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Maio roxo: fique atento aos sintomas das doenças inflamatórias intestinais

Especialistas da Dasa explicam por que diagnóstico precoce e acompanhamento adequado são a chave para a qualidade de vida dos pacientes

Por Abril Branded Content
Atualizado em 6 jun 2022, 18h33 - Publicado em 6 Maio 2022, 16h20
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A nova fachada do Hospital Nove de Julho, em São Paulo (Divulgação/Divulgação)
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Abalos no intestino costumam gerar diversos desconfortos, como dor abdominal e diarreia. Mas, justamente por serem sintomas comuns e inespecíficos, esses sinais podem esconder problemas crônicos e sérios, como a retocolite ulcerativa e a doença de Crohn – condições que, quando não tratadas corretamente, podem desencadear complicações graves. Globalmente, cerca de 10 milhões de pessoas vivem com alguma doença inflamatória intestinal (DII).1 No país, embora não haja registros consolidados de casos, dados do Grupo de Estudos da Doença Inflamatória Intestinal do Brasil (Gediib) mostram uma crescente incidência e prevalência desses problemas nos últimos anos. Caracterizadas também por idas frequentes ao banheiro, perda de peso e fadiga, as DIIs chegam a levar anos até serem diagnosticadas, impactando a vida pessoal, social e profissional dos pacientes.

Daí a importância de campanhas como o Maio Roxo, que orienta a população sobre a importância do diagnóstico e as possibilidades de tratamento, passando pela necessidade de apoio aos pacientes e a criação de políticas de acesso a exames e medicamentos. “Acredita-se que tanto a retocolite ulcerativa quanto a doença de Crohn tenham origem em alterações da microbiota intestinal, ou seja, o desequilíbrio de micro-organismos gera reações inflamatórias que atacam as paredes do intestino”, resume a gastroenterologista Zuleica Barrio Bortoli, do Hospital Brasília. Por trás desse processo, há uma predisposição genética e uma somatória de fatores desencadeantes, entre eles, a dieta. “Alimentação baseada em produtos industrializados, carregados de conservantes e outras substâncias químicas, assim como ingestão de muita fritura e poucos alimentos naturais contribuem para essa alteração da flora intestinal, chamada de disbiose”, exemplifica.

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Zuleica Barrio Bortoli, gastroenterologista do Hospital Brasília (Divulgação/Divulgação)

Diferenciar para tratar

Embora possam afetar homens e mulheres em todas as faixas etárias, as DIIs costumam ter dois picos de aparecimento: no início da vida adulta e a partir dos 50 anos de idade. Um ponto fundamental para direcionar o plano terapêutico é fazer a diferenciação das duas condições – e entre elas e os demais problemas intestinais com os quais se confundem, como síndrome do intestino irritável e intolerância à lactose. “A doença de Crohn acomete qualquer parte do tubo digestivo, da boca ao ânus, e pode penetrar todas as paredes, gerando estenoses, que são estreitamentos e obstruções, ou mesmo perfurações, as chamadas fístulas”, descreve Zuleica Bortoli. Já a retocolite ulcerativa agride a parte do cólon, que compõe o intestino grosso, e o reto, que se conecta ao ânus. A região afetada se concentra na mucosa, a porção interna e mais superficial do órgão.

Como se confirma o diagnóstico

Analisar as queixas e conhecer o histórico familiar do paciente é o ponto de partida. Exames já amplamente utilizados, como o que detecta sangue oculto nas fezes, ajudam a disparar o alerta. Em geral, a confirmação se dá por meio de imagens. “Colonoscopias, endoscopias, tomografias e ressonâncias magnéticas contribuem com a investigação”, diz o gastroenterologista Daniel Machado Baptista, do Hospital Nove de Julho, de São Paulo. “No caso da doença de Crohn, quando o problema está localizado no intestino delgado é necessário lançar mão de exames mais específicos para analisar essa região. É possível, por exemplo, usar uma cápsula endoscópica, que o paciente engole como se fosse um comprimido”, relata. O dispositivo conta com uma microcâmera que tira fotos ao longo da passagem pelo tubo digestivo. Outro recurso é a enterografia: “As imagens são feitas depois da ingestão de um contraste líquido. Com o intestino mais distendido, se observa com precisão se há inflamação”, detalha o médico.

