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Você já viu as moscas volantes? Entenda o descolamento do vítreo nos olhos

Algumas pessoas observam constantemente pontos de diferentes formas que acompanham o movimento dos olhos. Fenômeno é natural e não costuma oferecer riscos

Por Lucas Rocha
1 ago 2024, 11h37
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Moscas volantes surgem na forma de pontos móveis na visão (Foto: Federicogb/Wikimedia Commons)
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Ao olhar para o céu azul ou para espaços muito iluminados, algumas pessoas observam pontos que se movimentam de acordo com o caminho feito pelos olhos.

Conhecido popularmente como “moscas volantes”, o fenômeno natural recebe o nome técnico de descolamento do vítreo. Esses elementos presentes no campo de visão se apresentam em variadas formas. Na maior parte dos casos, não representam riscos à saúde, mas é importante ficar atento.

A pergunta sobre o problema foi feita pela leitora Zenaide Carvalho. Você também pode participar, mandando uma mensagem para saude.abril@atleitor.com.br.

+ Leia também: A nova geração de lentes de contato

O que é o descolamento de vítreo?

O olho humano é revestido por uma substância gelatinosa chamada vítreo, localizada entre a retina e o cristalino.

Com o passar do tempo, ele sofre alterações na sua consistência, se tornando mais líquido, como explica o médico Oswaldo Ferreira Moura Brasil, presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO). É um processo natural.

“As fibras de colágeno que formam o vítreo vão liberando água por conta de um processo chamado despolimerização. Esse fenômeno se intensifica ao longo da vida, ou seja, quanto mais velhos nós ficamos, maior o percentual aquoso e menor o de gel”, detalha Brasil.

É essa mudança na consistência que é chamada de descolamento de vítreo.

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Embora seja algo espontâneo, ele também pode ser ocasionado por traumas. “Como uma pancada na cabeça ou uma bolada no olho. Quando ele se solta com mais impacto, pode formar mais grumos ou vários pontos”, afirma o médico oftalmologista Ricardo Japiassu, diretor da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo (SBRV).

Os fatores de risco incluem ainda quadros de inflamação ou infecção ocular, histórico de cirurgias no órgão e hemorragia em decorrência de outras doenças, como diabetes.

+ Leia também: Tracoma: conheça a doença inflamatória que mais causa cegueira

O que causa as moscas volantes?

Como consequência ao deslocamento de vítreo, temos as alterações perceptíveis na visão.

“São observadas ‘ondinhas’ ou ‘cobrinhas’ que, na realidade, são esses movimentos da água no gel. À medida que o gel do vítreo vai se agregando, ele pode produzir o formato dessas ‘mosquinhas’ que ficam flutuando. Isso se intensifica quando o vítreo se separa na parte de trás da retina, por isso chamamos de descolamento posterior”, resume o presidente da SBO.

Os sintomas podem ser imperceptíveis, brandos ou mais pronunciados. Em geral, os fragmentos são mais visíveis quando o descolamento do vítreo ocorre na parte de trás dos olhos, na região da retina e do nervo óptico, que leva a informação visual ao cérebro.

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Consulta ao oftalmologista deve ser realizada ao menos uma vez ao ano (Foto: Rodrigo Nunes/MS)

Como é feito o diagnóstico de descolamento do vítreo?

Para todas as pessoas, independentemente de condições de saúde ocular, é recomendado realizar uma consulta ao oftalmologista ao menos uma vez ao ano. A avaliação oftalmológica periódica permite a identificação precoce de alterações e o tratamento adequado, se necessário.

O descolamento do vítreo é identificado a partir de avaliação clínica.

“O principal exame é o mapeamento de retina, que permite avaliar o fundo de olho, a retina e o aspecto do vítreo do paciente. O segundo procedimento, considerado complementar, é o ultrassom ocular que também consegue analisar a estrutura”, pontua Japiassu.

Quais são os riscos de complicações?

As moscas volantes ocorrem de maneira espontânea e nem sempre trazem incômodos ou problemas mais sérios de saúde. Por isso, a maior parte dos casos requerem apenas acompanhamento de rotina pelo médico oftalmologista.

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Contudo, mudanças no padrão visual devem ser observadas atentamente. Os sinais de alerta incluem:

  • aumento repentino na forma e na quantidade de pontos
  • surgimento de flashes de luz
  • presença de manchas escuras na visão

Esse tipo de alteração pode estar associado ao desenvolvimento de complicações. As consequências mais graves envolvem a retina, que pode ter sofrido uma ruptura, descolamento ou hemorragia.

“Nesse contexto, é importante buscar o atendimento médico de urgência”, alerta Brasil.

+ Leia também: As principais doenças que causam deficiência visual e como evitá-las

Como tratar descolamento de vítreo posterior?

De modo geral, a condição não requer tratamentos específicos. Em casos severos, quando as moscas volantes prejudicam significativamente a visão, pode ser indicada a realização de cirurgia.

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“A vitrectomia é um procedimento destinado à retirada das moscas volantes, que permite limpar o corpo vítreo e retirar esse gel. Em seguida, o olho vai ser preenchido naturalmente pelo líquido que ele mesmo produz, mais aquoso, sem elementos flutuando na frente”, detalha Brasil.

O presidente da SBO pondera que embora o método seja ambulatorial, ele não é isento de riscos. Portanto, deve ser avaliado com cautela e utilizado em casos que de fato comprometem a qualidade de vida.

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