Covid-19: crianças podem usar máscaras PFF2/N95?
Investigamos se, durante a pandemia de coronavírus, a recomendação de priorizar as máscaras PFF2 ou N95 também vale na infância e adolescência
Diante da explosão de casos de Covid-19 em 2021 e do surgimento das variantes do coronavírus, os profissionais da saúde passaram a recomendar que a população priorizasse as máscaras PFF2 (também chamadas de N95), ao invés das de pano. Além de possuírem um filtro que dificulta ainda mais a passagem de gotículas respiratórias, elas se ajustam melhor ao rosto, o que diminui o risco de contágio. Mas, justamente pela dose extra de vedação, será que as máscaras PFF2 são indicadas também para as crianças? Foi o que nos perguntou a leitora Taiane Luz, preocupada com a saúde dos filhos no retorno das aulas presenciais.
Em maio de 2020, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) publicou um documento com orientações sobre máscaras para crianças e adolescentes. Na época, a entidade seguiu as orientações do Ministério da Saúde e recomendou utilizar as de pano, porque havia escassez das PFF2 e das descartáveis, que deveriam ser destinadas para os profissionais de saúde.
No entanto, a disponibilidade dessas versões mais protetoras aumentou consideravelmente. A SBP não atualizou suas diretrizes, mas a pesquisadora Beatriz Klimeck, criadora do projeto “Qual máscara?”, acha válido oferecê-las para meninos e meninas nesse momento. Ainda mais se elas voltarem a frequentar ambientes fechados, como uma sala de aula.
“Já existiam modelos infantis equivalentes à PFF2 em países asiáticos antes da pandemia. E não temos registro de nenhum efeito negativo na infância”, afirma Beatriz, que também é doutoranda em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
Ela conta que, nas redes sociais do projeto, pais e mães enviam diariamente fotos dos filhos com a PFF2. “Elas costumam se adaptar bem, porque o elástico vai atrás da cabeça e dá firmeza. Já a máscara de pano fica encostando na boca e saindo do rosto”, compara.
Dessa forma, a PFF2 facilitaria brincadeiras e ganharia em praticidade, visto que não é necessário trocá-la a cada duas horas. “A gente achava que a molecada não iria gostar, mas as respostas que estamos recebendo são positivas”, esclarece Beatriz.
Uma limitação é a de que só há uma empresa no Brasil produzindo modelos infantis da PFF2: a Ekomascaras. “Esperamos que esse mercado se amplie e mais marcas entrem”, afirma a pesquisadora.
Ainda assim, por volta dos 5 ou 6 anos, parte da meninada já consegue utilizar modelos para adultos. O importante é ver como fica o encaixe da máscara com o rosto.
A partir de qual idade as crianças podem usar PFF2 e quais os cuidados?
A SBP, a Academia Americana de Pediatria e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) indicam o uso de quaisquer máscaras só a partir dos 2 anos de idade. Antes disso, há risco de sufocamento.
Os cuidados com a PFF2 são os mesmos passados para gente grande. Ou seja, recomenda-se a troca após oito horas no rosto, ou se ela ficar suja ou molhada.
Atenção: esse modelo não deve ser lavado, nem com álcool. Para reutilizar, basta deixá-lo pendurado ou guardado em um saco plástico por três a sete dias para inativar possíveis vírus na superfície. Se notar qualquer sinal de desgaste, é hora de jogá-la fora.
E se a criança não conseguir usar a PFF2?
Para os pequenos que não se adaptarem, uma alternativa é utilizar uma máscara cirúrgica descartável — essas são facilmente encontradas em tamanhos menores — com a de pano por cima.
Dessa forma, você aumenta o número de camadas e melhora a vedação. “O que não pode é deixar de usar máscara, principalmente em ambientes fechados”, pontua Beatriz.
A SBP orienta, acima de tudo, que a garotada seja ensinada sobre o manejo correto desse equipamento através do exemplo e de maneiras lúdicas. Bonecos em que você coloca uma máscara são uma forma de mostrar para o pequeno como proceder.
“Sugerimos sempre o treino e a conversa. Você precisa explicar os motivos para usar, a forma de fazer isso e o que não deve ser evitado. Os pais e responsáveis precisam dar o exemplo”, finaliza Beatriz.