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Um enorme passo rumo ao fim da paralisia infantil

A África está livre da poliomielite. Médico da Sociedade Brasileira de Infectologia analisa essa conquista e por que a vacinação precisa continuar

Por Dr. Leonardo Weissmann, infectologista*
Atualizado em 3 set 2020, 18h21 - Publicado em 3 set 2020, 12h25

No último dia 25 de agosto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) certificou que os 47 países da região africana estão livres da poliomielite — ou simplesmente pólio. O fato ocorre quatro anos após o registro do último caso do vírus selvagem na Nigéria, a última nação da África em que a doença ainda era endêmica.

Trata-se de uma importante conquista de saúde pública, que só foi possível graças ao árduo esforço da Iniciativa Global de Erradicação da Pólio (GPEI, na sigla em Inglês), lançada em 1988, e composta por Rotary International, OMS, Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Centro  de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) e Fundação Bill & Melinda Gates, além dos governos nacionais.

Quando foi criada a GPEI, a pólio causava cerca de mil casos de paralisia infantil diariamente em todo o mundo. Naquela época, o vírus circulava em 125 países. Atualmente, circula somente no Afeganistão e no Paquistão. A incidência global de casos caiu em mais de 99%.

Há três tipos de poliovírus selvagem. O tipo 2 foi declarado erradicado pela OMS em 2015, enquanto o tipo 3, em 2019. Falta apenas o tipo 1 ser eliminado. A poliomielite afeta principalmente menores de cinco anos e é incurável. Porém, pode ser prevenida com vacinas efetivas e seguras.

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No Brasil, o último caso da doença foi registrado em 1989, no município de Sousa (PB). Isso se deve às campanhas nacionais de vacinação, que tiveram início em 1980. Mas, se o país está livre da doença há mais de 30 anos, existe a necessidade de continuar com as campanhas por aqui? Sim, para que ela não volte, a exemplo do que aconteceu com o sarampo. Nosso país perdeu o certificado de erradicação do sarampo em 2018, apenas dois anos após conquistá-lo. Enquanto o vírus da pólio existir, continuará sendo uma ameaça.

As crianças brasileiras devem tomar gratuitamente nas unidades básicas de saúde a vacina de vírus inativado (VIP), injetável, aos 2, 4 e 6 meses, além do reforço aos 15 meses e aos 4 anos com a vacina oral (VOP), a famosa “gotinha”. Nas campanhas para crianças menores de 5 anos de idade, são disponibilizadas a VIP, para a imunização de crianças de até 1 ano de idade, e a VOP, para a vacinação de todas aquelas que já tenham recebido as doses da VIP do esquema vacinal.

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A meta é proteger anualmente 95% das crianças menores de 5 anos de idade em todo o país. Porém, o Brasil enfrenta coberturas vacinais heterogêneas desde 2016, devido às suas dimensões continentais, o que representa um risco para a reintrodução da doença. Em 2020, mesmo com a pandemia de Covid-19, a vacinação de rotina não pode ser interrompida! É fundamental que pais e responsáveis cumpram com o seu dever.

Há 40 anos, o mundo foi declarado livre da varíola, a primeira doença infecciosa completamente erradicada. A eliminação do vírus selvagem da pólio na África é prova de que ela pode ser a segunda. Falta muito pouco! Não podemos nos descuidar e colocar a perder o incansável trabalho de décadas.

* Leonardo Weissmann é médico infectologista e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). É membro do Rotary Club de São Paulo-Aeroporto (Distrito 4420) e trabalha como voluntário pela erradicação da pólio

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