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Daniel Machado Baptista , coordenador do Centro de Doenças Inflamatórias Intestinais do Hospital Nove de Julho (Divulgação/Divulgação)

O papel dos serviços de referência

Coordenador do Centro de Doenças Inflamatórias Intestinais do Hospital Nove de Julho, Daniel Machado Baptista destaca as vantagens do atendimento em um serviço de referência, como o do hospital paulistano. “Aqui, o paciente é avaliado por um especialista na área, faz todos os exames necessários na mesma estrutura. Além disso, os laudos são disponibilizados por nossos colegas endoscopistas e patologistas, o que agiliza o diagnóstico”, observa. “Saber a gravidade da doença e começar o tratamento o quanto antes possível faz toda a diferença para evitar complicações a longo prazo”, argumenta.

Caso se constate a necessidade de internação, o processo também é facilitado no centro especializado. O tratamento das DIIs varia de acordo com a avaliação individual. Nos casos mais leves, o controle pode ser feito com medicamentos que reduzem diretamente a inflamação intestinal e são tomados por via oral, como a mesalazina. Há situações que pedem o uso de corticoides. Outras, de imunossupressores. Naquelas em que a doença avançou de forma grave e os pacientes não respondem a essas medicações, os médicos partem para a prescrição de fármacos biológicos, que agem em alvos específicos causadores das inflamações, ou das pequenas moléculas, esses compostos também são de uso oral.

Nos núcleos especializados da Dasa, equipes de enfermagem recebem treinamento para o manejo das DIIs, com suporte de centro de infusão no qual os pacientes recebem os medicamentos biológicos, aplicados de forma venosa ou subcutânea. Para Eduardo Fernandes, cirurgião especialista em transplante de órgãos do abdômen do Hospital São Lucas Copacabana, no Rio de Janeiro, as DIIs devem ser consideradas uma especialidade médica e os pacientes precisam ter acesso a serviços corretos para evitar a peregrinação em busca de diagnóstico e tratamentos inadequados. “Estamos falando de doenças complexas que atingem pessoas jovens, muitas vezes até na adolescência, impõem sofrimento e geram discriminação”, pondera. “Como cirurgião, recebo casos complicados. No São Lucas, contamos com um centro de reabilitação intestinal e somos uma das poucas instituições no país habilitadas a fazer transplante de intestino”, afirma.

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Eduardo Fernandes, cirurgião especialista em transplante de órgãos do abdômen do Hospital São Lucas Copacabana, no Rio de Janeiro (Divulgação/Divulgação)

“É preciso expertise para acompanhar todos os avanços terapêuticos da última década e assim oferecer o melhor a esses pacientes”, conclui. O transplante de intestino, aliás, como faz questão de ressaltar Eduardo Fernandes, não pode ser considerado um tratamento para DII. “Esse é um recurso para quando a pessoa, em razão da doença, já perdeu quase todo o órgão e desenvolve a síndrome do intestino curto refratária à reabilitação”, esclarece.

Para evitar desfechos como esse, os centros da Dasa reúnem equipes multidisciplinares preparadas para acolher os pacientes em todas as suas necessidades. “No Hospital Brasília, criamos o Núcleo Especializado em Doenças Intestinais Complexas, o Nedic”, conta Zuleica Bortoli. No grupo multidisciplinar se juntam gastroenterologistas e proctologistas, com o suporte de nutrólogos, nutricionistas, psicólogos e psiquiatras. “Esses profissionais são importantes também para garantir a adesão ao tratamento, que é sempre um desafio quando se trata de doenças crônicas”, aponta a médica. “Acompanhamento nutricional é crucial nas doenças inflamatórias intestinais porque é comum a pessoa desenvolver uma desnutrição por falta de absorção de nutrientes”, destaca Daniel Machado Baptista, do Hospital Nove de Julho.

Além disso, complementa, é preciso ter o apoio de outras especialidades médicas, uma vez que essas condições podem estar associadas a manifestações extraintestinais em razão da cascata inflamatória característica de distúrbios autoimunes. É o caso da uveíte, uma alteração ocular, ou acometimentos de pele. Sem contar as inflamações reumatológicas, a exemplo de artrites.

Mesmo com a doença sob controle, o acompanhamento nunca deve ser negligenciado. A recomendação é fazer exames periódicos, no mínimo duas vezes por ano, para evitar recidivas. “Nas DIIs mais graves, essas avaliações devem ser feitas pelo menos três vezes nesse mesmo período”, conclui Daniel Baptista. O médico vislumbra um futuro em que, a partir de estudos genéticos individuais, seja possível identificar os fatores responsáveis pelas inflamações e investigar como cada paciente responde a cada remédio. Dessa forma o tratamento da doença de Crohn e da retocolite ulcerativa será personalizado, de modo a conter sua progressão e prevenir o aparecimento de qualquer complicação.

1 https://bvsms.saude.gov.br/19-5-dia-mundial-da-doenca-inflamatoria-intestinal/

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