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Médicos, nutricionistas e outros profissionais da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) explicam as novas (e clássicas) medidas para resguardar o peito
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Propostas para conter a principal causa de morte no Brasil e no mundo

Reduzir o impacto das doenças cardiovasculares também exige esforços do setor público, como mostram dois especialistas

Por Maria Cristina Izar e João Fernando Monteiro Ferreira, cardiologistas*
12 jan 2021, 18h08
Foto de modelo de coração
Diversas ações devem ser colocadas em prática para minimizar o impacto do infarto e do AVC.  (Foto: Jesse Orrico/Unsplash/Divulgação)
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As doenças cardiovasculares (DCVs) são a principal causa de morte no Brasil, com 27,65% do total de óbitos, o equivalente a 400 mil ao ano. Entre elas, destacam-se o infarto e o acidente vascular cerebral (AVC), que ocupam o primeiro e segundo lugares desse ranking, respectivamente. No mundo, ambos os problemas são responsáveis por mais de 15,2 milhões de mortes anualmente, permanecendo como líderes globais nos últimos 15 anos.

Pelo menos 3/4 das mortes do planeta por condições cardiovasculares ocorrem nos países de baixa e média rendas. Por quê? Muitas vezes, a população mais pobre não tem acesso a serviços de saúde eficazes e equitativos, com programas integrados para detecção e tratamento precoce dos quadros que favorecem infarto, AVC e afins. O principal vilão aqui é a dislipidemia (anomalias nos níveis de gordura no sangue, como o colesterol elevado). Ela está por trás de 51% dos infartos.

O método mais eficaz para conter essa “pandemia permanente” é a prevenção. Porém, o último documento publicado pelo Ministério da Saúde com olhar para o risco global das DCVs é de 2006 — e os Cadernos de Atenção Básica trazem as recomendações de forma fragmentada, sem contemplar todos os potenciais perigos.

Por isso, a Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP) acaba de apresentar ao governo federal sugestões ao Plano de Ação e Estratégias para a Prevenção da Mortalidade por Doenças Crônicas Não Transmissíveis – DCNT. Trata-se de um compromisso do Ministério da Saúde compartilhado entre estados, municípios e a sociedade civil. A ação visa fortalecer a vigilância sobre o tema no país, com o objetivo de alcançar, nos próximos dez anos, metas que refletirão a melhoria dos cuidados, prevenindo as causas das doenças cardiovasculares e promovendo a saúde da população.

Entre as propostas da SOCESP para o plano, destacamos a necessidade do rastreamento das dislipidemias a partir dos 10 anos de idade. Sim, desde a infância! Aliás, na presença de histórico familiar, outros fatores de risco ou doença arterial coronariana prematura nos parentes de primeiro grau, essa avaliação deveria iniciar a partir dos 2 anos.

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A SOCESP também propõe a verificação de custo-efetividade para a incorporação de novas tecnologias voltadas às doenças crônicas não transmissíveis e a atualização e implementação de diretrizes de tratamento sobre o tema. Há cada vez mais medicamentos e dispositivos modernos que podem ajudar os pacientes.

Além disso, a entidade alerta para a importância de algumas vacinas para idosos, diabéticos e grupos de comorbidades no calendário do SUS. Ora, certas viroses desencadeiam processos inflamatórios, que deflagram eventos cardiovasculares.

A proposta da SOCESP prevê ainda campanhas de conscientização sobre alimentação saudável. Sugerimos, inclusive, a obrigatoriedade de os cardápios de restaurantes apontarem com quais componentes os pratos são preparados. De pouco adianta termos as informações sobre a presença de gorduras saturadas e trans nas embalagens de alimentos industrializados se, durante o preparo em uma lanchonete, esses componentes forem utilizados sem controle.

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Infelizmente, alguns deflagradores de infarto e AVC, em especial a obesidade e o diabetes tipo 2, vêm aumentando entre a população. Esse contexto torna as ações preventivas ainda mais relevantes. Devemos promover um estilo de vida saudável, combatendo hábitos nocivos e reduzindo os fatores de risco, como os níveis elevados de colesterol e pressão arterial.

Está na hora de virarmos esse jogo para podermos – muito em breve – divulgar estatísticas com números decrescentes em relação às doenças cardiovasculares. Para isso, precisaremos contar com políticas públicas que invistam fortemente em prevenção e conscientização dos brasileiros. Podem contar com o empenho da SOCESP para reverter esse cenário.

*Maria Cristina Izar é diretora de Promoção e Pesquisa da SOCESP e professora livre docente da Disciplina de Cardiologia da UNIFESP. João Fernando Monteiro Ferreira é presidente da SOCESP e médico assistente do Instituto do Coração (InCor) do HCFMUSP

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