clínica, exames laboratoriais, métodos endoscópicos (colonoscopia ou retossigmoidoscopia) e, se necessário, biópsia. A característica mais típica vista na colonoscopia é o comprometimento da parte interna do intestino grosso, em porções ou em todo o órgão, começando pelo ânus.

Continua após a publicidade

O tratamento é realizado com medicamentos para reduzir a inflamação e equilibrar a resposta imunológica. O objetivo é tratar a fase aguda e, em seguida, manter a remissão clínica com a melhora dos sintomas. Os pacientes que conseguem dessa forma a cicatrização da mucosa do intestino apresentam melhores resultados no longo prazo, e menor risco de necessitar de uma cirurgia.

Por fim, cabe frisar: o diagnóstico precoce e o acompanhamento e tratamento médico fazem toda a diferença para a qualidade de vida de quem convive com uma DII.

* Carlos Sobrado é professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Coloproctologia

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.